segunda-feira, 11 de março de 2013

O Caminho da Beleza 17 - V Domingo da Quaresma


O Caminho da Beleza 17
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


V Domingo da Quaresma                   17.03.2013
Is 43, 16-21             Fl 3, 8-14                 Jo 8, 1-11


ESCUTAR

“Eis que farei coisas novas e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis?” (Is 43, 19).

“Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente” (Fl 3, 13).

“Então Jesus lhe disse: Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais” (Jo 8,11).


MEDITAR

“Como Cristo morreu por todos (Rm 8, 32) todos são chamados a participar da mesma vida divina” (Gaudium et Spes 22/1389).

“Digo não a um estilo de vida marcado pelas “manias”, pelas “disputas”, pelas “astúcias” em detrimento do zelo evangélico e da qualidade de vida da comunidade” (Abbé Pierre, 1939).


ORAR

As leituras de hoje têm um tema em comum: Deus como produtor da novidade. O Senhor é aquele que sempre faz uma coisa nova. E a novidade nunca pode ser separada do risco. Não se dão explicações velhas para os novos desafios: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos” e nem existe uma única e segura resposta que seja válida para todos os casos. Para cada desafio existem várias respostas e elas sempre deverão ser dadas por plenitude e nunca por carência. A resposta dada apressadamente e por carência se converterá em fracasso, aumentará a desilusão e a angústia e poderá se transformar num caminho sem volta. O Senhor mostra que o caminho se descobre caminhando; sua revelação só chega quando nos colocamos em movimento nele e não antes. Paulo reafirma esta dinâmica: “esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente” e a novidade é sustentada pela esperança e não por uma entorpecida e restrita acomodação. É inútil parar para termos a certeza de que estávamos caminhando assim como é inútil afirmar certezas para garantir que acreditamos. O Senhor nos faz saber que a fé não se possui, mas que somos possuídos e alcançados por Alguém. O evangelho revela esta novidade por meio da contraposição entre as exigências implacáveis da Lei e a estratégia de misericórdia traçada por Jesus. Os acusadores negam à mulher a possibilidade de um novo começar e querem, com pedras, não só sepultar o passado desta pecadora, mas ela própria. Cristo, com seu perdão, liquida definitivamente o passado e entrega à mulher um futuro imaculado a ser construído por ela mesma. O castigo dos algozes se tornou estéril, pois a não condenação pelo Cristo reinventa a vida. As frias exigências se gravam sobre a pedra, mas a misericórdia não está escrita sobre nenhuma matéria dura. A nova lei – a do amor – se traça no terreno maleável do coração, sobre a tenra e terna carne da terra. Resta apenas matar a nossa curiosidade de saber o que escrevia Jesus, com o dedo, no chão do Templo. Jesus escrevia a condenação aos escribas e fariseus e continua até hoje escrevendo em silêncio aos moralistas de plantão que se evadem e se esquivam da barbárie do mundo degenerado que construíram: “As meretrizes vos precedem no Reino do meu Pai (Mt 21, 31).

CONTEMPLAR

A mulher apanhada em adultério, William Blake, c. 1805, pena e aquarela em grafite sobre papel, 35,6 x 36,8 cm, Museum of Fine Arts, Boston, Estados Unidos.

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