O Caminho da Beleza 31
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
ESCUTAR
“Derramarei sobre a casa de Davi
e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles
olharão para mim”(Zc 12, 10).
“O que vale não é mais ser judeu
nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um
só em Jesus Cristo” (Gl 3, 28).
“Pois quem quiser salvar a sua
vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”
(Lc 9, 24).
MEDITAR
“Não é o heroísmo que será
enaltecido, mas a oferenda obscura e aparentemente inútil de uma vida que não é
senão o amor, sinal do amor de Deus em meio ao inferno que os homens, às vezes,
sabem organizar” (Jean-Marie Lustiger, Cardeal Arcebispo de Paris, 1981-2005).
“Peço a Deus que te esteja sempre
presente. A todo instante. E que te ensine a gozares do Amor. Isto é de te
deixares amar. Porque não sabemos como nos abrir às ternuras divinas.... e só
Ele nos pode ensinar isso” (Madre Belém).
ORAR
Quando o
evangelista Lucas apresenta Jesus “rezando num lugar retirado” é para que
saibamos que a oração sempre prepara e antecede algo decisivo nas nossas vidas.
Ao ouvir a resposta de Pedro de que Ele era o Cristo de Deus, Jesus anuncia a
própria paixão iminente, a sua morte e ressurreição. Tudo isto constituirá um
motivo de escândalo e por esta mesma razão Jesus “proíbe severamente que
contassem isso a alguém”. O sentido do caminho não é triunfal uma vez que passa
pela proscrição dos três poderes constituídos e aliados entre si: o
civil-econômico, o religioso e o teológico-cultural. Devemos aceitar, como
cristãos, este Seu estilo de perdedor para que possamos afirmar quem é o
Messias, pois como diz Paulo “a loucura de Deus é mais sábia que os homens, a
fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1 Cor 1, 25). Somente se
compreendermos que a Sua vida é uma vida dada pelos demais é que provaremos ter
descoberto o segredo de Sua vinda no meio de nós. Para nós, cristãos, não basta
definirmos corretamente quem é Jesus e muito menos aceitar a sua travessia
pouco triunfal. É necessário ter a lucidez sobre as condições do seguimento a
Jesus. “Quem quiser me seguir” significa que estamos todos no mesmo caminho e
que não é uma decisão fácil, pois é necessária uma eleição existencial precisa,
corajosa, lúcida e livre. O caminho de Jesus não é acompanhado de um cortejo
imponente, mas implica na renúncia de si mesmo. A partir de então, o único
sinal autêntico de reconhecimento do discípulo é o da Cruz. O seguidor do
Cristo deve aprender a perder, pois a alternativa entre “salvar” e “perder” a
sua vida é a alternativa entre a vontade de “levar vantagem” em seus interesses
individuais e a disponibilidade de fazer da vida um dom, para gastá-la, como o
Cristo, em favor dos outros. O cristão não é o herói do excepcional, do gesto
heroico, porque o verdadeiro heroísmo é o servir aos outros por meio de uma
fidelidade sofrida, silenciosa e cotidiana. Paulo nos faz saber que no povo de
Deus são abolidas as diferenças religiosas, culturais e sociais. A condição de
filhos elimina qualquer discriminação porque confere a todos um mesmo valor e
uma idêntica dignidade. Para o Senhor, vale somente a pessoa que crê, que ama e
que é capaz de levar a cruz com amor e entrega aos outros, pois este é o sinal
do Filho e dos seus filhos e filhas que constituem as pedras vivas da sua
Igreja.
CONTEMPLAR
A Crucifixão Branca,
Marc Chagall, 1938, óleo sobre tela, 154 x 139 cm, Instituto de Arte, Chicago,
Estados-Unidos.
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