segunda-feira, 15 de junho de 2015

O Caminho da Beleza 30 - XII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 30
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XII Domingo do Tempo Comum                 21.06.2015
Jó 38, 1.8-11                      2 Cor 5, 14-17                    Mc 4, 35-41


ESCUTAR

“O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade” (Jó 38, 1).

“O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5, 17).

“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40).


MEDITAR

O homem espiritual, por sua presença, por suas proposições, por suas atenções, difunde uma alegria serena nos que dele se aproximam. O espiritual em uma pessoa é notado por uma qualidade de alegria; é fácil que os outros não o percebam, que afastem essa aparente fragilidade ou não lhe deem importância. O homem espiritual pode suscitar incompreensão, ou até mesmo hostilidade – ele está engajado em sua própria estrada (Françoise Dolto).

A angústia é a possibilidade da liberdade. É o medo dessa possibilidade. A angústia é o puro sentimento da possibilidade. Se houver coragem de ir mais além, se constatará que a então realidade será muito mais leve do era a possibilidade. E o grande salto será o mais difícil, será cair nas mãos de Deus, será a coragem (Soren Kierkegaard).


ORAR

Parece inacreditável: a única vez, no Evangelho, em que Jesus aparece dormindo, foi numa circunstância em que nunca se poderia fazê-lo de forma tranquila “sobre um travesseiro”. Seria mais tranquilizadora uma narrativa em que Jesus convidaria os discípulos a repousar enquanto vela por eles. Jó martela os céus com suas perguntas na intenção de obrigar Deus a sair do seu silêncio cruel. E quando Deus rompe o silêncio insuportável, responde colocando uma série de perguntas que calam a boca de Jó. A lição é dura: Deus não é um provedor de respostas. Ele exige de nós um abandono na fé e na confiança. É Deus quem coloca as perguntas. Nosso Deus é um Deus que nos escuta sempre, mas nem sempre nos responde. A perene tentação é a de enquadrar Deus em esquemas de pronto socorro para que possamos a Ele recorrer quando necessitamos. Este Deus a quem agredimos com perguntas intermináveis e, muitas vezes, acusatórias nos indaga: “Quem sou eu para ti?”. A travessia mais perigosa para nós é aquela ameaçada pela calma, pelas condições favoráveis, pelos sinais tranquilizadores. O milagre é que a nossa força está precisamente na debilidade humana e que as nossas possibilidades acontecem no terreno da fé e do risco e em nenhum outro. O cristão é aquele que, na fé, troca o certo pelo duvidoso. Somos chamados a viver, em Cristo, como criaturas novas e libertadas do medo e da angústia. Manifestamos a nossa coragem na debilidade, na aventura de dar passos novos e ousados. Seremos criaturas novas no dia em que a fé – e não o medo – nos mantiver despertos e lúcidos de que quando soubermos todas as respostas, a vida nos colocará novas perguntas.


CONTEMPLAR


Medo, Daniel C. Chiriac (1972-), acrílico sobre tela, www.danielchiriac.com, Romenia.



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