quinta-feira, 18 de maio de 2017

O Caminho da Beleza 26 - VI Domingo da Páscoa

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

VI Domingo da Páscoa             21.05.2017
At 8, 5-8-8.14-17              1 Pd 3, 15-18                      Jo 14, 15-21


ESCUTAR

Era grande a alegria naquela cidade (At 8, 8).

Estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir (1 Pd 3, 15).

“Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14, 21).


MEDITAR

Há em mim um poço muito profundo. E nesse poço, há Deus. Às vezes eu consigo atingi-lo. Mas muitas vezes, as pedras e os entulhos obstruem este poço e Deus é enterrado. Então é preciso desenterrá-lo, torná-lo visível. Há pessoas, suponho, que oram com os olhos levantados para o céu. Estas procuram Deus fora delas. Há outras que baixam a cabeça e a cobrem com as mãos, penso que estas buscam Deus em si-mesmas.

(Etty Hillesum, holandesa, 29 anos, morta em Auschwitz em 1943).


ORAR

Jesus nos deixa uma possibilidade: “Se me amais, guardareis meus mandamentos”; e não uma ordem: “se sois obedientes não seguirão para o inferno”. O amor é a única maneira de viver o Cristo e qualquer outro comportamento, ainda que seja irrepreensível, se não for amoroso, não é cristão. A Igreja é a igreja de Jesus não quando é o lugar da obediência, da disciplina, da perfeita organização funcional, do dogmatismo, mas quando é a Igreja do amor e da misericórdia. Jesus, antes de partir, não distribui nenhum diploma e muito menos um certificado de autenticidade cristã. Nossos atos são autenticados por Jesus se estão escritos na língua do amor. Pelo dom do Espírito, o outro Defensor, o Cristo e o Pai estarão presentes no meio de nós: “Não vos deixarei órfãos”. O homem é o lugar onde irrompe o universo celeste, o lugar onde habita algum Outro. Não somos e nem estamos órfãos, pois somos filhos conduzidos pelo Espírito do Pai. A pedagogia do Cristo consiste em impedir que nos contentemos com pouco. Somos tentados a parar e dizer: “Está bom. Basta”. O Cristo nos oferece continuamente algo maior e mais além do que o “Basta!”. O santuário que devemos frequentar está dentro da gente e é imperativo romper o medo de chegar ao centro de nós mesmos. A Igreja da interioridade não é intimista, isolada, fechada sobre si mesma, mas uma comunidade de amor e de liberdade expressas na ternura e lealdade entre todos de dar razão da sua esperança e generosidade. A esperança existe quando é convincente o amor que manifestamos em atos concretos. Somos o que praticamos, pois a prática do amor aniquila a ambiguidade das palavras. Jesus vai ao fundo das coisas. Não fica nas aparências. Olha as pessoas como o Pai as olha. Sabe seus sonhos, seus medos, seus sofrimentos e aspirações. É vital superarmos a educação religiosa baseada no medo e no pecado e nos limites traumatizantes. Basta de reduzirmos a espiritualidade a uma religião em que procuramos Deus para dele obter o que nos deve e para nos acomodar. Basta de abusar de Deus como objeto de consumo e usá-Lo em vão e a nosso bel prazer. Meditemos as palavras de Francisco: “Excluímos da Igreja a categoria da ternura. Vizinhança e ternura são as duas maneiras do amor do Senhor. Elas nos fazem ver a força do amor de Deus.  Não se salva por decreto ou com uma lei: salva-se com ternura”.


CONTEMPLAR

Vila de Maadid, 2002, Erfoud, Marrocos, Bruno Barbey (1941-), Magnum Photos, França e Suíça.



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