O Caminho da Beleza 35
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XVI Domingo do Tempo Comum 21.07.2013
Gn 18, 1-10 Cl 1, 24-28 Lc 10, 38-42
ESCUTAR
“Voltarei, sem falta, no ano
que vem, por este tempo, e Sara, tua mulher, já terá um filho” (Gn 18, 10).
“Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar na minha
própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu
corpo, isto é, a Igreja” (Cl 1, 24).
“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas.
Porém uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe
será tirada” (Lc 10, 41).
MEDITAR
“Muitos homens religiosos, à força de observâncias e renúncias, se
tornam duros de coração. Porque se tratam de observâncias e renúncias que
apontam justamente ao coração. E em lugar de fazê-lo bondoso, o endurecem, o
secam e o fazem indiferente ao que passa na vida” (José M. Castillo).
“Mesmo nos momentos mais trágicos, o cristão não tem
outro direito senão o de criar alegria. Dele é exigida permanentemente a arte
de transfigurar as horas mortas, as ações medíocres, a monotonia cotidiana. Seu
dever é resgatar toda a sua participação na náusea do mundo” (Emmanuel
Mounier).
ORAR
A hospitalidade é um dos sinais de fidelidade ao
mandamento do amor sem fronteiras. Aquele-que-chega é sempre uma presença
misteriosa e pode mudar, radicalmente, a nossa vida. A hospitalidade verdadeira
é sempre acompanhada com frutos de fecundidade, basta escutarmos o que o
hóspede tem a nos dizer. A hospitalidade cristã tem sua expressão mais no mistério
eucarístico: os que recebem o pão divino descobrem que, na realidade, são recebidos
pela Trindade amorosa que neles faz a sua morada. A hospitalidade rompe o
anonimato e o isolamento, pois nela somos e existimos para alguém e para uma
comunidade. A palavra de Jesus é dada gratuitamente desde que estejamos
disponíveis para escutá-la e cumpri-la. Escutar a palavra de Jesus é acolher a
mensagem de envio para o serviço ao outro. O evangelista mostra Jesus soberano
na sua liberdade ao abolir a exclusão sócio-religiosa e ser recebido na casa de
duas mulheres. Marta fica atribulada em hospedar o Mestre que sempre chegava
sem aviso prévio e acompanhado de muita gente. Maria, no entanto, transgride
duplamente: primeiro, deixa de lado o papel tradicional da mulher ao não ajudar
a sua irmã na acolhida aos hóspedes; segundo, senta-se aos pés de Jesus, como
os discípulos sentavam-se, nos banquetes, aos pés de seus mestres. O erro de Marta
é um erro de perspectiva. O de não entender que a chegada do Cristo significa, principalmente,
a grande ocasião que não se pode perder e, consequentemente, a necessidade de
sacrificar o importante pelo urgente. Devemos sempre nos perguntar quem está no
centro da casa: o Senhor ou Marta. Ao nos dedicarmos às coisas do Senhor,
esquecemos da acolhida profunda e silenciosa da sua palavra, como fez Marta,
que viu a si mesma. Mestre Eckhart escrevia: “Quanto menos alguém procurar a si
mesmo no ser amado tanto mais o prazer de se unir a ele”. O afã cotidiano deste
mundo pode abafar a escuta e nos fazer sucumbir nas preocupações diárias. E
Jesus alerta: “A cada dia basta a sua preocupação”. A hospitalidade nos conduz
às aragens do sagrado, pois “graças à hospitalidade alguns, sem o saber,
acolheram anjos” (Hb 13, 2). A hospitalidade nos liberta do narcisismo, de
olharmos somente para nós, pois quanto mais temos necessidade de espelhos tanto
mais Deus passa a vida a quebrá-los.
CONTEMPLAR
Santa Trindade (A
Hospitalidade de Abraão), anônimo, ícone de meados do século XVI, escola de
Novgorod, Rússia.
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