O Caminho da Beleza 50
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXXII Domingo do Tempo Comum 08.11.2015
1 Rs 17, 10-16 Hb 9, 24-28 Mc 12, 38-44
ESCUTAR
“‘A
vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá. Até o dia em
que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’” (1 Rs 17, 14).
Mas foi
agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou para
destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9, 26).
Então
chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada
(Mc 12, 42).
MEDITAR
Deus se
apresenta como possibilidade de amor total e nós temos que nos deixar impregnar
no Espírito desse amor total. E esse amor total exige de nós uma entrega
absolutíssima! É uma exigência de Deus, se soubermos ser fiel a essa paixão de
Cristo, que é a paixão de sabê-Lo amá-Lo a esse ponto (Madre Belém).
Ama-se
não na medida em que se possui, mas na medida em que se espera (Gustave Thibon).
ORAR
O
nada que possuímos se converte no todo quando nos despojamos de tudo em oblação
e em oferenda. Tanto as duas moedas quanto o pouco resto de farinha e o fio de
azeite não fizeram nenhum ruído. Jesus revela que a verdadeira história é
escrita por pessoas insignificantes e anônimas, capazes de gestos que não
causam ruídos e nem chamam a atenção. Não podemos parar na superfície das
coisas e dos acontecimentos, nem deixarmo-nos enganar pelo clamor dos gestos
espetaculares e muito menos pelas liturgias chamativas que despertam a catarse
da plateia. Oferecer o que restava da farinha, do azeite e as derradeiras
moedas são ações verdadeiramente grandes que só os pequenos são capazes de realizar.
Eles oferecem tudo e não o supérfluo, pois “de tudo fica um pouco...”. São os gestos
que nos aproximam Daquele que se ofereceu a Si próprio. Jesus acusa os que
estão imersos, como valor absoluto, na vaidade, na hipocrisia e na cobiça. A
vaidade expressa nas pompas das vestimentas, nas reverências e saudações, nas
cadeiras de honra dos banquetes e liturgias. A hipocrisia vinda da devoção
ostentosa, baseada na quantidade e extensão dos pedidos oferecidos em
espetáculo. A cobiça revelada numa falsa religiosidade e na despudorada
exploração dos ingênuos e crédulos. Jesus acusa a deformação profissional dos
que se utilizam da posição religiosa e social para se valorizarem. O discípulo
de Jesus é o que não se dá importância, o que não tem status para defender, com unhas e dentes, e nem um “padrão de vida”
que mais o angustia para manter do que o liberta. A única coisa que “agrega
valor” à vida cristã é que ela está sempre a caminho. São as pessoas simples,
de coração grande e generoso, o melhor que temos em nossas igrejas. São as que
não têm nada, mas que doam tudo! Elas fazem o mundo mais humano, acreditam com
todas as suas forças no Pai da misericórdia. São as que mantêm vivo o Espírito
de Jesus e, finalmente, as que mais se parecem com Ele.
CONTEMPLAR
Dona
Pilar, Canudos, Bahia, 2009, Araquém Alcântara (1951-), foto do livro
“Sertão sem Fim”, Editora Terra Brasil, Brasil, 2009.
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