O Caminho da Beleza 33
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XIV Domingo do Tempo Comum 07.07.2013
Is 66, 10-14 Gl 6, 14-18 Lc 10, 1-12
ESCUTAR
“Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os
joelhos. Como uma mãe que acaricia o filho, assim eu vos consolarei; e sereis
consolados em Jerusalém” (Is 66, 12-13).
“Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão têm valor; o que conta é a
criação nova” (Gl 6, 15).
“O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a
dois na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir” (Lc 10,
1).
MEDITAR
“Vocatus atque non vocatus, Deus
aderit [Chamado ou não chamado, Deus estará presente] (Frase na porta de
entrada da casa de Carl Jung).
“Há espaço para tudo numa
única vida. Para acreditar em Deus e para um fim miserável... é uma questão de
se viver a vida de minuto a minuto, acolhendo, além disso, o sofrimento” (Etty Hillesum, Diários 1941-42).
ORAR
Não há vocação sem
missão, pois a vocação está em razão da missão: aquele que é chamado é sempre enviado.
A missão diz respeito a todos e não somente a alguns especialistas: toda a
comunidade eclesial é missionária e todos os batizados são responsáveis pelo
anúncio da Boa Nova. Neste anúncio existe uma palavra de alegria e de paz e no
outro extremo está a Cruz de Cristo. Os que sofrem recebem as consolações
maternais de Deus. A participação no mistério pascal evita que o cristão ceda
ao triunfalismo ou ao desânimo diante dos fracassos. A fecundidade da Palavra
não se verifica nem pelo êxito nem pelo fracasso, mas por germinar e crescer no
terreno árido do Calvário. Em sua primeira homilia como papa, criticando as
benesses e o carreirismo na Igreja, Francisco nos adverte: “Quando
caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando confessamos um
Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos Bispos,
Padres, Cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor” (14.03.2013). A
fonte da missão está na oração e não num projeto humano, pois a missão é graça
e dom e nenhum apóstolo é forjado em laboratórios especializados. O vínculo
pessoal com o Cristo é vital, pois sem a oração a missão se converte em
profissão. O teólogo Urs von Balthasar escrevia: “Uma coisa é certa: ninguém
pode se entregar ao amor de Deus por decepção de um amor humano. Não se pode,
por não se amar ninguém e nem a nada, acreditar que se ama a Deus”. A missão
está sob o signo da fraqueza, da mansidão e de uma entrega sem reservas e sem
pretensões. A única força do cristão é uma palavra que pode ser recusada,
burlada e hostilizada e se ela não estiver penetrada pelo amor de Cristo, a
missão se transforma em conquista. A missão é marcada pela pobreza e pela
gentileza: “Não deixeis de saudar ninguém pelo caminho”. O apóstolo sabe que o
evangelho não passa por meio das reverências sociais, sorrisos formais e
discursos de circunstâncias. É preciso sacudir o pó dos aplausos, dos
entusiasmos emotivos, das adesões de conveniência para que surja a essência do
Evangelho. Se a missão não assume este estilo de pobreza se transforma em
empresa, propaganda e espetáculo. Nestes tempos ardilosos de sucesso e eficácia,
não devemos nos preocupar com o êxito da nossa missão, pois Jesus nos preveniu
que o sucesso não está incluído nela: “Sereis expulsos da sinagoga. Chegará um
tempo quando quem vos matar pensará oferecer um culto a Deus” (Jo 16, 2).
CONTEMPLAR
Os frutos, Patrice Delaby, 2012,
óleo sobre tela, Pas-de-Calais, França.
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