O Caminho da Beleza 17
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
V Domingo da Quaresma 17.03.2013
Is 43, 16-21 Fl 3, 8-14 Jo 8, 1-11
ESCUTAR
“Eis que farei coisas novas e que já estão surgindo: acaso não as
reconheceis?” (Is 43, 19).
“Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me
lanço para o que está na frente” (Fl 3, 13).
“Então Jesus lhe disse: Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora
em diante, não peques mais” (Jo 8,11).
MEDITAR
“Como Cristo morreu por todos (Rm 8, 32) todos são chamados a
participar da mesma vida divina” (Gaudium
et Spes 22/1389).
“Digo não a um estilo de vida marcado pelas “manias”, pelas
“disputas”, pelas “astúcias” em detrimento do zelo evangélico e da qualidade de
vida da comunidade” (Abbé Pierre, 1939).
ORAR
As leituras de hoje têm um tema em comum: Deus como
produtor da novidade. O Senhor é aquele que sempre faz uma coisa nova. E a
novidade nunca pode ser separada do risco. Não se dão explicações velhas para
os novos desafios: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos
antigos” e nem existe uma única e segura resposta que seja válida para todos os
casos. Para cada desafio existem várias respostas e elas sempre deverão ser
dadas por plenitude e nunca por carência. A resposta dada apressadamente e por
carência se converterá em fracasso, aumentará a desilusão e a angústia e poderá
se transformar num caminho sem volta. O Senhor mostra que o caminho se descobre
caminhando; sua revelação só chega quando nos colocamos em movimento nele e não
antes. Paulo reafirma esta dinâmica: “esquecendo o que fica para trás, eu me
lanço para o que está na frente” e a novidade é sustentada pela esperança e não
por uma entorpecida e restrita acomodação. É inútil parar para termos a certeza
de que estávamos caminhando assim como é inútil afirmar certezas para garantir
que acreditamos. O Senhor nos faz saber que a fé não se possui, mas que somos
possuídos e alcançados por Alguém. O evangelho revela esta novidade por meio da
contraposição entre as exigências implacáveis da Lei e a estratégia de
misericórdia traçada por Jesus. Os acusadores negam à mulher a possibilidade de
um novo começar e querem, com pedras, não só sepultar o passado desta pecadora,
mas ela própria. Cristo, com seu perdão, liquida definitivamente o passado e
entrega à mulher um futuro imaculado a ser construído por ela mesma. O castigo
dos algozes se tornou estéril, pois a não condenação pelo Cristo reinventa a
vida. As frias exigências se gravam sobre a pedra, mas a misericórdia não está
escrita sobre nenhuma matéria dura. A nova lei – a do amor – se traça no
terreno maleável do coração, sobre a tenra e terna carne da terra. Resta apenas
matar a nossa curiosidade de saber o que escrevia Jesus, com o dedo, no chão do
Templo. Jesus escrevia a condenação aos escribas e fariseus e continua até hoje
escrevendo em silêncio aos moralistas de plantão que se evadem e se esquivam da
barbárie do mundo degenerado que construíram: “As meretrizes vos precedem no
Reino do meu Pai (Mt 21, 31).
CONTEMPLAR
A mulher apanhada em adultério, William Blake, c. 1805, pena e
aquarela em grafite sobre papel, 35,6 x 36,8 cm, Museum of Fine Arts, Boston,
Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário