domingo, 2 de junho de 2013

O Caminho da Beleza 29 - X Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 29
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


X Domingo do Tempo Comum                     09.06.2013
1 Rs 17, 17-24                     Gl 1, 11-19               Lc 7, 11-17


ESCUTAR

“Eis aqui o teu filho vivo” (1 Rs 17, 23).

“Asseguro-vos, irmãos, que o evangelho pregado por mim não é conforme critérios humanos. Com efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo” (Gl 1, 11).

“Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chores!’. Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: ‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!’. O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe” (Lc 7, 13-15).

MEDITAR

“O amor oculta a morte [porque] o amor é Deus e morrer significa que eu sou um átomo deste amor, que volta ao geral e eterno manancial” (Léon Tolstoi, Guerra e Paz).

“O conhecimento do amor é o fundamento sobre o qual nós estabelecemos a nossa vida: nada mais pode nos atingir porque o amor pode tudo transformar, transfigurar, mesmo a morte e o sofrimento” (Pierre Claverie, bispo de Oran, Argélia, assassinado em 1996).

ORAR

Jesus não considera normal a morte, pelo contrário, reconhece a sua negatividade. Em certas ocasiões se sente intimamente comovido, como diante do sepulcro de Lázaro; outra vez perturbado e triste, no jardim do Getsêmani, diante da iminência da própria morte. A morte para Jesus não é aceitável porque contradiz o desígnio de Deus e foi introduzida no mundo pelo diabo: “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de seu próprio ser; mas a morte entrou no mundo pela inveja do diabo e os de seu partido passarão por ela” (Sb 2, 23-24). O sinal decisivo de que Deus visita o seu povo é o de que o seu Enviado se apresenta como portador da vida e uma vida eterna que começa a cada novo dia. O cristão não pode preparar um funeral dos vivos e nem deve mortificar a vida. O Deus revelado por Cristo é um Deus amante da vida e aquele que O encontra só pode se tornar o anunciador de uma alegre mensagem de mais vida. Para Jesus, a morte física é apenas mais um episódio – um sonho – pois Ele é a vida indivisa e não uma síntese de vida e morte. E a sua compaixão O faz transgredir: viola a lei e os costumes judaicos ao interromper o funeral e, mais ainda, torna-se impuro ao tocar o suposto cadáver. Jesus testemunhava que o imaginário profético – “os cegos veem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e se anuncia aos pobres a boa nova” (Is 35, 5; 26, 19; 61, 1) – tornava-se realidade na História e que a ressurreição dos mortos no final dos tempos havia se transformado numa ressurreição, aqui e agora, dentro do tempo. Jesus não necessita, como Elias, nem de uma oração especial de súplica e nem de um ritual externo de transmissão de vida. Basta, para Ele, a comoção interior expressa num gesto de compaixão. A compaixão pode nos exigir uma atitude de transgressão, pois o amor é maior do que tudo e nos leva a confrontar todas as limitações, as imposições e, muitas vezes, a dizer um não a elas. Amar é também saber dizer não. O apóstolo é, antes de tudo, um ser que vive em plenitude, não uma múmia, nem um comentador de códigos e muito menos um organizador de funerais. A Igreja de Jesus, antes de ser a luz do mundo, tem o dever de ser vida além das instituições e estruturas necessárias para seu funcionamento interno. Como diz o papa Francisco: “A Igreja de Jesus não é uma ONG!(...) Não podemos criar cristãos satélites cuja prática está ditada pelo senso comum e pela prudência mundana e não pelo seguimento de Jesus” (Homilia de 20.04. 2013). A grande inversão, que canta também Maria no seu Magnificat, não se cumpre sociologicamente, como tantas vezes desejamos no nosso imediatismo político: a serva humilde não se converte numa rainha dominante. Mais do que nunca, o poder de Deus é o poder do amor e de amar, um poder que transforma “as espadas em arados e as lanças em podadeiras” (Is 2, 4) para a construção da Paz e da Justiça.

CONTEMPLAR

Foto do local onde foi assassinada com seis tiros, em 2005, aos 73 anos de idade, a irmã Dorothy Mae Stang, Anapu, Pará, Brasil.


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