quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Caminho da Beleza 02 - II Domingo do Advento


O Caminho da Beleza 02
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


II Domingo d0 Advento                       09.12.2012
Br 5, 1-9                   Fl 1, 4-6.8-11               Lc 3, 1-6


 ESCUTAR

“Levanta-te, Jerusalém, põe-te no alto e olha para o Oriente! Vê teus filhos reunidos pela voz do Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado deles” (Br 5, 5).

“E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, para discernirdes o que é melhor. E assim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus” (Fl 1,9-10).

“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’!” (Lc 3, 4).


MEDITAR

“O importante não é fazer muitas coisas nem fazer tudo. O que importa é estarmos prontos em todo momento. O importante é estarmos convencidos de que quando servimos os pobres, servimos realmente a Deus” (Madre Teresa de Calcutá).

“O povo santo de Deus participa da função profética de Cristo. Dá o testemunho vivo de Cristo, especialmente pela vida de fé e de amor e oferece a Deus a hóstia de louvor como fruto dos lábios que exaltam o seu nome” (Lumen Gentium 12).


ORAR

            O Advento está dominado pelo sentido da espera e pelo dever da esperança. O profeta exorta a que nos despojemos das “vestes de luto e da aflição” para que possamos “revestir para sempre os adornos da glória vinda de Deus”. Ele conclama a nos “cobrirmos com o manto da justiça que vem de Deus e a pôr “na cabeça o diadema da glória do Eterno”. Os que foram arrastados para o exílio da Babilônia voltarão “conduzidos com honras, como príncipes reais”. O profeta é aquele que consegue ver de outra maneira e anima os outros a ver o que ainda não existe. Adivinha a luz na escuridão absoluta; intui a reconstrução no caos da devastação; vislumbra uma presença na solidão espantosa do deserto e faz explodir a alegria no olho do furacão. Olhar de outra maneira representa o maior desafio a uma situação intolerável. O profeta é o homem da esperança. O evangelista apresenta sua narrativa salpicada de nomes famosos do império romano e de autoridades religiosas. No entanto, tudo isto só serve para nos aproximar do profeta João, o Batista que prega no deserto. Quando Deus intervém na história dos homens, sua palavra está nos lábios de um personagem não oficial. Um tipo considerado “fora de si” pelas autoridades constituídas. Paradoxalmente, somos chamados a “ver” a palavra de Deus “dirigida” a João e que desce às profundidades de cada um de nós, pois, com certeza “todas as pessoas verão a salvação de Deus”. Esta salvação é uma Palavra que além de ser “escutada” deve ser “vista”, reconhecida e acolhida no meio de nós. Esta Palavra, com frequência, desponta onde menos esperamos e se apresenta, muitas vezes, quando não queremos. A Palavra de Deus “desce” no meio de nós para falar e busca o silêncio. Um silêncio conquistado pelo despojamento das autossuficiências e das falsas seguranças para que a acolhida seja total. Paulo nos convida a discernir e escolher o essencial, sem deixar que as discussões intermináveis e fúteis nos seduzam. O essencial é o amor fraterno. Este amor que não sufoca as diferenças e que nos torna mais humanos, pois só o amor representa a verdade última diante da qual as “outras verdades” são sempre penúltimas. A Palavra de Deus não está escondida e encerrada num texto com sinais arqueológicos a serem decifrados; nem a palavra escrita deve permanecer como um repertório de argumentos para uso dos doutores e muito menos como preceitos para uso dos moralistas. A Palavra se encarna para curar nossos olhos, para eliminar nossa cegueira e purificar o nosso olhar de tudo o que nos torna estreitos e míopes de visão. Não podemos ser, como cristãos, homens e mulheres que pensam que para ver basta manter os olhos abertos. Sabemos que para ver é preciso que o Cristo acenda dentro de nós uma faísca da sua luz. A esperança que deve nos consumir e que devemos proclamar é esta: “das espadas forjarão arados; fundirão lanças para delas fazer foices. Nenhuma nação pegará em armas contra outra e nunca mais se treinarão para a guerra”(Is 2, 4). Sejamos nós a cada dia e todo o dia os profetas peregrinos entre o tempo e a eternidade.


CONTEMPLAR

Virgem, o menino Jesus e São João, o Batista, William Bouguereau, 1875, óleo sobre tela, 122 x 200,5 cm, Coleção Particular, França.


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