O Caminho da Beleza 26
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Solenidade de Pentecostes 19.05.2013
At 2, 1-11 1 Cor 12, 3-7.12-13 Jo 20, 19-23
ESCUTAR
“Todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa
própria língua” (At 2, 11).
“Há diversidades de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de
ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo
Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do
Espírito em vista do bem comum” (1 Cor 12, 4-7).
“A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo
20, 21).
MEDITAR
Do sim a Deus faz parte um não
com a mesma determinação. O sim de vocês a Deus exige um não a toda injustiça,
a toda maldade, a toda mentira, a toda opressão e constrangimento dos fracos e
pobres, a toda descrença e a toda blasfêmia em relação ao sagrado (Dietrich
Bonhoeffer, Prédica de Confirmação,
1938).
“As pessoas necessitam saber o que são elas mesmas. Há em cada um de
nós um certo tom, uma certa palavra e nosso dever é fazer disto nosso próprio
poema, nosso próprio canto, uma sinfonia. Se faltamos a esse dever, teremos
vivido em vão” (Eugen Drewermann).
ORAR
Pentecostes é o anti-Babel, pois o desígnio se
realiza graças à intervenção do Pai que faz descer sobre os apóstolos o seu
Espírito e determina a criação de uma humanidade nova por meio da unificação de
todos os povos por meio do dom das línguas. Quando se trata de fazer conhecer
as maravilhas de Deus, não existe uma língua definida como única e sagrada. São
utilizadas as línguas maternas, pois Deus, quando quer dar a conhecer suas
“grandes obras” e conversar com eles, adota a língua de cada um. E a língua de
cada um se torna sagrada porque é o instrumento do anúncio do desígnio de Deus
e de resposta por parte dos homens. O Espírito enviado não se limita a
refrescar a memória, mas a atualizar a palavra revelada num aprofundamento da compreensão
existencial e vital. Sem Jesus não é possível compreender o Pai e sem o
Espírito não é possível compreender Jesus que é o Seu intérprete, o exegeta
único e insubstituível. O Pai é inacessível sem Jesus e o Filho inacessível sem
o Espírito. O Espírito torna presente a Palavra no seio da comunidade fraterna
como tornou presente o Verbo no seio de Maria. Em nome da mãe inaugura-se a
Vida assim como em nome do Espírito inaugura-se a Igreja de Jesus. Maria,
fecundada pelo Espírito com o sopro das palavras anunciadas, e a Igreja
fecundada pelo mesmo Espírito com o sopro de línguas de fogo, sementes do Verbo
em expansão. Viver no Espírito de Jesus é saber que Nele não existem sombras –
a aridez, a esclerose, a rotina, a inércia – que nos espreitam. O Espírito de
Jesus é Luz que ilumina a todos ainda que possamos conhecer as sombras impostas
pelos limites dos homens e de suas instituições de poder. O Espírito de Jesus
não admite nenhuma resignação porque traz sempre uma promessa de renovação:
“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5). A comunidade não se constrói
unicamente pelo caminho institucional, mas, sobretudo, pela infinita variedade
de dons que o Espírito distribui para a construção do Bem Comum, pois “todos
nós bebemos de um único Espírito”. Meditemos as palavras do filósofo ecumênico
russo Nicolas Berdyaev: “A maior verdade moral e religiosa para a qual o homem
deve se direcionar é a de que não podemos ser salvos individualmente. Minha
salvação pressupõe a salvação dos outros também, a salvação do meu próximo, ela
pressupõe a salvação universal, a salvação do mundo inteiro, a transfiguração
do mundo”.
CONTEMPLAR
(...) Todos ficaram então plenos
do Espírito Santo (Atos dos Apóstolos, 2), Salvador Dalí, 1967, aquarela e técnica mista, 35 x 48
cm, Coleção Bíblia Sacra, Canto V/102, Milão, Itália.
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