IX
Domingo do Tempo Comum 29.05.2016
1
Rs 8, 41-43 Gl 1,
1-2.6-10 Lc 7, 1-10
ESCUTAR
“Senhor, pode acontecer que até um estrangeiro que não
pertence a teu povo, Israel, escute falar de teu grande nome, de tua mão
poderosa e do poder de teu braço” (1 Rs 8, 41).
“Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens,
não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10).
“Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha
fé” (Lc 7, 9).
MEDITAR
A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a
dilatação da vida: faz descobrir um grande chamado – a vocação do amor – e assegura
que esse amor é fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu
fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a
nossa fragilidade (Francisco, Lumen Fidei,
53).
ORAR
O infinito do Senhor não pode
ser hospedado, nem aprisionado num espaço finito como uma construção de pedra
ainda que majestosa. Salomão se dá conta de que seu suntuoso Templo pode não
acolher Deus: “Mas, é possível que Deus habite na terra? Se não cabes no céu e
no mais alto do céu, quando menos neste templo que construí!” (1 Rs 8, 27) As
igrejas oferecem uma possibilidade de encontro com Deus e isto só se realizará
se este lugar for, também, o lugar de encontro entre os homens. As igrejas
devem realizar a comunhão com todos, pois não é possível transferir ao templo
as fronteiras que os dividem, as discriminações que fazemos e as exclusões que
decretamos aos que não são como nós. Nas igrejas ninguém deve se sentir
estranho ou privilegiado, pois a comunhão vem da alegria de se orar juntos. Não
é suficiente orar pelos outros, é necessário saber orar com os outros, ou seja,
todos. O evangelista revela que a possibilidade do encontro com Deus nos é
assegurada pela fé. Jesus se assombra e se admira com a fé de um pagão assim
como o Criador se admirou ao contemplar a beleza de sua Criação. Não sabemos se
Deus ficou admirado diante da suntuosidade do templo de Jerusalém edificado
para a sua glória, nem se recebeu o sacrifício de vinte e dois mil bois e cento
e vinte mil ovelhas no dia solene da dedicação do Templo. Jesus se admira com a
fé do estrangeiro, um centurião romano. Uma fé extraordinária e verdadeira. E o
mais sensacional não é a cura do pobre homem, mas o milagre da fé de um pagão.
Paulo reafirma que o evangelho não foi pregado para agradar a todos e nem para
ser manipulado para atender aos desejos pessoais. Um evangelho reduzido às nossas
vontades e gostos é um outro evangelho. Hoje devemos perguntar, com lealdade: onde
está a nossa fé? Na postura submissa dos “anciãos dos judeus” de pedirem a
intercessão de Jesus por estarem agradecidos por um sinagoga construída ou na
humildade ou no desespero de um pagão de pedir auxílio à outra religião? Cristo
é uma realidade para nós, pois a única fresta pela qual passa a luz do
Evangelho é o testemunho da experiência de fé de um cristão ou de um homem de
boa vontade.
CONTEMPLAR
Foto
memorial de um jovem palestino colocada num túmulo de cemitério, Beirute, Líbano, 1982, Chris Steele-Perkins (1947-), Magnum
Photos, Reino Unido.
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