O
Caminho da Beleza 49
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXX Domingo
do Tempo Comum 26.10.2014
Ex 22,
20-26 1 Ts 1, 5-10 Mt 22, 34-40
ESCUTAR
“Não
oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do
Egito” (Ex 22, 20).
“E vós
vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria
do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1 Ts 1, 6).
“Mestre,
qual é o maior mandamento da lei?” (Mt 22, 36).
MEDITAR
“Quando
o mundo, ao contemplar a Igreja de Cristo, exclamar como nos primórdios da
cristandade: ‘Vejam o quanto se amam!’, os cristãos olharão única e fixamente para
aquele ao qual pertencem e, desconhecedores do bem que fazem, pedirão perdão
por seus pecados” (Dietrich Bonhoeffer).
“A
coisa mais importante do mundo é a possibilidade de ser-com-o-outro, na calma,
cálida e intensa mutualidade do amor. O Outro é o que importa, antes e acima de
tudo. Por mediação dele, na medida em que recebo sua graça, conquisto para mim
a graça de existir. É esta a fonte da verdadeira generosidade e do autêntico
entusiasmo – Deus comigo. O amor ao Outro me leva à intuição do todo e me
compele à luta pela justiça e pela transformação do mundo” (Hélio Pellegrino).
ORAR
Jesus tinha um método estranho para fazer as
operações: quando tinha que multiplicar, dividia (como fez com os pães); para
obter maior resultado propunha o abandonar, cortar, perder. O judaísmo tinha
613 preceitos dos quais 365 começavam com “não” e 248 com um imperativo
“deves”. Jesus não se perde neste emaranhado selvagem de prescrições e
casuísmos. Ao ser provocado pelo doutor da Lei, resume tudo em dois mandamentos
que têm um só fundamento: o Amor. Temos um certo descaso pelo que é essencial
até porque preferimos a complexidade, as complicações e a quantidade de
preceitos, pois nos ajudam a nos evadir do necessário. Temos medo deste recorte
feito por Jesus que nos permite descobrir dois rostos: o do irmão e o do Pai.
Jesus está impaciente porque deseja que sejamos capazes de ver alguma coisa e
descobrir alguém. Jesus revela que todas as práticas, observâncias e tributos
religiosos sem o mandamento principal do amor estão privados de sentido e valor.
O mandamento do amor é o primeiro, não porque está no topo da lista, mas porque
está no centro, no coração, pois é no coração que todos devem se referenciar e
se medir. O amor é a medida da fé. Temos a pretensão de separar o amor de Deus
do amor ao próximo. Reduzimos o nosso agir à frequência dos sacramentos e
esquecemos de que ele deve ser calcado na luta pela justiça e contra a
discriminação e a intolerância de todos os tipos. Jesus arranca os códigos
morais religiosos de nossas mãos e nos obriga a descobrir um rosto, vários
rostos. O essencial não está escrito nas páginas de um livro, pois o essencial
sempre tem um rosto. Jesus nos faz saber que não existe nenhum espaço sagrado
em que possamos nos encontrar somente com Deus e ficar de costas para os
outros. Um amor a Deus que esquece seus filhos e filhas é uma grande mentira.
CONTEMPLAR
O coração pleno do amor, 2010, Patrice Delaby
(1953-), óleo sobre tela, Pas-de-Calais, França.
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