O Caminho da Beleza 04
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
IV Domingo do Advento 23.12.2012
Mq 5, 1-4 Hb 10,
5-10 Lc 1, 39-45
ESCUTAR
“Ele não recuará,
apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus:
os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até aos confins da
terra, e ele mesmo será a Paz” (Mq 5, 3-4).
“Eu vim para fazer a
tua vontade” (Hb 10, 9).
“Bendita é tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42)
MEDITAR
“Sem o amor, tão
difícil de praticar, a vida se reduz a um combate incessante para possuir e se
defender dos outros” (Anthony Burgess).
“O grande inimigo, o
inimigo número um do mundo moderno, é o tédio” (Teilhard de Chardin).
ORAR
A pequena aldeia de Belém
significava pouco entre as cidades da Judéia e, no entanto, Deus colocou seu
olhar precisamente neste lugar insignificante para nele realizar um
acontecimento decisivo. As escolhas de Deus jamais estão determinadas por
critérios de grandeza e de importância mundanas. A pequenez constitui o terreno
fértil em que germina e se desenvolve a obra divina. As coisas sem importância
chamam a atenção do Senhor. O evangelista nos apresenta o encontro de Maria e
Isabel. Maria é apresentada numa postura dinâmica: de caminhar, de encontrar e
de louvar a Deus. Ela simboliza uma Igreja que jamais poderá ser fixada numa
imagem estática. A Igreja deve estar em marcha pelos caminhos dos homens para
levar Alguém e não deve falar de si mesma, mas do Outro. O Cristo começou a ser
itinerante desde o ventre materno e graças aos passos de sua mãe caminha pelas
veredas do mundo. No encontro entre Isabel, anciã estéril, e Maria, jovem
virgem, existirá um pacto das entranhas que nos revela que “nada é impossível
para Deus” (Lc 1, 37). A visitação se liga intimamente à anunciação. A
visitação é a epifania, a manifestação do sinal anunciado de que se acabara o
tempo das preparações e das esperas, de que se cumprira a promessa e de que o
Senhor visitará o seu povo. A visitação é o abraço amoroso, o encontro e o
cumprimento pleno de duas histórias: a de Isabel que se completa e a de Maria
que se inicia. O pacto de Deus está vingado em Jesus, pois as entranhas da sua
mãe são a Arca da Aliança, tecendo o Salvador, agora e sempre, para todos os
habitantes da Terra. O que do ponto de vista humano é limitação, impedimento,
se converte em possibilidade quando intervém Deus, Senhor do Impossível. Neste
encontro se realiza o que o anjo anunciara a Zacarias a respeito de João:
“Ficará cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe” (Lc 1, 15). No
encontro destas duas mulheres grávidas a
profecia é vingada, João dança de alegria no ventre de Isabel e Maria será
chamada de Bem-Aventurada porque acreditou que a Palavra do Senhor seria
cumprida. Maria não é uma mulher que sabe, mas uma mulher que crê. O Natal, no
fundo, é um Deus que mantém a palavra e busca gente disponível, como Maria, que
se agarre a esta Palavra. No Natal, Deus diz: “Aqui estou!” e seria estranho
que o homem não se deixasse encontrar. E, finalmente, Maria “recebendo aos pés
da cruz o testamento do amor divino assumiu todos os seres humanos, como filhos
e filhas, renascidos para a vida eterna, pela morte do Cristo” (Prefácio de
Nossa Senhora).
CONTEMPLAR
Visitação, Rogier
van der Weyden, c. 1445, óleo sobre carvalho, 36 x 57 cm, Museum der Bildenden
Kunste, Leipzig, Alemanha.
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