XI
Domingo do Tempo Comum 12.06.2016
2
Sm 12, 7-10.13 Gl 2,
16.19-21 Lc 7, 36-8, 3
ESCUTAR
“Por que desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que lhe
desagrada?” (2 Sm 17, 9).
Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim (Gl 2, 20).
“Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” (Lc 7,
47).
MEDITAR
Caim, onde está teu irmão? Muitos de nós, eu me incluo
também, estamos desorientados, não estamos mais atentos ao mundo no qual
vivemos, não sonhamos mais, não cuidamos daquilo que Deus criou para todos e
não somos mais capazes de cuidar uns dos outros (Francisco, Homilia, oito de julho de 2013).
ORAR
Os fariseus desprezavam
Jesus: “Vede que comilão e beberrão, amigo de coletores e pecadores”. Jesus no
seu encontro com a mulher pecadora revela que Deus ama os pecadores, mas ama,
sobretudo, os pecadores estigmatizados pelos homens. A mulher não tem sequer a
necessidade de confessar as próprias culpas porque todos a conhecem, pois,
assíduos em seu leito, usufruíam do seu corpo e destruíam o seu espírito.
Nenhum deles reconheceu que o verdadeiro pecado é a ausência do amor. O
arrependimento é o reconhecimento das próprias limitações face ao código do
amor e o desejo intenso de amar e ser amado. E o perdão nada mais é do que a
experiência da plenitude do amor. O fariseu sabe dos pecados da mulher intrusa,
mas desconhece que não existe nenhuma virtude que possa preencher o vazio do
amor. Ele se contenta em cumprir as regras e manter a ordem exterior. Ele não
aceita o risco de ser despojado das aparências, de descobrir a própria miséria
escondida e de empreender o caminho comprometido do amor fiel. Jesus é
enfático: “Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. O perdão é
ilimitado para os que correm o risco de amar. O perdão é limitado aos que mostram
escassa generosidade; aos que são cegos e amam a luz para brilhar e não para se
deixar comover inteiramente: corpo, alma e espírito. Receber o perdão é se
libertar do peso morto do que passou e nunca mais repetir o vazio interior e a
penitência interminável de se olhar no espelho e contemplar a máscara
transplantada colocada no lugar do rosto. Simão encarna o perfeccionismo
legalista que consiste em cumprir preceitos e acumular méritos. Jesus nos
revela que não amar e nem ser amado é viver mal a dimensão afetiva, pois nada
dar e nem receber é a estagnação do amor e da vida. Não precisar de ninguém e
não ter ninguém que precise de nós conduz à doença. Só nos curamos quando
reencontramos o gosto e o prazer que nos trazem de novo à vida verdadeira de doação
e entrega. Para viver não devemos nos
agarrar, como meros sobreviventes, a nenhum sentimento de censura ou de
condenação. Muitas vezes, os termos “pecado” e “falta” equivalem ao medo de
viver, às obstruções e freios que cultivamos e cometemos para dificultar o
movimento da vida, a perder a coragem e a confiança em nós.
CONTEMPLAR
Freira aguardando por sobrevivente do navio Andrea Doria, Porto da cidade de Nova York, 1956, W. Eugene Smith (1918-1978),
Estados Unidos.
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