O Caminho da Beleza 34
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XV Domingo do Tempo Comum 14.07.2013
Dt 30, 10-14 Cl 1, 15-20 Lc 10, 25-37
ESCUTAR
“Esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu
coração, para que a possas cumprir” (Dt 30, 14).
“Deus quis habitar Nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar
consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo
sangue da sua cruz” (Cl 1, 19-20).
“Vai e faze a mesma coisa!” (Lc 10, 37).
MEDITAR
“Sem Cristo
não conheceríamos Deus, não poderíamos invocá-lo nem vir a ele. Sem Cristo
também não conheceríamos o irmão nem poderíamos encontrá-lo. O caminho está
bloqueado pelo próprio eu. Cristo desobstruiu o caminho que leva a Deus e ao
irmão” (Dietrich Bonhoeffer).
“Isso é a
experiência religiosa: o estupor de encontrar alguém que está nos esperando. A
partir desse momento, para mim, Deus é o que está um passo à frente. Você o
está buscando, mas ele o busca primeiro. Queremos encontrá-lo, mas ele nos
encontra primeiro” (Papa Francisco).
ORAR
Cristo é o revelador do rosto escondido,
inacessível do Senhor e do seu desígnio de amor para a humanidade. Este
desígnio permanece fechado para duas categorias de pessoas: os doutos que se
limitam a um conhecimento intelectual e os justos praticantes que demonstram
sua incapacidade de reconhecer o próximo ao se deparar com ele. O doutor da Lei
é um pedante: pretende discutir, justificar seu próprio saber diante de Jesus,
definir o conceito exato de próximo e determinar com precisão os limites do amor.
Jesus não entra nesta armadilha ardilosa e nem se deixa enredar num debate
interminável, apenas aponta ao interlocutor que lhe falta traduzir o saber em
fazer, pois dois verbos faltam em seu vocabulário: ir e fazer. Na parábola
tanto o sacerdote como o levita viram o homem caído e seguiram “adiante pelo
outro lado”. Os dois especialistas da religião pretendiam atingir a Deus e, por
esta razão, passaram ao largo do outro, que necessitava de auxílio, pois para
eles era um obstáculo que os impediria de chegar mais rápido a Deus. O
sacerdote, para realizar o seu programa religioso, não admite correr o risco de
se atrasar caso fosse atender às necessidades do homem espancado e quase morto.
Seu itinerário espiritual não tolera atrasos, desvios, distrações e imprevistos.
Seus deveres legais são mais importantes que o coração, a humanidade e a
ternura. Não podemos nos enredar na cilada da grande ilusão: a de que podemos
chegar a Deus passando ao largo, por cima do próximo, e de que podemos
encontrar a Deus sem ter necessidade de encontrar o irmão. Não podemos nos
ocupar das coisas de Deus sem nos darmos conta de que o que interessa a Ele são
as necessidades dos homens e mulheres, seus filhos e filhas. Jesus é incisivo
ao revelar que não existe nenhum “outro lado” do caminho que possa conduzir a
Deus. O sacerdote e o levita chegaram sem obstáculos até o final da estrada,
mas faltaram ao encontro. O samaritano não deu mais do que dois passos, mas na
direção exata e encontrou Deus. Amar o
próximo é amar o Deus que existe nele e o papa Bento XVI nos exorta: “Amor a
Deus e amor ao próximo se fundem entre si: no mais humilde e pequenino
encontramos o próprio Jesus e em Jesus encontramos Deus” (Deus Caritas Est, 5). Com todos os riscos possíveis devemos sempre
nos indagar: “O que acontecerá a este homem se eu não parar para ajudá-lo?”. As
estradas da vida são malditas não somente porque escondem bandidos, corruptos,
mentirosos e hipócritas. As estradas da nossa vida serão malditas quando
revelarem a ausência de amor que é o nome da indiferença. Que não sejamos nem
como o sacerdote e nem como o levita, mas sobretudo que não sejamos os
assaltantes que aviltam a dignidade humana em nome do seu poder civil e
religioso e cujas vidas são um constante escarro na face de Deus.
CONTEMPLAR
O Bom Samaritano, Cláudio Pastro, in: Parábolas, São Paulo, Paulinas, Brasil, 2002.
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