Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
VIII
Domingo do Tempo Comum 26.02.2017
Is 49,
14-15 1 Cor 4, 1-5 Mt 6, 24-34
ESCUTAR
Acaso pode a mulher esquecer-se do filho
pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer,
eu, porém, não me esquecerei de ti (Is 49, 15).
Aguardai que o Senhor venha. Ele iluminará o que
estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações (1 Cor 4,
5).
“Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o
dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus problemas” (Mt
6, 34).
MEDITAR
O homem jovem come a carne, o homem maduro come
o coração (Provérbio Massango, Gabão,
África).
ORAR
Na liturgia deste domingo são oferecidas
três imagens de Deus (mãe, pai e juiz) e uma grande dúvida: “O Senhor
abandonou-me, o Senhor se esqueceu de mim”. A resposta é imediata: uma mãe não
esquece jamais do seu filho, pois a memória materna é expressa pela comoção, no
sobressalto das entranhas, e sempre leva, ainda que adulto e distante, o seu
filho no seio e no coração. O Senhor empenha a sua palavra: “Se ela se
esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti”. Somos nós que nos separamos de
Deus, pois estamos tão preocupados com nossa estabilidade material que temos dificuldade
em nos abandonar à Providência Divina. Servimos mais ao dinheiro do que a Deus
e Mamon tem vencido no mundo por meio
da nossa idolatria e falsa segurança. Os filhos de Mamon se contentam com os pingos de água benta que são jogados em
seus estabelecimentos, criados para a acumulação, e apaziguam as consciências
com um cheque oferecido aos que pensam abençoá-los em nome de Deus. O dinheiro
se torna um ídolo quando se aninha no coração dos homens e a nossa falta de fé
dificulta, arduamente, compreender a Providência de Deus. Jesus nos convida a
ter a coragem de arriscar, experimentar, confiar, em suma, crer. Jesus utiliza
o verbo douleyein que significa,
literalmente, servir como escravo. Somos desafiados a decidir a quem
serviremos: à gratuidade de Deus ou à ganância do dinheiro. A primeira, leva-nos
ao encontro e ao coração dos outros; a segunda nos conduz à decomposição e à
insensibilidade diante da dor das vítimas de Mamon. O papa Francisco escreveu: “Criamos novos ídolos. A adoração
do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e impiedosa versão no fetichismo
do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem uma meta
verdadeiramente humana”. O dinheiro, com sua ambição desenfreada que nos domina,
“é o esterco do diabo”, como dizia Basílio de Cesareia. Ele divide e coloca
irmão contra irmão, mãe contra filho, filha contra pai e destrói a cada um, sem
exceção. O Senhor nos livre desta maldição!
CONTEMPLAR
S.
Título, anônimo, Indonésia, acessado em Pinterest, 04.01.2017.
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