O Caminho da Beleza 48
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXX Domingo do Tempo Comum 25.10.2015
Jr 31, 7-9 Hb 5, 1-6 Mc 10, 46-52
ESCUTAR
“Salva,
Senhor, teu povo, o resto de Israel” (Jr 31, 7).
Todo
sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas
coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados
(Hb 5, 1).
Então
Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre,
que eu veja!” (Mc 10, 51).
MEDITAR
Não
é a idade o nosso problema. O nosso problema é a senectude e a atrofia da alma,
não importa a idade cronológica. Nosso problema é que, educados em uma
espiritualidade do silêncio e do sucesso, perdemos de vista a espiritualidade
do risco (Joan Chittister, osb).
Aquele
que sai de sua preguiça e de sua esterilidade espiritual para penetrar na ação
interior viva; ele está decidido a ver se realizar o reino de Deus, ele tem a
vontade de fixar sua natureza inconstante na decisão e na perseverança. Eis o
que exprime o Amém (Romano Guardini).
ORAR
Jesus tem predileção pelos que emergem da
multidão e superam todas as barreiras de proteção para estabelecer um contato
direto com Ele. Bartimeu é um provocador, rompe o cerimonial e introduz um
elemento que estava fora do programa. Age como o personagem da canção de Chico
Buarque: “Morreu na contramão atrapalhando o tráfego”. Jesus para ao ouvir o seu
grito e não continua mais o roteiro traçado. O grito do cego tem o poder de
pará-Lo. Jesus diz: “Chamai-o”. Temos que reconhecer que somos nós, homens das
igrejas que criamos barreiras protetoras e filtros seletivos. Ao invés de
transmitir o convite controlamos, como fiscais, os documentos; fixamos as
regras inflexíveis para o encontro que jamais será pessoal, mas burocrático e
cheio de maneirices pré-estabelecidas. Não suportamos o grito que incomoda e
tentamos domesticá-lo para que se torne mais circunspecto. Está na hora de
aprendermos o alfabeto do grito que nos desestabiliza em nossas seguranças e
programações. Decoramos ad nauseam as
perguntas rituais, mas para o grito imprevisível nossas respostas são
ridículas, pois para os gritos não existem respostas pré-fabricadas. Temos que
romper as liturgias do medo e do decoro e, como Jesus, viver ao ar livre,
caminhar o caminho das pessoas comuns, não temer os muitos gritos de socorro
que brotam dos lugares pelos quais passamos e que, muitas vezes, fazemos não
ouvir para que não atrapalhem a trajetória dos nossos passos. Jesus sempre
acolhe os passos clandestinos de quem O busca e clama por sua misericórdia. Não
fomos encarregados para sermos tutores da tranquilidade e da segurança de
Jesus, pois Ele está no meio de nós, disponível para ser incomodado. Francisco
reitera na sua exortação: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de
Jesus Cristo! Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído
pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se
agarrar às próprias seguranças” (EG
49).
CONTEMPLAR
A família do homem cego, 1903,
Pablo Picasso, óleo sobre tela, 37,5 x 27 cm, local desconhecido.
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