segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Caminho da Beleza 14 - II Domingo da Quaresma


O Caminho da Beleza 14
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


II Domingo da Quaresma                   24.02.2013
Gn 15, 5-12.17-18             Fl 3, 17- 4,1             Lc 9, 28b-36


ESCUTAR

“E, conduzindo-o para fora, disse-lhe: Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! E acrescentou: Assim será tua descendência” (Gn 15, 5).

“Há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, a glória deles está no que é vergonhoso. Apreciam só as coisas terrenas! Nós, ao contrário, somos cidadãos do céu” (Fl 3, 18-19).

“Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante” (Lc 9, 28-29).


MEDITAR

“Devemos saber enfrentar o medo. Se paramos ou voltamos atrás estamos perdidos. Devemos discernir o momento em que contamos somente com as nossas próprias forças. Se esquecermos a confiança em Jesus estamos perdidos, assim como, se esquecermos a misteriosa atração que nos conduz a escolher um engajamento, uma pessoa, uma amizade ou quem motivou uma promessa. A vida se joga na confiança e o medo e a confiança não caminham juntos” (Cardeal Martini).

“As mãos que ajudam são mais sagradas que os lábios que rezam” (Madre Teresa de Calcutá).

ORAR

Os textos deste domingo descrevem a trajetória essencial da história da salvação. Tudo se inicia com a aliança feita com Abrão e esta aliança será renovada e radicalmente transformada por Jesus, o Filho escolhido do Pai. Os apóstolos poderão ver, por um instante, a glória de Jesus, o Salvador esperado que “transformará o nosso corpo humilhado, tornando-0 semelhante ao seu corpo glorioso”. Os textos são uma revelação, um tirar o véu do que é o desígnio salvífico de Deus: a revelação de um Deus fiel; a revelação da divindade de Jesus e de seu mistério pascal; a revelação do mistério do homem, peregrino na terra, mas, ao mesmo tempo, cidadão do céu. A aliança com Abrão se faz com um ritual truculento do Oriente Médio, o de passar pelos animais cortados pelo meio, pelos pássaros pequenos, para advertir que a mesma sorte trágica terá quem transgredir as cláusulas do pacto. O Senhor se compromete neste pacto, pois é o único a passar no meio dos animais e das aves estendidas para acentuar a absoluta gratuidade da Sua iniciativa. O Senhor promete um filho aos anciãos Abrão e Sara, mas, por enquanto, devem se contentar com um símbolo: uma quantidade infinita de estrelas. O Senhor promete ainda uma terra aos seus descendentes, mas, por enquanto, Abrão continuará sendo nômade, estrangeiro na terra em que pisa. A prova para Abrão é ter nas mãos, não a realidade, mas uma palavra que a garante. A fé, quando autêntica, deve atravessar, precisamente, o terreno áspero da prova. O evangelho da Transfiguração revela que ninguém pode inventar para si mesmo um caminho privado que evite o caminho do Calvário. Jesus transfigurado será dentre em pouco o Cristo desfigurado da Paixão para ser, novamente, o Jesus transfigurado da Ressurreição. Uma Igreja que não aceita esta travessia – da transfiguração à desfiguração – para encontrar o Cristo Ressuscitado, será apenas uma Igreja deslumbrada com seu próprio estômago. Uma Igreja que fabrica e vende ilusões de que podemos participar do triunfo do Ressuscitado e que considera ultrapassada a realidade da Cruz. Uma Igreja centrada no legalismo como solução de facilidade e segurança mais do que nas ásperas exigências do Cristo de amar e de perdoar. Neste dia devemos perguntar no mais íntimo de nós: “Qual é o nosso Deus? A quem amamos e servimos?”, pois dependendo da resposta saberemos onde está o nosso tesouro, pois aí estará o nosso coração (Lc 12, 34).

CONTEMPLAR
Noite estrelada sobre o Ródano, Vincent Van Gogh, 1888, óleo sobre tela, 72,5 cm x 92cm, Museu d’Orsay, Paris, França.



Nenhum comentário:

Postar um comentário