O
Caminho da Beleza 30
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XII Domingo
do Tempo Comum 21.06.2015
Jó 38, 1.8-11 2 Cor 5, 14-17 Mc 4, 35-41
ESCUTAR
“O
Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade” (Jó 38, 1).
“O
mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5, 17).
“Por
que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40).
MEDITAR
O homem
espiritual, por sua presença, por suas proposições, por suas atenções, difunde
uma alegria serena nos que dele se aproximam. O espiritual em uma pessoa é
notado por uma qualidade de alegria; é fácil que os outros não o percebam, que
afastem essa aparente fragilidade ou não lhe deem importância. O homem
espiritual pode suscitar incompreensão, ou até mesmo hostilidade – ele está
engajado em sua própria estrada (Françoise Dolto).
A
angústia é a possibilidade da liberdade. É o medo dessa possibilidade. A
angústia é o puro sentimento da possibilidade. Se houver coragem de ir mais
além, se constatará que a então realidade será muito mais leve do era a
possibilidade. E o grande salto será o mais difícil, será cair nas mãos de
Deus, será a coragem (Soren Kierkegaard).
ORAR
Parece inacreditável: a única vez, no Evangelho, em
que Jesus aparece dormindo, foi numa circunstância em que nunca se poderia fazê-lo
de forma tranquila “sobre um travesseiro”. Seria mais tranquilizadora uma
narrativa em que Jesus convidaria os discípulos a repousar enquanto vela por
eles. Jó martela os céus com suas perguntas na intenção de obrigar Deus a sair
do seu silêncio cruel. E quando Deus rompe o silêncio insuportável, responde
colocando uma série de perguntas que calam a boca de Jó. A lição é dura: Deus
não é um provedor de respostas. Ele exige de nós um abandono na fé e na
confiança. É Deus quem coloca as perguntas. Nosso Deus é um Deus que nos escuta
sempre, mas nem sempre nos responde. A perene tentação é a de enquadrar Deus em
esquemas de pronto socorro para que possamos a Ele recorrer quando
necessitamos. Este Deus a quem agredimos com perguntas intermináveis e, muitas
vezes, acusatórias nos indaga: “Quem sou eu para ti?”. A travessia mais
perigosa para nós é aquela ameaçada pela calma, pelas condições favoráveis,
pelos sinais tranquilizadores. O milagre é que a nossa força está precisamente
na debilidade humana e que as nossas possibilidades acontecem no terreno da fé
e do risco e em nenhum outro. O cristão é aquele que, na fé, troca o certo pelo
duvidoso. Somos chamados a viver, em Cristo, como criaturas novas e libertadas
do medo e da angústia. Manifestamos a nossa coragem na debilidade, na aventura
de dar passos novos e ousados. Seremos criaturas novas no dia em que a fé – e
não o medo – nos mantiver despertos e lúcidos de que quando soubermos todas as
respostas, a vida nos colocará novas perguntas.
CONTEMPLAR
Medo,
Daniel C. Chiriac (1972-), acrílico sobre tela, www.danielchiriac.com, Romenia.
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