Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
V Domingo da Páscoa 14.05.2017
At 6, 1-7 1 Pd 2, 4-9 Jo
14, 1-2
ESCUTAR
A
palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em
Jerusalém (At 6, 7).
“A
pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular, pedra de
tropeço e rocha que faz cair” (1 Pd 2, 7).
“Eu
sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6).
MEDITAR
Eu
me prosterno, meu Deus, diante de vossa Presença no Universo agora ardente e,
sob as aparências de tudo o que eu encontrar, e de tudo o que me acontecer, e
de tudo o que eu realizar neste dia, eu vos desejo e vos espero...Sem hesitar,
desde logo, estenderei a mão para o pão que vós me apresentais... Senhor Jesus,
eu aceito ser possuído por Vós e levado pela inexprimível potência de Vosso
Corpo, ao qual estarei ligado, para as solidões aonde, sozinho, eu jamais teria
ousado subir... Que esta Comunhão do pão com o Cristo revestido das potências
que dilatam o Mundo me liberte da minha timidez e da minha indolência. Aquele
que amar apaixonadamente a Jesus escondido nas forças que fazem crescer a
Terra, a Terra naturalmente, o erguerá em seus braços gigantes e o fará
contemplar o rosto de Deus.
(Teilhard
de Chardin, séc XX, Cristianismo)
ORAR
O Cristo se apresenta como um Caminho que nos
conduz à Vida. Este caminho é mediado pela Verdade como condição primeira desta
travessia. Sem verdade não há caminho a ser construído e muito menos vida.
Tomé, precisa, como nós, de indicações geográficas precisas: “Como podemos
conhecer o caminho?”. Felipe deseja uma visão luminosa e definitiva para
resolver os problemas: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”. Falta a
eles, como a nós, um olhar iluminado pela fé que nos permita perceber o
caminho. Não necessitamos de visões, mas uma fé capaz de revelar a todos coisas
maravilhosas: “Quem acredita em mim fará as obras que eu faço e fará ainda maiores
do que essas”. O pedido de Felipe é o mesmo pedido que levamos dentro de nós e
que tem o peso das perguntas brotam da experiência dos limites próprios da
vida. Convivemos com o peso das perguntas sobre Deus. O cristianismo nos revela
que encontramos Deus sempre que nos relacionamos com a bondade humana levada ao
extremo. Sem uma motivação última, que transcende o humano, jamais tocaremos os
horizontes últimos do Ser que nos remetem para um além de nós mesmos. A
comunidade cristã é gerada da Palavra de Deus, alimentada pelo amor operoso aos
irmãos, notadamente, os mais frágeis. Para os primeiros cristãos, o
cristianismo não era uma religião, mas uma forma de viver. O seu desafio não
era viver dentro de uma instituição religiosa, mas aprender juntos a viver como
Jesus. Jesus não nos mostrou uma estrada a ser percorrida com todos os sinais a
serem respeitados e nem nos entregou um tratado das verdades que devemos crer.
Ao se apresentar como Caminho, Verdade e Vida nos faz saber da exigência de uma
adesão pessoal. A verdade se encarna numa decisão real que nos torna sempre
mais unidos a Deus e entre nós. Seremos caminho para os outros ao abrirmos
novos horizontes. É o caminho que conduz e a verdade é quem confirma a vida que
se entrega. O caminho não é sozinho, a
verdade a ser construída está sempre a caminho e a vida não vale a pena ser
vivida se não for uma ponte que nos leva aos outros.
CONTEMPLAR
Ovelhas numa plantação de melão, 1995, Firebaugh,
Califórnia, Matt Black (1970-), Magnum Photos, Santa Maria, Califórnia, Estados
Unidos.
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