segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Caminho da Beleza 45 - XXVII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 45
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XXVII Domingo do Tempo Comum                       04.10.2015
Gn 2, 18-24            Hb 2, 9-11                           Mc 10, 2-16


ESCUTAR

O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele” (Gn 2, 18).

Pois tanto Jesus, o santificador, quanto os santificados são descendentes do mesmo ancestral; por essa razão, ele não se envergonha de os chamar irmãos (Hb 2, 11).

“Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu esse mandamento” (Mc 10, 5).


MEDITAR

O amor cresce através do amor. O amor é “divino”, porque vem de Deus e nos une a Deus e, através desse processo unificador, transforma-nos num Nós, que supera nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja “tudo em todos” (Bento XVI).

Então Ele olhou para mim, o meio-dia de Seus olhos estava sobre mim, e disse: “Tens muitos amantes e todavia só Eu te amo. Os outros homens amam a si mesmos em tua intimidade. Eu amo-te por ti mesma. Outros homens veem em ti a beleza que desvanecerá mais cedo que seus próprios anos. Mas Eu vejo em ti a beleza que não desvanecerá... Só Eu amo o que é invisível em ti” (Diálogo entre Jesus e Miriam de Mijdel, Kalil Gibran).

ORAR

O Senhor constata que existe uma única coisa que não é nem bela e nem boa no jardim do Éden: a solidão do homem. Não pode existir verdadeira felicidade quando se está só. Nossa humanidade somente se realiza plenamente e se manifesta completamente em relação com outro ser. A sexualidade, na Bíblia, não está reduzida à reprodução, mas se manifesta na felicidade que brota da relação com o outro. A união não está no acasalamento dos corpos, mas na intimidade do dom entre as pessoas. O primeiro canto de amor da humanidade é a declaração de Adão para Eva: “É osso dos meus ossos e carne da minha carne”. O homem e a mulher portam os átomos que constituem a molécula da divindade que neles existe. A sexualidade é fonte de alegria e de prazer. “O próprio Criador estabeleceu que nesta função de geração os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer e gozá-lo” (Pio XII, discurso de 29.10.1951). O evangelho revela que a poesia amorosa das origens se apagou e em seu lugar surgiram áridas e meticulosas normas jurídicas. Fomos acometidos, nestes séculos, de uma poderosa esclerocardia, uma dureza de coração, que nos tornou cegos para a amplitude dos encontros e da vida. Jesus não pretende salvar o matrimonio em crise, recorrendo a normas jurídicas e nem encontrar soluções tranquilizadoras entre as dobraduras de um código moral. Jesus nos propõe a visão da manhã da Criação: o desígnio do Senhor de felicidade para os homens e mulheres. O recurso à lei é típico da dureza do coração e as vozes que dela brotam são as vetustas vozes da prudência, do cálculo, da astúcia e dos costumes. São vozes que, com seu peso de morte, afogam os gritos e sussurros daquela primeira manhã em que descobrimos que não estamos sós. No tempo de Jesus, o direito ao divórcio estava exclusivamente do lado do homem. Era abominável, diante do Senhor, o marido da divorciada voltar a se casar com ela, pois estava contaminada (Dt 24, 1-4). A questão era de pureza ritual e não de indissolubilidade matrimonial. A pergunta dos fariseus era sobre a desigualdade de direitos entre o homem e a mulher, uma vez que, para eles e para a cultura da época, os privilégios dos homens eram ilimitados. Jesus não tolera isto e argumenta pela igualdade dos direitos ao enfatizar o desígnio original de Deus: O homem e a mulher “não são dois, mas uma só carne”. Ele se fundem numa unidade e numa perfeita igualdade em dignidade e direitos.


CONTEMPLAR


Adão e Eva com a flor, 1910, Vladimir Baranoff-Rossiné (1888-1944), óleo sobre tela, 50 x 75 cm, Coleção de Arte de Hannover, Alemanha. Clicar na imagem para ampliar.



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