segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Caminho da Beleza 48 - XXIX Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 48
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XXIX Domingo do Tempo Comum             19.10.2014
Is 45, 1.4-6              1 Ts 1, 1-5                Mt 22, 15-21


ESCUTAR

“Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há Deus” (Is 45, 5).

“Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações” (1 Ts 1, 2).

“Dize-nos, pois, o que pensas: é lícito ou não pagar imposto a Cesar?” (Mt 22, 17).


MEDITAR

“A Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós. A Igreja é verdadeiramente o que deve ser, na medida em que deixa transparecer o Outro – com o ‘O’ grande – do qual provém e para o qual conduz. A Igreja é o lugar onde Deus ‘chega’ a nós e donde nós ‘partimos’ para Ele” (Bento XVI).

“Ao se aproximar da sua morte e da sua ressurreição, Jesus se despojou de muitas coisas. Não fez mais nenhum milagre, não estava mais no centro da multidão, uma figura cercada por apoiadores e admiradores. Ele se privou dos seus discípulos que o renegaram e fugiram. Finalmente, ele se despojou das suas vestes e subiu nu na cruz. Tudo isso abriu o caminho para o dom inimaginável da Ressurreição” (Timothy Radcliffe).


ORAR

O Senhor confere o título de cristo – ungido – a Ciro, rei da Pérsia que nem sequer O conhecia. Um não–crente, sem etiquetas religiosas é chamado para realizar as obras de Deus. Os judeus haviam buscado a segurança ao estreitar alianças, ao pactuar com os poderosos da vez e esquecer que a segurança somente está assegurada pela fidelidade ao Senhor. Os pactos não impediram a ruína, ao contrário, causaram-na. Durante o exílio da Babilônia, a esperança enfraqueceu, mas graças ao edito de Ciro, em 598 AC, os judeus puderam voltar à sua terra. O edito de Ciro é mais convincente do que o de Constantino, recém-convertido, que aprisionou a Igreja ao poder temporal, tornando-a um império religioso. Jesus escapa da armadilha de seus interlocutores, deixando-os numa situação embaraçosa, pois não delimita de uma maneira inequívoca o território espiritual e o temporal. Cristo não dá uma resposta/receita válida para todo o sempre, mas reafirma a riqueza de uma luz que existe no nosso interior: a consciência. O seguimento de Jesus não nos fornece um passaporte eterno e milagroso que resolve, automaticamente, para sempre, todos os conflitos. Paulo nos exorta a acreditar que a maturidade da fé vem do enfrentamento dos desafios, sem nada escamotear, apenas contando com a abundante força do Espírito. No nosso agir, devemos assumir nossa posição com a atuação da fé, o esforço do amor e a firmeza da esperança em Cristo. Jesus pede uma moeda, pois vivia como itinerante, sem trabalho e sem morada fixa. Ele não tinha sequer uma moeda e sua túnica não tinha bolsos. Jesus não afirma que uma metade da vida, a material e a econômica, pertence à esfera de Cesar e a outra metade, a espiritual e religiosa, à esfera de Deus. Sua mensagem é clara: se entrarmos no Reino não podemos consentir que nenhum Cesar imponha sacrifícios ao que somente a Deus pertence: os famintos do mundo, os proscritos da sociedade, os vitimados por guerras. Jesus é enfático na sua escolha e o seu Evangelho já a fez por nós: que nenhum Cesar conte conosco, pois nunca nenhum Cesar contará com Ele.


CONTEMPLAR


Jesus e o imposto da moeda, c. 1620-30, Giovanni Serodine (c.1594-1630), óleo sobre tela, 146 cm x 227 cm, Galeria do Museu Nacional da Escócia, Edimburgo, Escócia.






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