O
Caminho da Beleza 48
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXIX
Domingo do Tempo Comum 19.10.2014
Is 45,
1.4-6 1 Ts 1, 1-5 Mt 22, 15-21
ESCUTAR
“Eu sou
o Senhor, não existe outro: fora de mim não há Deus” (Is 45, 5).
“Damos
graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações” (1 Ts 1,
2).
“Dize-nos,
pois, o que pensas: é lícito ou não pagar imposto a Cesar?” (Mt 22, 17).
MEDITAR
“A Igreja não existe para si mesma, não é o ponto
de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós. A
Igreja é verdadeiramente o que deve ser, na medida em que deixa transparecer o
Outro – com o ‘O’ grande – do qual provém e para o qual conduz. A Igreja é o
lugar onde Deus ‘chega’ a nós e donde nós ‘partimos’ para Ele” (Bento XVI).
“Ao
se aproximar da sua morte e da sua ressurreição, Jesus se
despojou de muitas coisas. Não fez mais nenhum milagre, não estava mais no
centro da multidão, uma figura cercada por apoiadores e admiradores. Ele se
privou dos seus discípulos que o renegaram e fugiram. Finalmente, ele se
despojou das suas vestes e subiu nu na cruz. Tudo isso abriu o caminho para o
dom inimaginável da Ressurreição” (Timothy Radcliffe).
ORAR
O Senhor confere o título de cristo – ungido – a Ciro,
rei da Pérsia que nem sequer O conhecia. Um não–crente, sem etiquetas
religiosas é chamado para realizar as obras de Deus. Os judeus haviam buscado a
segurança ao estreitar alianças, ao pactuar com os poderosos da vez e esquecer
que a segurança somente está assegurada pela fidelidade ao Senhor. Os pactos
não impediram a ruína, ao contrário, causaram-na. Durante o exílio da Babilônia,
a esperança enfraqueceu, mas graças ao edito de Ciro, em 598 AC, os judeus
puderam voltar à sua terra. O edito de Ciro é mais convincente do que o de
Constantino, recém-convertido, que aprisionou a Igreja ao poder temporal,
tornando-a um império religioso. Jesus escapa da armadilha de seus
interlocutores, deixando-os numa situação embaraçosa, pois não delimita de uma
maneira inequívoca o território espiritual e o temporal. Cristo não dá uma
resposta/receita válida para todo o sempre, mas reafirma a riqueza de uma luz
que existe no nosso interior: a consciência. O seguimento de Jesus não nos
fornece um passaporte eterno e milagroso que resolve, automaticamente, para
sempre, todos os conflitos. Paulo nos exorta a acreditar que a maturidade da fé
vem do enfrentamento dos desafios, sem nada escamotear, apenas contando com a
abundante força do Espírito. No nosso agir, devemos assumir nossa posição com a
atuação da fé, o esforço do amor e a firmeza da esperança em Cristo. Jesus pede
uma moeda, pois vivia como itinerante, sem trabalho e sem morada fixa. Ele não
tinha sequer uma moeda e sua túnica não tinha bolsos. Jesus não afirma que uma
metade da vida, a material e a econômica, pertence à esfera de Cesar e a outra
metade, a espiritual e religiosa, à esfera de Deus. Sua mensagem é clara: se
entrarmos no Reino não podemos consentir que nenhum Cesar imponha sacrifícios ao
que somente a Deus pertence: os famintos do mundo, os proscritos da sociedade,
os vitimados por guerras. Jesus é enfático na sua escolha e o seu Evangelho já a
fez por nós: que nenhum Cesar conte conosco, pois nunca nenhum Cesar contará
com Ele.
CONTEMPLAR
Jesus e o imposto da moeda, c. 1620-30, Giovanni Serodine (c.1594-1630), óleo
sobre tela, 146 cm x 227 cm, Galeria do Museu Nacional da Escócia, Edimburgo,
Escócia.
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