O
Caminho da Beleza 28
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
X
Domingo do Tempo Comum 07.06.2015
Gn 3,
9-15 2 Cor 4, 13-5, 1 Mc 3, 20-35
ESCUTAR
“A
mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu o fruto da árvore, e
eu comi” (Gn 3, 12).
“Por
isso, não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando, o
nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando dia a dia” (2 Cor 4,
16).
“Os
parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si”
(Mc 3, 21).
MEDITAR
Homens
políticos, homens de Igreja ou cidadãos comuns, estamos sempre repetindo as
mesmas falas, sempre moendo a mesma farinha. Trata-se de falta de fé no
desconhecido, no incognoscível. Não caminhamos em direção ao novo. Repetimos a
mesma ladainha (...). Mas seria isso fé na vida, no sentido de que, de qualquer
forma, ela é sempre risco e exige audácia? Não seria antes uma certeza, uma
segurança que adormece a vida em insignificância e irresponsabilidade?
(Françoise Dolto).
Ser
cristão não é simplesmente se esforçar para imprimir à sua vida um sentido
humanista, social ou mesmo religioso. Somente é cristão o homem que tenta viver
a partir do Cristo a dimensão humana, social e religiosa da sua existência
(Hans Kung).
ORAR
Nossos mecanismos de fuga são revelados. Adão
responde: “A mulher que me deste” e Eva afirma “A serpente me enganou”. Desta
forma, inicia-se o ciclo das culpabilidades que percorrem nossa travessia:
transferências, projeções e uma enxurrada acusatória e impiedosa. Tudo é culpa
de alguém e somos todos vítimas indefesas. A vida é madrasta e por isso cabe a
nós a vitimização das nossas “pessoinhas”, para que nos escondamos por detrás
das culpas dos outros. “Onde estás?” É a indagação simples que devemos aprender
para que possamos nos apresentar na verdade/nudez do nosso ser, sem
subterfúgios e ridículas justificativas. No evangelho, Jesus é apresentado como
desequilibrado, fora de si. E “fora de si” significa dizer que Jesus está fora “deles”,
dos seus modelos, previsões, seguranças e costumes. É necessário construir uma
ética do amor distante da atitude tomada pelos parentes de Jesus: a defesa de
seus próprios interesses, esquemas e rotinas. Muitas vezes não nos dispomos a
“estar fora” das modas, das ideologias, da competição e das vaidades. Desejamos
“estar dentro” do poder, dos negócios, da carreira, dos privilégios, da
popularidade e do espetáculo que está na moda. E, no entanto, a loucura
evangélica deveria ser a enfermidade hereditária, contagiosa da “nova família”
do Cristo: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe”. Loucura das loucuras! A blasfêmia contra o Espírito Santo é a pretensão
de seguir a Cristo “sem perder a cabeça” (Cura d’Ars). É recusar a loucura do
amor, o componente essencial da santidade a que somos chamados. Amar demais é impossível. Cada um recebe o que
precisa e o resto se espalha pelo mundo. O pecado sem perdão é a presunção de
querer mudar o mundo sem ser sinal de contradição e colocando o Espírito sob
liberdade vigiada. Não foram os grandes pecadores que assassinaram Jesus, mas
pessoas medíocres, míopes guardiões dos dogmatismos e intolerâncias. Vivemos
imersos em mundos e igrejas onde existe a rasura da iniquidade, da negação da
verdade e do amor. Mais do que nunca, devemos proclamar que fora da loucura não
há salvação!
CONTEMPLAR
Dom Hélder Câmara,
foto, s.d., autoria desconhecida.
Ótima reflexão!
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