Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
VII Domingo do Tempo Comum 19.02.2017
Lv 19, 1-2.17-18 1 Cor 3, 16-23 Mt 5, 38-48
ESCUTAR
“Não
tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te
tornares culpado de pecado por causa dele” (Lv 19, 17).
Irmãos,
acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em
vós? (1 Cor 3, 16).
“Eu,
porém, vos digo, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos
perseguem!” (Mt 5, 44).
MEDITAR
Eu
vi meu Senhor com o olho do coração. E perguntei: Quem és Tu? Ele respondeu:
Tu.
(Al-Hallaj,
888-922, Islamismo)
ORAR
Somos igrejas vivas e por esta razão todo gesto
é sagrado; cada passo é o de um templo que se move e somos santuários
itinerantes e romeiros. A sabedoria mundana jamais chegará a roçar a sabedoria
de Deus e só conseguirá alcançá-la pela loucura, que é a vocação específica do
cristão. São Francisco de Assis pregava: “Cristo me chamou idiota e simplório e
me disse: Quero que sejas um novo louco no mundo para que, com obras e
palavras, pregues a loucura da Cruz”. Não podemos continuar a viver a mesmice
de sempre quando somos chamados Templo de Deus e convocados a ser santos como
Deus. O alimento que nos é oferecido pode ser tornar indigesto: “Estas palavras
são duras, quem poderá escutá-las” (Jo 6, 60). A vocação do cristão é para o
extraordinário, para o que vai mais além do possível. Bonhoeffer escreveu:
“Onde não existe o extraordinário não há nada de cristão”. O cristão se faz
visível na sua liberdade de trocar o certo pelo duvidoso. O melhor critério
para verificar o amor cristão não são as manifestações sensíveis dos
sentimentos, mas a solicitude para com o bem do outro. Um serviço humilde ao
necessitado encerra, quase sempre, mais amor que muitas palavras efusivas. Temos
sido forçados a alimentar o consumismo, espiritual e material, como filosofia
de vida e provocado em nós uma espiral insaciável de necessidades artificiais
que esvaziam o espírito da sensibilidade comunitária. Estimulamos o culto ao
dinheiro como o único deus que nos oferece segurança, poder e felicidade. O
cristianismo não é uma forma de auto realização. Jesus não era Narciso. Acolher
o Evangelho pressupõe que renunciemos a nós mesmos e que nossos corações não se
curvem sobre si mesmos. O Evangelho de Jesus Cristo não é concêntrico, mas
excêntrico. O Papa Francisco exorta: “A Igreja ‘em saída’ é uma Igreja com as
portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas
não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes, é melhor
diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou
renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho” (EG 46).
CONTEMPLAR
Menina
lendo a Ebony Magazine, 1947, Wayne Miller (1918-2013), Magnum
Photos, Chicago, Illinois, Estados Unidos.
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