terça-feira, 24 de julho de 2018

O Caminho da Beleza 36 - XVII Domingo do Tempo Comum


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XVII Domingo do Tempo Comum              29.07.2018
2 Rs 4, 42-44                     Ef 4, 1-6                   Jo 6, 1-15


ESCUTAR

“Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’” (2 Rs 4, 43).

Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados (Ef 4, 4).

Jesus tomou os pães, deu graças e distribui-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam (Jo 6, 11).


MEDITAR

Eu te proclamo grande, admirável,
Não porque fizeste o sol para presidir o dia
E as estrelas para presidirem a noite;
Não porque fizeste a terra e tudo que se contém nela,
Frutos do campo, flores, cinemas e locomotivas;
Não porque fizeste o mar e tudo que se contém nele,
Seus animais, suas plantas, seus submarinos, suas sereias:
Eu te proclamo grande e admirável eternamente
Porque te fazes minúsculo na eucaristia,
Tanto assim que qualquer um, mesmo frágil, te contém.

(Murilo Mendes, 1901-1975, Brasil)


ORAR

            A fome do homem é física. Deus se preocupa com esta fome: “Abre sua mão, Senhor, e sacia a fome de todos os viventes” (Salmo responsorial). O profeta Eliseu se preocupa com a fome do povo. Cristo sacia a multidão. O cristão não pode ficar indiferente ao grito físico dos pobres: “Os pobres comerão e ficarão saciados” (Sl 22, 27). É escandaloso que na mesa do mundo os melhores lugares e comidas consumidas a alto preço pertençam aos próprios povos assim chamados cristãos enquanto que Lázaro, relegado à porta da sala, é ignorado ou bajulado com migalhas. A fome do homem é também interior. O tema da saciedade é tipicamente messiânico e é reafirmado tanto no milagre de Eliseu como em João. A narração da multiplicação dos pães, como se é dito, é construída sob a filigrana da ceia eucarística. “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Dt 8, 3). “Venham a mim, vós todos que se sentem fatigados e cansados e eu vos darei repouso”. Empenho social e empenho espiritual não devem estar separados, sob pena da alienação ou da simplificação da religião. Uma unidade na fé sem uma unidade no amor é ilusória. Cristo não é o imperador ou estadista que a multidão sonha (Jo 6, 14-15) mas não é tampouco um místico separado do mundo. A fome do homem é feita ainda de paz e de unidade. À saciedade descrita na I e II leitura se pode aproximar o esplêndido hino à unidade do Corpo de Cristo que Paulo tece na carta aos Efésios. Como conclusão desta reflexão sobre a saciedade física e espiritual que o Cristo oferece ao mundo, podemos por a advertência sugestiva de Bonhoeffer: “Nós cristãos não poderemos jamais pronunciar a última palavra da fé se primeiro não tivermos pronunciado a penúltima palavra da justiça...”.

(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)


CONTEMPLAR

Esperança, 2009-16, Projeto Crianças de Jacodu, Romênia, R. James Feaver, Reino Unido, acessado em website.rjamesfeaver.co.uk.





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