A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XVIII Domingo do Tempo Comum 05.08.2018
Ex 16, 2-4.12-15 Ef 4, 17.20-24 Jo 6, 24-35
ESCUTAR
“Por que nos trouxestes a este deserto para matar de fome a
toda esta gente? (Ex 16, 3).
Despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das
paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade (Ef 4,
22-23).
“Estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque
comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6, 26).
MEDITAR
Se os cristãos se decidissem, milhões e milhões de vozes se
somariam neste mundo ao grito de um punhado de solitários que, sem fé nem lei,
gritam hoje por todas as partes e sem cessar, em favor das crianças e das
pessoas que sofrem. Mas, os cristãos se evadem na esperança.
(Albert Camus, 1913-1960, Argélia)
ORAR
Os famintos
– que espécie de gente é essa então? Um faminto é manifestamente um homem que
precisa do essencial, não de qualquer objeto apenas agradável e belo e que, a
rigor poderia ser dispensado, mas do essencial, do qual ele não pode
privar-se... O essencial pode ser um pedaço de pão e um prato de sopa. Suponho
que vocês todos tenham visto fotografias de mulheres e de crianças famintas,
nas Índias, na Argélia ou na Sicília. Talvez um ou outro de vocês já tenha sido
faminto até este ponto. Mas penso que no momento o problema de vocês não está
aí. O essencial que pode fazer falta a um homem pode ser simplesmente uma vida
que lhe parece digna de ser vivida. O que ele vê é uma vida estragada, vã e
corrompida. Ele tem fome. O essencial que lhe falta pode ser também um pouco de
alegria. Olha ao seu redor e não encontra nada, absolutamente nada, que o possa
alegrar realmente. Por isso ele está faminto. O essencial talvez seja uma
verdadeira afeição que alguém experimentasse por ele. Mas ninguém pode amá-lo.
Nesse ponto ele tem fome. E se o essencial que lhe faz falta for uma boa
consciência? Quem não gostaria e não deveria ter boa consciência? Pois bem! Só
pode estar faminto. A carência essencial poderia ser a certeza ao menos de uma
só coisa. Mas ele tem em si apenas incertezas, o desespero o ameaça. É assim
que ele tem fome. Então o essencial para ele é um esclarecimento a respeito de
Deus. Mas o que aprendeu até aí não lhe disse nada, não tinha o que fazer, não
queria nada. E agora, é justamente dessa coisa essencial que ele tem fome.
(Karl Barth, 1886-1968, Suíça)
CONTEMPLAR
Trabalhadores de Carvão, 2009 (?), Ricardo Funari, do Álbum Formas Modernas
da Escravidão no Brasil, Flickr, Brasil.