segunda-feira, 18 de março de 2013

O Caminho da Beleza 18 - Domingo de Ramos


O Caminho da Beleza 18
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


Domingo de Ramos                   24.03.2013
Is 50, 4-7                 Fl 2, 6-11                 Lc 23, 1-49


ESCUTAR

“Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas” (Is 50, 6).

“Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2, 6).


“E Jesus deu um forte grito: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. Dizendo isso, expirou” (Lc 23, 46).


MEDITAR

“Amanhã, quando você estiver prostrado no chão da capela, faça só uma oração ao Espírito Santo. Peça a Ele que desperte em você o anticlericalismo dos santos” (De Lubac para Abbé Pierre).

“Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato do casamento importa mais que o amor, o funeral mais do que o morto, a roupa mais do que o corpo e a missa mais do que Deus” (Eduardo Galeano).


ORAR

As leituras deste domingo que antecedem o relato da paixão aniquilam todo tom triunfalista da entrada de Jesus em Jerusalém. Elas nos falam de humilhação, de rebaixamento e de despojamento. O Servo de Deus não é apresentado como um mestre da sabedoria, mas Aquele que mantém a sua fidelidade à Palavra que escuta e transmite para os outros. Por esta fidelidade é perseguido, insultado, ultrajado e assassinado. O Senhor forja o seu profeta dando-lhe uma língua afiada e abrindo o seu ouvido. O profeta, essencialmente, é um homem da escuta e o que, no meio dos sofrimentos mais atrozes, experimenta a ajuda do Senhor que se revela mais forte do que a dor. É esta experiência da dor que o capacita a levar uma palavra de consolo aos seus irmãos e irmãs. Neste domingo de Ramos, comungar o Corpo de Cristo significa comungar um corpo traído, ferido, escarnecido e torturado. Comungar este Corpo significa aceitar e receber tudo o que este Ele padeceu, mas também comungar um Corpo ressuscitado que nos manifesta que o amor consegue a vitória sobre a traição, a violência e as humilhações. Para uma verdadeira comunidade cristã significará sempre assimilar a Sua força de amor e a Sua capacidade de perdão. Neste domingo de Ramos, é-nos revelado que Jesus se dá e Judas trai; no entanto, o mais vital é que o dom chega antes da traição. Aquele que trai está sempre atrasado, pois o dom o antecedeu. Trair e entregar são sinônimos: “Satanás entrou em Judas, apelidado Iscariotes, um dos doze. Ele foi combinar com os sumos sacerdotes e os guardas um modo de entregá-lo. Eles se alegraram e se comprometeram a dar-lhe dinheiro. Ele aceitou e andava procurando uma ocasião para entregá-lo, longe da multidão” (Lc 22, 3- 6). A perversidade dos homens jamais conseguirá ter a primazia sobre a misericórdia de Deus. Judas chegou, sem atraso, uma única vez: quando foi se enforcar. O seu fim foi provocado pela sua pressa. Os cristãos devem ter a lucidez de que a comunhão do Corpo e Sangue de Cristo torna a fuga impossível, pois cria um vínculo de compromisso de se fazer presente em qualquer lugar onde alguém sofre. Não temos o direito de usurpar este Corpo e Sangue ao comungarmos para cumprir meros preceitos e em seguida ficarmos ausentes desta Presença. Condenamo-nos, como Judas, se apenas sentarmos à mesa e comungarmos, pretensiosamente, uma ausência ao recusarmos a dinâmica do amor que nos conduz ao enfrentamento da obscuridade. A Eucaristia além de estar com Ele é deixar-se conduzir por Ele; não é ter, mas dar-se. A presença real nunca será relaxante e tranquilizadora, mas uma presença que nos leva a perder a nossa vida e a comungar com o sofrimento do mundo.


CONTEMPLAR

Entrada em Jerusalém, Ermone Zabel Martaian, 2002, ícone, óleo sobre vidro, Budapeste, Hungria.

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