O Caminho da Beleza 16
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Js 5, 9a.10-12 2 Cor 5, 17-21 Lc 5, 1-3.11-32
ESCUTAR
“No dia seguinte à Páscoa, comeram dos produtos da terra, pães sem
fermento e grãos tostados nesse mesmo dia. O maná cessou de cair no dia
seguinte, quando comeram dos produtos da terra” (Js 5, 11-12).
“Irmãos, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho
desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5, 17).
“Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava
morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (Lc 15, 32).
MEDITAR
“Onde dizes lei, eu digo Deus; onde dizes paz, justiça e amor, eu digo
Deus! Onde dizes Deus, eu digo liberdade, justiça e amor” (D. Pedro
Casaldáliga).
“O Cristo encarnado e humilhado pela morte mais infame, a morte de
Cruz, é proposto aos cristãos como modelo de vida. Com efeito, estes devem ter
‘os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus’ (Fl 2, 5): sentimentos de
humildade e de doação, de desapego e de generosidade” (Bento XVI).
ORAR
A conversão não é um fenômeno excepcional,
clamoroso, mas um dever fundamental e habitual para o cristão que deve vivê-la
no cotidiano. Converter-se é ter a lucidez de que a lógica de Deus é diferente
da nossa; que nossos sentimentos não vibram no mesmo acorde que os Seus e nem
os nossos passos estão sincronizados com os passos do Senhor. A conversão não é
um pequeno ajuste, nem um retoque de fachada, nem uma minúscula mudança que não
perturba demasiado, mas uma transformação radical. A conversão é uma recusa do
passado cujas misérias ficam apagadas por Deus e uma abertura ao futuro sob a
insígnia da novidade e da liberdade. A parábola do pai pródigo revela a
conversão como a possibilidade de perder-se e uma simpatia com os capazes de movimento
e risco. Estes sempre entrarão em confronto com o orgulho paralisante dos que
não tomam nenhuma iniciativa; dos que tudo esperam e exigem porque estão
agrilhoados em seus pretensos direitos; dos que se consideram irrepreensíveis e
por esta razão são, constitutivamente, incapazes de se converter e de realizar
o menor gesto e esforço para isto. Na parábola, o irmão mais jovem é “abusado”
e o mais velho um insuportável “possuidor de direitos”; nunca cometeu faltas
graves, mas vive sem amor e sua farisaica justiça o amargou. É aquele que
necessita de segurança e jamais trocará o certo pelo duvidoso, permanecerá
imóvel até o fim da sua vida e morrerá como um triste burocrata das suas
próprias “virtudes”. É aquele que sempre se afirma pela negação do outro na
espera de um necrológio derradeiro que possa lhe prestar, finalmente, a “justa
homenagem”. A linguagem do irmão mais velho e do pai não é a mesma. O primeiro
fala de novilhos, cabras, bois, do “justo” e do “injusto”. Repete a retórica da
lei, do castigo e da intransigência. O pai fala d0 filho encontrado,
ressuscitado, que voltou a viver. Fala a língua do amor, do perdão, da ternura
e da gratuidade. O pai ofereceu a festa ao filho que voltara, só não pôde
oferecer a acolhida do irmão mais velho, pois o coração dele não estava
dilatado de perdão e de bondade. Nós devemos sempre colocar à disposição de
todos um coração em festa para que a nossa casa se torne, de verdade,
acolhedora. Para que os que amamos não tenham medo de arriscar a liberdade de
viver, de trocar o certo pelo duvidoso, pois sabem que sempre haverá dois
braços que os apertarão contra o peito, numa fusão de corações, e lábios que
dirão palavras de amor e os cobrirão com beijos de ternura. Está escrito que
“haverá no céu mais festa por um pecador que se arrepende do que por noventa e
nove justos que não precisam arrepender-se” (Lc 15, 7). Compreendamos, de uma
vez por todas, que o Senhor ama com maior compaixão a ovelha esgarrada que
retorna aos seus braços porque é ela que acaba encontrando um novo caminho para
todo o rebanho.
CONTEMPLAR
O Pai que perdoa,
Frank Wesley, 1998, pintura em bloco de madeira impressa em papel de seda,
Índia.
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