quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Caminho da Beleza 46 - XXVIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 46
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


XXVIII Domingo do Tempo Comum                     11.10.2015
Sb 7, 7-11                 Hb 4, 12-13             Mc 10, 17-30


ESCUTAR

“Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria” (Sb 7, 7).

A palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4, 12).

“É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus” (Mc 10, 25).


MEDITAR

O caminho para a fé passa pela obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo, senão o chamado de Jesus ecoa no vácuo, e todo suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus nos chama, transforma-se em falsa onda entusiástica (Dietrich Bonhoeffer).

A única possibilidade humana de converter um rico, consiste em despojá-lo de sua riqueza (Murilo Mendes).


ORAR

O evangelho de hoje nos convida a pensar de uma maneira nova e decisiva a própria vida. Os que muito possuem pensam numa única direção: defender, aumentar, consolidar e perpetuar a situação material em que se encontram. Para estes é quase impossível pensar a sua vida de outra maneira. No entanto, o livro da Sabedoria nos faz saber que “todo ouro é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como lama”. A nossa salvação vem do não se defender, em aceitar ser ferido, dilacerado na nossa autosuficiência pela Palavra que “é mais cortante que qualquer espada de dois gumes”. Mais do que camuflar, é preciso ter a coragem de se colocar a descoberto diante dela. Jesus não ensina o desprezo dos bens terrestres, simplesmente nos adverte do perigo de nos deixarmos aprisionar em seu horizonte sufocante. A riqueza se converte num mal quando fecha o nosso coração numa prisão. Tanto quanto o dinheiro, o saber acumulado e guardado para si próprio se converte num mal quando nos obriga a pensar de uma maneira repetitiva, com os mesmos esquemas mentais e com os mesmos pensamentos sem jamais colocá-los em questão. Jesus critica a confiança cega que um rico deposita em sua riqueza, força e poder. Ele será acometido de uma tristeza mortal ainda que cumpra, no limite, todos os preceitos religiosos. O Cristo nos provoca a deixarmos de ser filhos e filhas na vocação falida da acumulação para que nos tornemos capazes do sinal cristão da alegria e da liberdade. O papa Francisco nos lembra: “Se as coisas, o dinheiro, a mundaneidade se tornam o centro da nossa vida, nos aprisionam, nos possuem, nós perdemos a nossa própria identidade de seres humanos: escutai bem, o rico do Evangelho não tem um nome, ele é simplesmente ‘um rico’” (Homilia, 29.9.2013). Podemos dizer que se Deus fosse capitalista, jamais teria se encarnado, teria fundado uma Sociedade Anônima para abrigar tudo o que é escuso, corrupto e competitivo sob os ares da filantropia, da ética e da moralidade.


CONTEMPLAR


Rico e Pobre, século XVII, autoria desconhecida, óleo sobre tela, in: http://siftingthepast.com/. Clique na imagem para ampliar.



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