VIII Domingo do Tempo Comum - Santíssima Trindade 22.05.2016
Pr 8,22-31 Rm 5, 1-5 Jo 16, 12-15
ESCUTAR
Assim fala a sabedoria de Deus:
“... eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua
presença, brincando na superfície da terra e alegrando-me em estar com os filhos
dos homens” (Pr 8, 30-31).
A tribulação gera a constância, a
constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em
esperança (Rom 5, 3-4).
“Tenho ainda muitas coisas a
dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora” (Jo 16, 12).
MEDITAR
A esperança é a virtude de quem,
fazendo a experiência do conflito, da luta cotidiana entre a vida e a morte,
entre o bem e o mal, crê na Ressurreição do Cristo, na vitória do Amor. Nós
compreendemos o canto de Maria, o Magnificat: é o cântico da esperança, o
cântico do povo de Deus em marcha na história (Francisco, Homilia, Castel Gandolfo, 15 de maio de 2013).
ORAR
Neste domingo é preciso nos
deixar envolver pelo ritmo terno deste dinamismo de amor no qual se concretiza
o mistério: 1+1= 3. A reciprocidade entre o Eu do Pai e o Tu do Filho gera o Espírito de liberdade e de amor que nos faz comungar da
intimidade entre o Pai e o Filho: “Tudo o que o
Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu”. A Trindade nos desvela e
comunica o ilimitado deste amor gerado, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado”. A plena revelação da sabedoria de Deus é estar junto aos homens no
sofrimento e na doação até o fim para que possamos conhecer e enfrentar “as tramas do mundo”, pois a sabedoria penetra tudo como “um
reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e imagem de sua
bondade” (Sb 7, 26). O mundo é a morada
da Trindade, pois Deus no mundo e o mundo em
Deus são a transfiguração do mundo pelo Espírito. Basta a nós sermos dóceis a esta dança trinitária que nos
envolve e nos conduz. Basta deixar que ela abra nossos olhos, aponte-nos o
caminho a seguir, acompanhe-nos com seus conselhos para que não aconteça de
endurecermos a cabeça e o coração, insistindo em caminhar em sentido contrário
ao que nos mostra a Trindade (cf Sl 32). Somos chamados à explosão de Vida que emerge desta comunhão pessoal, trinitária e nupcial. A vida na
Trindade nos faz conhecer o ódio – a falta de amor –
que é o pecado com o Filho; a
cegueira – a negação da fé – que é o pecado contra o Espírito; o desespero que é o pecado contra o Pai
pela recusa do Infinito e pela escolha de se viver na asfixia do que é finito, limitado e sem
horizontes. Paulo nos
garante que o Espírito intercede em nosso favor, a todo tempo e a
todo instante, pois circulando visceralmente nas nossas veias ama e se
entrega à sua comunidade eclesial, como o amado se entrega à sua amada: “Beija-me com os beijos da sua boca” (Ct 1,1). Jamais poderemos
esquecer que é no silêncio de sua plenitude amorosa e do seu gozo infinito que
o Pai,
revelado pelo Filho, escuta o Espírito Santo “interceder
em nosso favor com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). A dança da Trindade é como o êxtase dos noivos ao se entregarem, em
mútua oferenda, para a realização plena de suas núpcias. Neste exato momento,
único e intransferível, a vida ordinária se esgota, transformando-se no mistério extraordinário de ser e existir.
CONTEMPLAR
Três Mãos Cantantes, s.d., Raymond Glorie (1918-2015), escultura, Bruxelas, Bélgica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário