segunda-feira, 6 de junho de 2016

O Caminho da Beleza 30 - XI Domingo do Tempo Comum

XI Domingo do Tempo Comum                   12.06.2016
2 Sm 12, 7-10.13               Gl 2, 16.19-21                    Lc 7, 36-8, 3


ESCUTAR

“Por que desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que lhe desagrada?” (2 Sm 17, 9).

Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim (Gl 2, 20).

“Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” (Lc 7, 47).


MEDITAR

Caim, onde está teu irmão? Muitos de nós, eu me incluo também, estamos desorientados, não estamos mais atentos ao mundo no qual vivemos, não sonhamos mais, não cuidamos daquilo que Deus criou para todos e não somos mais capazes de cuidar uns dos outros (Francisco, Homilia, oito de julho de 2013).


ORAR

Os fariseus desprezavam Jesus: “Vede que comilão e beberrão, amigo de coletores e pecadores”. Jesus no seu encontro com a mulher pecadora revela que Deus ama os pecadores, mas ama, sobretudo, os pecadores estigmatizados pelos homens. A mulher não tem sequer a necessidade de confessar as próprias culpas porque todos a conhecem, pois, assíduos em seu leito, usufruíam do seu corpo e destruíam o seu espírito. Nenhum deles reconheceu que o verdadeiro pecado é a ausência do amor. O arrependimento é o reconhecimento das próprias limitações face ao código do amor e o desejo intenso de amar e ser amado. E o perdão nada mais é do que a experiência da plenitude do amor. O fariseu sabe dos pecados da mulher intrusa, mas desconhece que não existe nenhuma virtude que possa preencher o vazio do amor. Ele se contenta em cumprir as regras e manter a ordem exterior. Ele não aceita o risco de ser despojado das aparências, de descobrir a própria miséria escondida e de empreender o caminho comprometido do amor fiel. Jesus é enfático: “Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. O perdão é ilimitado para os que correm o risco de amar. O perdão é limitado aos que mostram escassa generosidade; aos que são cegos e amam a luz para brilhar e não para se deixar comover inteiramente: corpo, alma e espírito. Receber o perdão é se libertar do peso morto do que passou e nunca mais repetir o vazio interior e a penitência interminável de se olhar no espelho e contemplar a máscara transplantada colocada no lugar do rosto. Simão encarna o perfeccionismo legalista que consiste em cumprir preceitos e acumular méritos. Jesus nos revela que não amar e nem ser amado é viver mal a dimensão afetiva, pois nada dar e nem receber é a estagnação do amor e da vida. Não precisar de ninguém e não ter ninguém que precise de nós conduz à doença. Só nos curamos quando reencontramos o gosto e o prazer que nos trazem de novo à vida verdadeira de doação e entrega.  Para viver não devemos nos agarrar, como meros sobreviventes, a nenhum sentimento de censura ou de condenação. Muitas vezes, os termos “pecado” e “falta” equivalem ao medo de viver, às obstruções e freios que cultivamos e cometemos para dificultar o movimento da vida, a perder a coragem e a confiança em nós.


CONTEMPLAR

Freira aguardando por sobrevivente do navio Andrea Doria, Porto da cidade de Nova York, 1956, W. Eugene Smith (1918-1978), Estados Unidos.





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