sexta-feira, 8 de março de 2013

O Caminho da Beleza 16 - IV Domingo da Quaresma


O Caminho da Beleza 16
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).

Domingo da Quaresma                  10.03.2013
Js 5, 9a.10-12                    2 Cor 5, 17-21                    Lc 5, 1-3.11-32


ESCUTAR

“No dia seguinte à Páscoa, comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados nesse mesmo dia. O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra” (Js 5, 11-12).

“Irmãos, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5, 17).

“Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (Lc 15, 32).


MEDITAR

“Onde dizes lei, eu digo Deus; onde dizes paz, justiça e amor, eu digo Deus! Onde dizes Deus, eu digo liberdade, justiça e amor” (D. Pedro Casaldáliga).

“O Cristo encarnado e humilhado pela morte mais infame, a morte de Cruz, é proposto aos cristãos como modelo de vida. Com efeito, estes devem ter ‘os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus’ (Fl 2, 5): sentimentos de humildade e de doação, de desapego e de generosidade” (Bento XVI).


ORAR

A conversão não é um fenômeno excepcional, clamoroso, mas um dever fundamental e habitual para o cristão que deve vivê-la no cotidiano. Converter-se é ter a lucidez de que a lógica de Deus é diferente da nossa; que nossos sentimentos não vibram no mesmo acorde que os Seus e nem os nossos passos estão sincronizados com os passos do Senhor. A conversão não é um pequeno ajuste, nem um retoque de fachada, nem uma minúscula mudança que não perturba demasiado, mas uma transformação radical. A conversão é uma recusa do passado cujas misérias ficam apagadas por Deus e uma abertura ao futuro sob a insígnia da novidade e da liberdade. A parábola do pai pródigo revela a conversão como a possibilidade de perder-se e uma simpatia com os capazes de movimento e risco. Estes sempre entrarão em confronto com o orgulho paralisante dos que não tomam nenhuma iniciativa; dos que tudo esperam e exigem porque estão agrilhoados em seus pretensos direitos; dos que se consideram irrepreensíveis e por esta razão são, constitutivamente, incapazes de se converter e de realizar o menor gesto e esforço para isto. Na parábola, o irmão mais jovem é “abusado” e o mais velho um insuportável “possuidor de direitos”; nunca cometeu faltas graves, mas vive sem amor e sua farisaica justiça o amargou. É aquele que necessita de segurança e jamais trocará o certo pelo duvidoso, permanecerá imóvel até o fim da sua vida e morrerá como um triste burocrata das suas próprias “virtudes”. É aquele que sempre se afirma pela negação do outro na espera de um necrológio derradeiro que possa lhe prestar, finalmente, a “justa homenagem”. A linguagem do irmão mais velho e do pai não é a mesma. O primeiro fala de novilhos, cabras, bois, do “justo” e do “injusto”. Repete a retórica da lei, do castigo e da intransigência. O pai fala d0 filho encontrado, ressuscitado, que voltou a viver. Fala a língua do amor, do perdão, da ternura e da gratuidade. O pai ofereceu a festa ao filho que voltara, só não pôde oferecer a acolhida do irmão mais velho, pois o coração dele não estava dilatado de perdão e de bondade. Nós devemos sempre colocar à disposição de todos um coração em festa para que a nossa casa se torne, de verdade, acolhedora. Para que os que amamos não tenham medo de arriscar a liberdade de viver, de trocar o certo pelo duvidoso, pois sabem que sempre haverá dois braços que os apertarão contra o peito, numa fusão de corações, e lábios que dirão palavras de amor e os cobrirão com beijos de ternura. Está escrito que “haverá no céu mais festa por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se” (Lc 15, 7). Compreendamos, de uma vez por todas, que o Senhor ama com maior compaixão a ovelha esgarrada que retorna aos seus braços porque é ela que acaba encontrando um novo caminho para todo o rebanho.

CONTEMPLAR

O Pai que perdoa, Frank Wesley, 1998, pintura em bloco de madeira impressa em papel de seda, Índia.

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