O Caminho da Beleza 25
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Ascensão do Senhor 12.05.2013
At , 1-11 Ef 1, 17-23 Lc 24, 46-53
ESCUTAR
“Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que descerá sobre vós para
serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e na Samaria e até os
confins da terra” (At 1, 8).
“Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a
esperança que o seu chamamento vos dá!” (Ef 1, 18).
“Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles
o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam
sempre no templo, bendizendo a Deus” (Lc 24, 51-52).
MEDITAR
“É preciso ter contato com o mundo real, o mundo atual, esforçar-se
por definir seu lugar nele; não se deve viver apenas com os valores eternos,
isto poderia degenerar num tipo de política de avestruz. Viver totalmente,
externa como internamente, nada sacrificar da realidade exterior em prol da
vida interior, e vice-versa, eis uma tarefa excitante” (Etty Hillesum, Diários 1941-43).
“A espiritualidade não pode ser aprendida por uma fuga do mundo,
fugindo-se das coisas ou se tornando solitário e afastando-se do mundo. Pelo
contrário, nós devemos aprender uma solidão interior onde e com quem
estivermos. Nós devemos aprender a penetrar nas coisas e achar Deus lá” (Mestre
Eckhart).
ORAR
Com a ascensão de Jesus começa o tempo da Igreja,
um tempo de testemunho público e corajoso que, progressivamente, alcançará
todos os homens. A ascensão é a linha divisória entre a história de Jesus e a
da comunidade pós-pascal. A comunidade eclesial pode iniciar o seu próprio
caminho histórico sem nostalgias e sem fugas apocalípticas graças à força do
Espírito prometido pelo Senhor. O banquete eucarístico, convivência íntima, é o
lugar por excelência em que os amigos podem estar em comunhão com o Cristo. A
Igreja surge como uma comunidade de oração para depois ser apostólica, quando a
sua prática passa a ser animada pelo Espírito. A comunidade eclesial tem
necessidade do sopro vital que lhe será dado pelo Espírito do Senhor, pois sem
Ele não existe vida, nem força de expansão e nem capacidade de testemunho para
a Igreja. Jesus se “separa” dos amigos com o sinal da benção e esta é a última imagem
que fica: a do Cristo glorioso que abençoa. Os apóstolos saúdam a partida do
Senhor não com prantos, mas com alegria ainda que devam afrontar um mundo
hostil para levar a paz, o amor e o perdão. Não celebramos uma despedida, mas
uma nova maneira de estar presente no mundo, pois a presença definitiva do
Ressuscitado entre nós e na história da humanidade está assegurada pelo seu
Espírito que conduz a comunidade eclesial até o fim dos tempos, por meio da
concretização do amor fraterno, símbolo emblemático dos cristãos e dos homens e
mulheres de boa vontade. Somos herdeiros de sua missão e neste seguimento
devemos reinventá-la a cada novo momento histórico, como pedia o Papa João
XXIII, lendo e compreendendo os “sinais dos tempos”. A celebração da eucaristia
anuncia e realiza a proibição de toda estatização da Igreja e de todo o
clericalismo na política. A Igreja peregrina não funda a cidade terrena, mas a
habita apontando para o futuro. Devemos nos guiar pela prática de Jesus: a sua
maneira de acolher os pecadores, de elevar os humildes, desnudar os orgulhosos
e arrogantes. Devemos lembrar que a conversão proposta por Ele é a mudança
radical nas nossas relações com Deus, com o próximo e, sobretudo, com o
dinheiro. A novidade dos seus ensinamentos e do seu testemunho lhe valeu, como valerá
para nós, a hostilidade dos governantes e do poder religioso e esta hostilidade
foi a causa da sua condenação e assassinato. O evangelista enfatiza que são
“fatos que nos aconteceram” (Lc 1, 1) e não qualquer mistificação maravilhosa
inventada e difundida ao bel prazer de qualquer um. Meditemos as palavras de
Bento XVI: “Nós devemos estar seguros de que, por mais pesadas e turbulentas as
provas que nos esperam, não seremos jamais abandonados a nós mesmos. As mãos do
Senhor não nos largarão, pois estas são mãos que nos criaram e que, todo o dia,
nos acompanham no itinerário de nossas vidas”.
CONTEMPLAR
Ascensão, George Grie, arte
digital, Toronto, Canadá.
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