Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
VI Domingo do Tempo Comum 12.02.2017
Eclo 15, 16-21 1 Cor 2, 6-10 Mt 5, 17-37
ESCUTAR
Se
quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu
também viverás (Eclo 15, 16).
“O
que Deus preparou para os que amam é algo que os olhos jamais viram, nem os
ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1 Cor 2, 9).
“Porque
eu vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei
e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5, 20).
MEDITAR
Sem
se deixar abater pela adversidade,
Sem
ansiar pela felicidade:
Livre
do medo e da ira,
Livre
das malhas do desejo.
Eu
o chamo de vidente, e iluminado...
...A
água flui continuamente para o mar,
Mas
o mar jamais se deixa perturbar:
O
desejo flui para a mente do vidente,
Mas
ele jamais se deixa perturbar.
O
vidente conhece a paz:
O
homem que estimula sua própria luxúria
Jamais
poderá conhecer a paz.
Ele
conhece a paz quando esqueceu o desejo.
Ele
vive sem anseios:
Livre
do ego, livre do orgulho.
...Ele
está vivo nessa iluminação:
Brahman
e ele são um.
(Krishna, Hinduísmo)
ORAR
O Evangelho é sempre um chamado à liberdade,
nunca se apresenta como um imperativo, mas como um convite à dinâmica da
bem-aventurança. Sem resignação, a nós é dado o poder de decidir e eleger a
nossa travessia para saltarmos fora da vulgaridade de uma existência sem cor e
sem sabor. Não decidir é ser morno e isso é uma maldição, pois seremos
vomitados por Deus (Ap 3, 16). As palavras de Jesus são como fogo e somos
livres para recusá-las, mas não devemos alimentar ilusões que podemos com elas
negociar, obter descontos, minimizar e dulcificar. Jesus usava palavras duras
para falar de realidades severas. É isso o que o amor faz. O oposto é bajulação
(John Piper, pastor batista). A dinâmica do Evangelho é a de compreender,
colocar as coisas às claras; praticar os mandamentos sem burlá-los e transmiti-los
como são aos outros. Jesus veio dar plenitude à Lei levando-a às últimas
consequências. Ele é radical para que sejam evitadas as deformações do
legalismo e da casuística. Os cristãos são homens da totalidade e não das
minúcias. Jesus denuncia o equívoco do formalismo, pois não Lhe interessa a
observância disciplinar para que tudo esteja conforme às regras: “O sábado foi
feito para o homem” (Mc 2, 27). Jesus chama o pecado de sopro contaminado
porque se aloja no mais íntimo do coração. Nossa entrega aos outros deve ser
total, sem ranhuras ou fissuras. Devemos escolher entre a moral corrente dominante
ou a ética do Cristo: a de uma sabedoria escondida que nos abre aos desígnios
de Deus que nos ama em abundância. Jesus deseja que sejamos plenamente humanos
e para tanto devemos eliminar a cobiça e toda a forma de juramento para que não
comprometamos Deus com testemunhos vacilantes ao dizermos mas não cumprirmos.
Afinal, o Pai não é Aquele que deve suprir a falta de credibilidade enraizada
em nós mesmos, mas Aquele que afirma: “seja o vosso ‘sim’ sim, e o vosso ‘não’
não”.
CONTEMPLAR
S. Título, rio Zanskar
no Himalaia, Olivier Föllmi (1958-), do livro Le Fleuve Gelé, 1990, Saint-Julien-en-
Genevois, França.
Nenhum comentário:
Postar um comentário