O Caminho da Beleza 03
Leituras para a travessia da vida
“O
conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos:
conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma
‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que
atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
III Domingo do Advento 15.12.2013
Is 35, 1-6.10 Tg 5, 7-10 Mt 11, 2-11
ESCUTAR
“Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados.
Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso
Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos
salvar’” (Is 35, 4).
“Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda
do Senhor está próxima” (Tg 5, 8).
“O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que
fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas
estão nos palácios dos reis” (Mt 11, 7-8).
MEDITAR
“Nunca nos poderemos aproximar do mistério se não tivermos a lúdica
liberdade dos filhos de Deus, se não fizermos experiências e errarmos e
avançarmos às apalpadelas para a verdade (...) os cristãos deveriam ser aqueles
que continuam a levantar questões, quando todos os outros pararam de o fazer”
(Timothy Radcliffe).
“Senhor, eu te agradeço porque não sou uma engrenagem do poder. Eu te
agradeço porque sou um daqueles que o poder esmaga” (Rabindranath Tagore).
ORAR
As leituras de hoje convidam à paciência para
fortalecer as mãos enfraquecidas e firmar os joelhos debilitados. Devemos
permanecer firmes e com nossos corações reanimados. A paciência cristã é uma
força ativa e nada tem a ver com a inércia, a indiferença e com uma postura
derrotista. A paciência verdadeira nos coloca em pé e nos faz defender as
convicções que moldam e determinam as vidas. O lavrador é paciente depois de
haver trabalhado como era preciso e pode esperar o fruto após ter semeado. O
cristão e os de boa vontade são pessoas talhadas na paciência: não se rendem e
nem se dão por vencidos mesmo quando derrotados. Vivem as contradições e para
eles nada é definitivo, pois aprendem a viver na provisoriedade das coisas. O Cristo
nos ensina, paradoxalmente, que para ter paciência é necessário ter fogo
dentro, um fogo permanente e não uma chama que dura um instante. O deserto
floresce na paciência e cada um de nós é fruto da paciência de Deus. No Natal,
Deus decide viver esta paciência amorosa de uma maneira mais próxima e mais
impaciente. Ele quer se tornar companheiro de viagem e nesta viagem deseja que
deixemos de ser mancos, de arrastar pesadamente os pés para que saltemos como
um cervo. Quer que rompamos o selo de nossa boca para que desatada a língua,
possamos gritar palavras de amor e liberdade. Os sinais estão nas entranhas da
misericórdia dos que exercem a compaixão e a solidariedade. Para isto é
necessário que abandonemos o palácio do rei e suas suntuosas vestes. Como afirma
o Papa Francisco: “A cultura do bem estar, que nos leva a pensar em nós mesmos,
nos faz insensíveis ao grito dos outros; nos faz viver em bolhas de sabão que
são bonitas, mas não são nada. São a ilusão do fútil, do provisório que conduz
à indiferença com os outros, ou melhor, leva a uma globalização da
indiferença”. Se ainda tivermos dúvidas quanto a isto, é o momento de nos
apresentarmos diante do Cristo, na fila dos surdos e dos cegos para que nos
cure. É preciso, mais do que nunca, que perguntemos aos surdos e escutemos a
explicação dos mudos.
CONTEMPLAR
A decapitação de São João, o Batista, Pierre-Cécile Puvis de
Chavannes, c. 1869, óleo sobre tela,
240 x 316 cm, National Gallery, Londres, Reino Unido.
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