Ascensão do Senhor 08.05.2016
At 1, 1-11 Ef
1, 17-23 Lc 24, 46-53
ESCUTAR
“Recebereis o poder do
Espírito Santo, que descerá sobre vós para serdes minhas testemunhas” (At 1,
8).
Irmãos, o Deus de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de
sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer (Ef 1, 17).
“Eu enviarei sobre vós aquele
que meu Pai prometeu (24, 49).
MEDITAR
Senhor Deus, Uno e Trino,
comunidade estupenda de amor infinito, ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza
do universo, onde tudo nos fala de Vós. Despertai o nosso louvor e a nossa
gratidão por cada ser que criastes. Dai-nos a graça de nos sentirmos
intimamente unidos a tudo o que existe (Francisco, Laudato Si’).
ORAR
A liturgia de hoje nos fala da Ascensão do Senhor aos
céus. E, para Jesus, o céu não é um lugar além das estrelas e nem um espaço.
Como afirma o Papa Bento XVI: “O céu é uma Pessoa, a pessoa em que Deus e o
homem são inseparavelmente unidos para sempre”. Para Jesus, o céu é a
participação plena na vida do Amor e na comunidade daqueles que se amam e se
colocam abertos ao mundo e ao serviço de todos. O envio do Amor abarca todos os
povos da terra até o último dia e isto exige que nos coloquemos de pé e a caminho,
como itinerantes e peregrinos. Nossa Galileia
é o mundo inteiro com todas as suas contradições e nele estaremos sempre como
estrangeiros e atraídos pela aflição dos doentes, dos pobres e dos que são
intoleráveis e proscritos, pois é neles que encontraremos o Cristo
Ressuscitado. O Papa Bento XVI alerta: “Evangelizar quer dizer ensinar a arte
de viver e não atrair, rapidamente, com novos e refinados métodos, as grandes
massas distanciadas da Igreja”. Não devemos nos iludir. O amar cristão não faz
parte da galeria dos amores corteses e cheios de galanteios. O testemunho
verdadeiro do amor cristão nos conduzirá, fatalmente, à proscrição: “Virá a
hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus” (Jo 16,
2). A certeza da Ressurreição não exclui as dúvidas, as incertezas, os embates
e as contradições da nossa travessia. Viveremos num paradoxo: tudo está
cumprido e tudo está por se fazer. Temos os olhos fixos na realidade última e
definitiva, mas caminhamos no provisório e finito. A beleza de ser cristão se
encontra na travessia que deve ser inventada e reinventada a cada dia. Como
dizia Guimarães Rosa: “Viver é rasgar-se e remendar-se!”. Cristão é quem admite
as próprias misérias para experimentar a força que vem do Espírito e, por meio,
de pequenos sinais e gestos de compaixão e fraternidade, manifestar a medida do
Cristo: “uma medida generosa, calcada, sacudida e transbordante” (Lc 6, 38). Podemos
caminhar “cheios de alegria” (Lc 24, 52) e proclamar que a humanidade de Jesus
é de tal modo perfeita que é necessário, agora e sempre, escrever a palavra Deus; e sua divindade é de tal modo real
que é, também preciso escrever, eternamente, a palavra Homem.
CONTEMPLAR
Nuvens trovejantes, Lago Garnet,
3:18 p.m., Parque Nacional Yosemite, Peter Essick (1957-), Estados Unidos.
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