O Caminho da Beleza 02
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
II Domingo d0 Advento 09.12.2012
Br 5, 1-9 Fl 1,
4-6.8-11 Lc 3, 1-6
“Levanta-te,
Jerusalém, põe-te no alto e olha para o Oriente! Vê teus filhos reunidos pela
voz do Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado
deles” (Br 5, 5).
“E isto eu peço a
Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência,
para discernirdes o que é melhor. E assim ficareis puros e sem defeito para o
dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo, para a
glória e o louvor de Deus” (Fl 1,9-10).
“Esta é a voz daquele
que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’!”
(Lc 3, 4).
MEDITAR
“O importante não é
fazer muitas coisas nem fazer tudo. O que importa é estarmos prontos em todo
momento. O importante é estarmos convencidos de que quando servimos os pobres,
servimos realmente a Deus” (Madre Teresa de Calcutá).
“O povo santo de Deus
participa da função profética de Cristo. Dá o testemunho vivo de Cristo,
especialmente pela vida de fé e de amor e oferece a Deus a hóstia de louvor como
fruto dos lábios que exaltam o seu nome” (Lumen
Gentium 12).
ORAR
O Advento está dominado pelo sentido
da espera e pelo dever da esperança. O profeta exorta a que nos despojemos das “vestes
de luto e da aflição” para que possamos “revestir para sempre os adornos da
glória vinda de Deus”. Ele conclama a nos “cobrirmos com o manto da justiça que
vem de Deus e a pôr “na cabeça o diadema da glória do Eterno”. Os que foram
arrastados para o exílio da Babilônia voltarão “conduzidos com honras, como
príncipes reais”. O profeta é aquele que consegue ver de outra maneira e anima os
outros a ver o que ainda não existe. Adivinha a luz na escuridão absoluta;
intui a reconstrução no caos da devastação; vislumbra uma presença na solidão
espantosa do deserto e faz explodir a alegria no olho do furacão. Olhar de
outra maneira representa o maior desafio a uma situação intolerável. O profeta
é o homem da esperança. O evangelista apresenta sua narrativa salpicada de
nomes famosos do império romano e de autoridades religiosas. No entanto, tudo
isto só serve para nos aproximar do profeta João, o Batista que prega no
deserto. Quando Deus intervém na história dos homens, sua palavra está nos
lábios de um personagem não oficial.
Um tipo considerado “fora de si” pelas autoridades constituídas.
Paradoxalmente, somos chamados a “ver” a palavra de Deus “dirigida” a João e
que desce às profundidades de cada um de nós, pois, com certeza “todas as
pessoas verão a salvação de Deus”. Esta salvação é uma Palavra que além de ser
“escutada” deve ser “vista”, reconhecida e acolhida no meio de nós. Esta
Palavra, com frequência, desponta onde menos esperamos e se apresenta, muitas
vezes, quando não queremos. A Palavra de Deus “desce” no meio de nós para falar
e busca o silêncio. Um silêncio conquistado pelo despojamento das autossuficiências
e das falsas seguranças para que a acolhida seja total. Paulo nos convida a
discernir e escolher o essencial, sem deixar que as discussões intermináveis e
fúteis nos seduzam. O essencial é o amor fraterno. Este amor que não sufoca as
diferenças e que nos torna mais humanos, pois só o amor representa a verdade
última diante da qual as “outras verdades” são sempre penúltimas. A Palavra de
Deus não está escondida e encerrada num texto com sinais arqueológicos a serem
decifrados; nem a palavra escrita deve permanecer como um repertório de
argumentos para uso dos doutores e muito menos como preceitos para uso dos
moralistas. A Palavra se encarna para curar nossos olhos, para eliminar nossa
cegueira e purificar o nosso olhar de tudo o que nos torna estreitos e míopes
de visão. Não podemos ser, como cristãos, homens e mulheres que pensam que para
ver basta manter os olhos abertos. Sabemos que para ver é preciso que o Cristo
acenda dentro de nós uma faísca da sua luz. A esperança que deve nos consumir e
que devemos proclamar é esta: “das espadas forjarão arados; fundirão lanças
para delas fazer foices. Nenhuma nação pegará em armas contra outra e nunca
mais se treinarão para a guerra”(Is 2, 4). Sejamos nós a cada dia e todo o dia
os profetas peregrinos entre o tempo e a eternidade.
CONTEMPLAR
Virgem, o menino Jesus e São João, o Batista, William Bouguereau,
1875, óleo sobre tela, 122 x 200,5 cm, Coleção Particular, França.
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