O Caminho da Beleza 46
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXVIII Domingo do Tempo Comum 11.10.2015
Sb 7, 7-11 Hb 4, 12-13 Mc
10, 17-30
ESCUTAR
“Orei,
e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria” (Sb
7, 7).
A
palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes (Hb 4, 12).
“É
mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no
reino de Deus” (Mc 10, 25).
MEDITAR
O caminho para a fé passa pela
obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo, senão o chamado de
Jesus ecoa no vácuo, e todo suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus
nos chama, transforma-se em falsa onda entusiástica (Dietrich Bonhoeffer).
A única possibilidade humana de
converter um rico, consiste em despojá-lo de sua riqueza (Murilo Mendes).
ORAR
O evangelho de hoje nos convida a pensar de uma
maneira nova e decisiva a própria vida. Os que muito possuem pensam numa única
direção: defender, aumentar, consolidar e perpetuar a situação material em que
se encontram. Para estes é quase impossível pensar a sua vida de outra maneira.
No entanto, o livro da Sabedoria nos faz saber que “todo ouro é um punhado de
areia e, diante dela, a prata será como lama”. A nossa salvação vem do não se
defender, em aceitar ser ferido, dilacerado na nossa autosuficiência pela
Palavra que “é mais cortante que qualquer espada de dois gumes”. Mais do que
camuflar, é preciso ter a coragem de se colocar a descoberto diante dela. Jesus
não ensina o desprezo dos bens terrestres, simplesmente nos adverte do perigo
de nos deixarmos aprisionar em seu horizonte sufocante. A riqueza se converte num
mal quando fecha o nosso coração numa prisão. Tanto quanto o dinheiro, o saber
acumulado e guardado para si próprio se converte num mal quando nos obriga a
pensar de uma maneira repetitiva, com os mesmos esquemas mentais e com os mesmos
pensamentos sem jamais colocá-los em questão. Jesus critica a confiança cega
que um rico deposita em sua riqueza, força e poder. Ele será acometido de uma
tristeza mortal ainda que cumpra, no limite, todos os preceitos religiosos. O
Cristo nos provoca a deixarmos de ser filhos e filhas na vocação falida da
acumulação para que nos tornemos capazes do sinal cristão da alegria e da
liberdade. O papa Francisco nos lembra: “Se as coisas, o dinheiro, a
mundaneidade se tornam o centro da nossa vida, nos aprisionam, nos possuem, nós
perdemos a nossa própria identidade de seres humanos: escutai bem, o rico do
Evangelho não tem um nome, ele é simplesmente ‘um rico’” (Homilia, 29.9.2013).
Podemos dizer que se Deus fosse capitalista, jamais teria se encarnado, teria
fundado uma Sociedade Anônima para
abrigar tudo o que é escuso, corrupto e competitivo sob os ares da filantropia,
da ética e da moralidade.
CONTEMPLAR
Rico e
Pobre, século XVII, autoria desconhecida, óleo sobre tela, in: http://siftingthepast.com/.
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