segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Caminho da Beleza 14 - II Domingo da Quaresma

II Domingo da Quaresma                   21.02.2016
Gn 15, 5-12.17-18             Fl 3, 17- 4,1             Lc 9, 28-36


ESCUTAR

“Olha para o céu e conta as estrelas se fores capaz!” E acrescentou: “Assim será a tua descendência” (Gn 15, 5).

 Há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas (Fl 3, 18-19).

Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante (Lc 9, 29).


MEDITAR

A fragilidade dos tempos em que vivemos é também esta: acreditar que não existe a possibilidade de redenção, alguém que nos dá a mão que nos levanta, um abraço que nos salva, perdoa, anima, que nos inunda de um amor infinito, paciente, indulgente; que nos coloca de novo nos trilhos (Francisco, O nome de Deus é misericórdia, 2016).


ORAR

A liturgia da Palavra nos faz uma tríplice revelação. A primeira, a de que Deus é um Deus fiel que mantém as suas promessas. A segunda, a da divindade de Jesus e do seu mistério Pascal: o Cristo transfigurado será, brevemente, um Cristo desfigurado. A terceira, a revelação do mistério do homem peregrino, cidadão do céu que vive na precariedade do corpo à espera da sua transfiguração num corpo glorioso. A dinâmica da vida cristã se apresenta numa dupla dimensão: provisoriedade e tensão até a morada definitiva. Abrão caminha às escuras e se contenta em olhar um céu estrelado. Para ele, a terra é somente uma promessa garantida pela Palavra de Deus. Desta futura realidade, Abrão não possui sequer uma pequena antecipação para sustentar a sua fé. Suas mãos seguem vazias como vazio está o ventre de Sara. A fé, quando autêntica, atravessa o áspero terreno da prova. Na transfiguração de Cristo, é reafirmado que o discípulo não pode inventar um caminho privado para evitar o confronto do Calvário. A transfiguração passa pela prova de um rosto desfigurado pela angústia e pelo terror, pelo suor e pelo sangue, pelos golpes e pelas cusparadas. A glória passa pela prova do rebaixamento, da perseguição, da condenação, das ofensas e da morte atroz. Quando queremos evitar as exigências ásperas do Cristo, refugiamo-nos num legalismo exacerbado como solução de facilidade. Tornamo-nos guardiões da intolerância em nome Daquele que é Misericórdia. Muitas vezes, evadimo-nos num ascetismo individual de mortificação, muito mais fácil do que a prática do amor e do perdão. Viver em estado de espera é ser nômade como Abrão. Os céus novos que esperamos passam, necessariamente, pela construção de uma terra nova. Os evangelhos não são livros didáticos de uma doutrina acadêmica asséptica e descompromissada sobre Jesus. Os evangelhos são relatos de conversão que nos convidam a mudanças radicais para o seguimento de Jesus.


CONTEMPLAR

Sem Título, 2013, Jerry Uelsmann (1934-), Estados Unidos.






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