domingo, 2 de junho de 2013

O Caminho da Beleza 30 - XI Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 30
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


XI Domingo do Tempo Comum                   16.06.2013
2 Sm 12, 7-10.13               Gl 2, 16.19-21                    Lc 7, 36-8, 3


ESCUTAR

“Davi disse a Natã: ‘Pequei contra o Senhor’. Natã respondeu-lhe: ‘De sua parte, o Senhor perdoou o teu pecado, de modo que não morrerás!’” (2 Sm 12, 13).

“Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou”(Gl 2, 20).

“Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” (Lc 7, 47).

MEDITAR

“Não é a religiosidade o que faz a verdade ou a mentira de uma vida humana e sim a autenticidade dessa mesma vida” (Dom Pedro Casaldáliga).

“De onde vem que, embora afirmem conhecer a Deus, tantos cristãos vivem como se nunca o tivessem descoberto e permanecem sem misericórdia? Eles se dizem do Deus de Jesus Cristo e, no entanto, conservam um coração empedernido” (Roger Schütz, de Taizé)

ORAR

Neste domingo, contemplamos a desmedida arrogância do poder e do dinheiro que une um rei e um fariseu. Davi, o rei de Israel, cego de amor por Betsaida, arquiteta a morte de Urias, seu esposo, e o manda colocar na primeira linha da batalha, deixando-o só para que seja ferido e morra. Ao saber do sucesso do seu plano assassino, comenta num cinismo sem precedentes: “Guerra é assim mesmo: um dia cai um e outro dia cai outro” (2 Sm 11, 25). Ao ser acusado por Natã, “Esse homem és tu!”, a palavra de Deus penetra no palácio real da infâmia, rompe o muro do silêncio, lança uma luz sem piedade sobre o acúmulo da imundície real: Davi era adúltero e assassino e, apesar de rei, aparece aos olhos de Deus simplesmente como um homem miserável. Diante desta situação de confronto e da sentença de Deus, Davi descobre que a salvação está em não fugir, mas na renúncia de qualquer justificativa e no ato de se acusar humildemente diante do seu Deus: “Pequei contra o Senhor!”. A palavra de Deus implacável na denúncia do pecado se converte em palavra que anuncia o perdão. O evangelho narra o abastado fariseu Simão, homem piedoso, que convida Jesus para partilhar da sua mesa, cumprindo o costume da época de se convidar um mestre para jantar. De repente, não mais que de repente, uma certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, irrompe na ceia, banha os pés de Jesus com suas lágrimas, enxuga-os com seus cabelos soltos e os cobre de beijos. Na cultura da época uma mulher de cabelos soltos era sinal de promiscuidade, no entanto, Jesus não a rejeita, como obrigava a lei, e nem lhe opõe a menor resistência. Simão, em seu pensamento arrogante, acusa Jesus do pecado de omissão por aceitar a transgressão de uma mulher que o evangelho nem designa o nome. Jesus transgride o costume religioso, pronuncia o perdão sem a necessária restituição de um sacrifício a Deus no templo, pois para Ele o amor é a consequência e o sinal do perdão. O fariseu da parábola não se deu conta de que o verdadeiro pecado é a ausência de amor e que o perdão é a experiência da plenitude deste mesmo amor. O fariseu conhece os pecados da mulher intrusa aos seus olhos e costumes, mas desconhece que a virtude do perdão pode preencher o vazio do amor dele. Toda a atitude farisaica, centrada na sua auto-suficiência, recusa que Alguém teria pago, com suas mãos atravessadas pelos pregos, as nossas dívidas. Ilude-se de que se pode saldar a conta com pagamentos em moedas falsas: o poder, a discriminação, a intolerância e a proscrição. Jesus ensina que abrir mão do exercício abusivo do poder pode nos custar bem menos do que abrir mão do acúmulo de posses e de dinheiro, ainda que esta seja a condição da alegria e da liberdade para se ter um tesouro no céu (Lc 18, 18ss). Mais do que nunca, não devemos hesitar em viver da força da fraternidade e da misericórdia que nos dá o Espírito de Jesus. Este mesmo Espírito que O fez olhar para seus discípulos, assim como olha para nós, e conclamar: “Levantai-vos, não temais!” (Mt 16, 7).

CONTEMPLAR

Parede da Encarnação do Verbo (detalhe da unção dos pés do Senhor), Marko Ivan Rupnik, s.j., 1996-1999, mosaico na Capela Redemptoris Mater, Palácio Apostólico, Vaticano.

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