segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Caminho da Beleza 28 - IX Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 28
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


IX Domingo do Tempo Comum                   02.06.2013
1 Rs 8, 41-43                      Gl 1, 1-2.6-10                     Lc 7, 1-10


ESCUTAR

“Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos conheçam o teu nome e o respeitem” (1 Rs 8, 43).

“Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10).

“Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7, 9).



MEDITAR

“Abbá Euloge, um dia, não conseguia esconder sua tristeza. – Por que estás triste, Abbá, perguntou-lhe um outro ancião. – Porque eu começo a duvidar da inteligência dos irmãos a respeito das grandes realidades de Deus. Já é a terceira vez que lhes mostrando uma peça de linho sobre a qual desenhei um pequeno ponto vermelho, ao perguntar-lhes o que viam, todos me responderam: ‘um pequeno ponto vermelho’ e jamais nenhum deles me respondeu que via uma peça de linho” (Apophtegma dos Padres do Deserto).

“Há milhares de anos o homem compreendeu que nada é mais terrível do que cultivar a idolatria, porque o ídolo não passa de um pedaço de madeira. Ou bem o sagrado está presente sempre, ou não existe. É ridículo pensar que o sagrado existe no topo da montanha e não no vale, no domingo ou no shabbath mas não no resto da semana” (Peter Brook).


ORAR

Salomão inaugura um enorme templo e, imediatamente, se dá conta de que naquela construção majestosa e imponente, o Senhor se encontra restrito e intimidado: “Mas, é possível que Deus habite na terra? Se não cabes no céu e no mais alto do céu, quanto menos neste templo que construí!” (1 Rs 8, 27). O infinito de Deus não pode ser aprisionado num espaço finito como uma construção de pedra ainda que estupenda. Deus se faz presente no lugar em que os homens e as mulheres se encontram, sejam de religiões e culturas diversas, estrangeiros ou não. A Igreja de Jesus deve realizar uma comunhão com todos. O Papa Francisco nos adverte sobre as comunidades religiosas fechadas: “A sua vida comunitária para defender a verdade, porque elas acreditam que defendem a verdade, é sempre a calúnia e o fofocar... Realmente, são comunidades fofoqueiras, que falam contra, destroem o outro e olham para dentro, sempre para dentro, cobertas por um muro. Comunidades que não sabem nada de carícias, mas sabem do dever e se fecham numa observância aparente” (Homilia da Casa de Santa Marta, 28.04.2013). O papa reafirma o primado da misericórdia contra o farisaísmo daqueles que se satisfazem em “bater nos outros e condenar os outros”. Não temos o direito de transferir ao templo do Senhor as fronteiras que nos dividem, as discriminações que fazemos e as exclusões que decretamos aos que não são como nós. Na Igreja de Jesus, ninguém deve se sentir estranho e nem privilegiado; não pode existir um “complexo de não-pertença” e nem a postura presunçosa de querer distribuir “carteirinhas de autenticidade cristã”, como se fossemos depositários de uma marca – inexistente – que comprova a “legitimidade” do produto. O Senhor vincula o Seu Nome no templo em que se mesclam as diversidades para a alegria de se orar juntos. O Senhor não acolhe as pessoas segundo as nossas preferências redutoras e seletivas, mas acolhe de acordo com a liberdade infinita do seu amor universal. É preciso aprender a orar com os outros, isto é, com todos. O evangelista reitera a importância dada por Jesus e o seu assombro com a fé de um pagão: “Jesus ficou admirado”. Normalmente nos evangelhos são os ouvintes que ficam admirados com as palavras de Jesus. Aqui é Jesus quem se admira e fica quase aturdido. Lucas sublinha a Sua admiração diante da fé extraordinária e verdadeira do centurião por ser um estrangeiro. Uma fé que sequer tinha necessidade da presença do Cristo em sua casa, pois este homem confiava no poder de Sua palavra mesmo à distância. O evangelho de hoje, mais do que se referir ao milagre da cura de um pobre homem, apresenta o milagre sensacional da fé de um pagão. Paulo prega que o Evangelho não deve servir para agradar aos homens e nem ser manipulado para agradar a quem o anuncia, pois este evangelho não seria o de Jesus. O papa Francisco exorta: “Só uma comunidade livre, com a liberdade de Deus e do Espírito Santo, é capaz de ir em frente e se difundir. Como são as nossas comunidades? São abertas ao Espírito Santo que nos leva sempre à frente para difundir a Palavra de Deus, ou são comunidades fechadas, com todos os mandamentos precisos, que carregam sobre os ombros dos fiéis tantos mandamentos, como o Senhor havia dito aos fariseus?” (Homilia da Casa de Santa Marta, 28.04.2013).


CONTEMPLAR


O Chamado de São Mateus (detalhe do rosto do Cristo), Michelangelo Merisi, Caravaggio, 1599-1600, óleo sobre tela,  322 x 340 cm,  Igreja de São Luís dos Franceses, Roma, Itália.


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