segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Caminho da Beleza 01 - I Domingo do Advento


O Caminho da Beleza 01
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).

I Domingo de Advento                         02.12.2012
Jr 33, 14-16                                    1 Ts 3, 12-4,2                     Lc 21, 25-28.34-36


ESCUTAR

“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá. Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a sementa da justiça” (Jr 33, 14-15).

“O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós” (1 Ts 3, 12).

“Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21, 36).


MEDITAR

“Não se trata de anunciar a alegria, mas de só procurá-la no serviço da alegria de todos. De todos, a começar pelos mais próximos, e depois estender, de próximo em próximo, até a alegria universal” (Abbé Pierre).

“O que chamamos de início é o mesmo do que o fim e acabar é começar. E o fim é de onde partimos” (T. S. Eliot).


ORAR

Neste primeiro domingo de Advento, a existência cristã está fundamentada sob o signo da espera. A espera de um duplo acontecimento e de uma dupla vinda do Cristo: na carne (Natal) e na glória (Juízo Final) e estes dois acontecimentos, que se entrelaçam, só podem ser vividos na esperança. E esta espera/esperança está centrada na mesma pessoa: o Cristo. O profeta anuncia que a justiça de Deus é manter as promessas que fez em favor do seu o povo. E o Senhor não quer faltar à palavra dada, pois a justiça tem o mesmo rosto de sua misericórdia. O tempo do Advento é o tempo para que nos purifiquemos de todos os ídolos que nos são oferecidos cotidianamente: as aparências, os status, os poderes. O cristão conjuga o verbo esperar não como uma esperança vaga e modesta, mas como uma esperança audaz que tem como raiz o dom que, em Cristo, nos vem de Deus. O cristão não foge da existência cotidiana, mas está sempre atento para não ser pego desprevenido e nem distraído. O cristão alimenta a sua lucidez diante das inúmeras seduções que o possam desviar do desígnio de Deus e, desta maneira, fazê-lo perder o sentido do caminho a ser seguido. Somos chamados a termos “nossas cinturas cingidas e as lamparinas acesas” (Lc 12, 35), uma vez que, como sentinelas, não nos cabe um minuto de desatenção e nem de descanso, pois deveremos estar “em pé diante do Filho do Homem”. E o Senhor nos promete “que essa humanidade se emancipará da escravidão da corrupção, para obter a liberdade gloriosa dos filhos de Deus” (Rm 8, 20). Neste domingo, é preciso proclamar que o amor que se encarna é o mesmo que nos julgará pelo amar que conseguimos. O tempo de Advento é um tempo de crise; uma ruptura com a nossa mediocridade e um mergulho no amor e na prática do amor, pois só conhecemos, quase que plenamente, a existência daqueles que amamos. Meditemos as palavras de Ernesto Cardenal, monge trapista da Nicarágua: “Dentro de nós está o amor. Deus está louco de amor e, portanto, seu comportamento é imprevisível. Em qualquer momento o Amante pode cometer um disparate, porque como todo o que ama, não raciocina. Está bêbado, embriagado de amor”. Ou, em bom espanhol: “Dios está borracho de amor!”.


CONTEMPLAR

Madona com a Criança, Luis de Morales, c. 1570, óleo sobre painel, 84 x 64 cm, Museu do Prado, Madri, Espanha.

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