terça-feira, 17 de maio de 2016

O Caminho da Beleza 27 - VIII Domingo do Tempo Comum - Santíssima Trindade

VIII Domingo do Tempo Comum - Santíssima Trindade                22.05.2016
Pr 8,22-31               Rm 5, 1-5                Jo 16, 12-15


ESCUTAR

Assim fala a sabedoria de Deus: “... eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 30-31).

A tribulação gera a constância, a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança (Rom 5, 3-4).

“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora” (Jo 16, 12).


MEDITAR

A esperança é a virtude de quem, fazendo a experiência do conflito, da luta cotidiana entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, crê na Ressurreição do Cristo, na vitória do Amor. Nós compreendemos o canto de Maria, o Magnificat: é o cântico da esperança, o cântico do povo de Deus em marcha na história (Francisco, Homilia, Castel Gandolfo, 15 de maio de 2013).


ORAR

Neste domingo é preciso nos deixar envolver pelo ritmo terno deste dinamismo de amor no qual se concretiza o mistério: 1+1= 3. A reciprocidade entre o Eu do Pai e o Tu do Filho gera o Espírito de liberdade e de amor que nos faz comungar da intimidade entre o Pai e o Filho: “Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu”. A Trindade nos desvela e comunica o ilimitado deste amor gerado, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. A plena revelação da sabedoria de Deus é estar junto aos homens no sofrimento e na doação até o fim para que possamos conhecer e enfrentar “as tramas do mundo”, pois a sabedoria penetra tudo como “um reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e imagem de sua bondade” (Sb 7, 26). O mundo é a morada da Trindade, pois Deus no mundo e o mundo em Deus são a transfiguração do mundo pelo Espírito. Basta a nós sermos dóceis a esta dança trinitária que nos envolve e nos conduz. Basta deixar que ela abra nossos olhos, aponte-nos o caminho a seguir, acompanhe-nos com seus conselhos para que não aconteça de endurecermos a cabeça e o coração, insistindo em caminhar em sentido contrário ao que nos mostra a Trindade (cf Sl 32). Somos chamados à explosão de Vida que emerge desta comunhão pessoal, trinitária e nupcial. A vida na Trindade nos faz conhecer o ódio – a falta de amor – que é o pecado com o Filho; a cegueira – a negação da fé – que é o pecado contra o Espírito; o desespero que é o pecado contra o Pai pela recusa do Infinito e pela escolha de se viver na asfixia do que é finito, limitado e sem horizontes. Paulo nos garante que o Espírito intercede em nosso favor, a todo tempo e a todo instante, pois circulando visceralmente nas nossas veias ama e se entrega à sua comunidade eclesial, como o amado se entrega à sua amada: “Beija-me com os beijos da sua boca” (Ct 1,1). Jamais poderemos esquecer que é no silêncio de sua plenitude amorosa e do seu gozo infinito que o Pai, revelado pelo Filho, escuta o Espírito Santo interceder em nosso favor com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). A dança da Trindade é como o êxtase dos noivos ao se entregarem, em mútua oferenda, para a realização plena de suas núpcias. Neste exato momento, único e intransferível, a vida ordinária se esgota, transformando-se no mistério extraordinário de ser e existir.


CONTEMPLAR

Três Mãos Cantantes, s.d., Raymond Glorie (1918-2015), escultura, Bruxelas, Bélgica.







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