O Caminho da Beleza 53
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei
do Universo 25.11.2012
Dn 7, 13-14 Ap 1, 5-8 Jo 18, 33b-37
ESCUTAR
“Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e
línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu
reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7, 14).
“Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os
mortos, o soberano dos reis da terra” (Ap 1, 5).
“Jesus respondeu: ‘Mas o meu reino não é daqui’” (Jo 18, 36).
MEDITAR
“Os membros da Igreja não devem sentir ciúmes, mas se alegrar se
alguém externo à comunidade faz o bem em nome de Cristo, contanto que o faça
com reta intenção e com respeito. Mesmo dentro da própria Igreja pode
acontecer, às vezes, que se custe a valorizar e a apreciar, em um espírito de
profunda comunhão, as coisas boas realizadas pelas várias realidades eclesiais.
Em vez disso, todos devemos ser capazes de nos apreciar e estimar
reciprocamente, louvando o Senhor pela infinita ‘fantasia’ com a qual ele age
na Igreja e no mundo”(Bento XVI, Angelus
30.09.2012).
“Somos tentados, a Igreja inteira é muitas vezes tentada a fazer de
Jesus um rei deste mundo e de garantir o seu império como os daqueles reis
deste mundo. Outras vezes, a Igreja é também tentada a fazer um deus ou um
filho de Deus de um rei deste mundo ou de um imperador. Mas sempre este rei de
zombaria desvela a sua mentira e Deus ri diante da vaidade desvelada” (Cardeal
Lustiger).
ORAR
Tudo o que está abaixo das nuvens do céu, o mal, a
desordem, a prepotência, as tiranias de todos os tipos, a violência, saem do
fundo do abismo e ainda que sejam realidades dominantes e terríveis são
provisórias. Elas serão definitivamente derrotadas por Aquele quem vem “entre
as nuvens do céu”. Jesus, o Traspassado na Cruz, é a expressão suprema do amor
que se dá e que, por sua vez, traspassa todo poder mundano para fazer vingar no
mundo a força irresistível do amor. Tantas vezes nos colocamos à margem do
Crucificado e O impedimos de traspassar o nosso orgulho, a nossa presunção, o
desejo de supremacia, a imposição das ideias. Precisamos, definitivamente,
aprender que o que é relevante nesta dimensão do poder civil e religioso não
tem nenhuma consistência, nem valor algum na perspectiva do Reino de Deus. Tantas
vezes queremos e produzimos reis para
depositarmos nossas esperanças. Em nome deles, os homens batalham entre si,
condenam para assegurar a justiça; assassinam para proclamar o direito;
denunciam para acreditar que dizem a verdade; roubam para garantir a equidade;
mentem para não serem punidos e as igrejas abençoam os seus canhões para que se
matem, uns aos outros, a fim de conquistar a paz. E quando morre o rei, isso
não vale nada, pois “um rei morto não vale um cão vivo” (provérbio ancestral).
Olhar na direção do Traspassado (Jo 19, 37) significa querer seguir tão somente
a lógica do amor e descobrir que tudo o que está em oposição a esta lógica nos
coloca ao lado dos que traspassam. Não podemos querer construir o Reino de Deus
calcando-o sobre os modelos, os estilos e os programas dos reinos da terra. Não
podemos sacralizar nenhum deles que existiu, existe e ainda vai existir para
encobrir o Mistério do Amor, o único reino verdadeiro. Jesus se apresenta como
semador, pastor e pescador. Semeia sementes de várias espécies, pastoreia todos
os tipos de ovelhas e manda lançar a rede para alcançar uma variedade de
peixes. O Reino de Deus acolhe a diversidade e a pluralidade dos que amam e dão
testemunho da verdade deste amor. Jesus nos entrega o élan vital de um amor
como convicção, que chamamos fé; de um amor como ação transformadora que
nomeamos esperança. Basta de utilizarmos a Cruz do Cristo, símbolo inequívoco
da recusa à violência, para impor à força os direitos de uma Cristandade como
se, com isto, conquistássemos espaços para o Reino. Jesus é enfático diante do
poder romano: “Mas, o meu reino não é daqui” e nesta conjunção adversativa,
desta minúscula partícula mas nos faz
compreender o Seu Reino. Este mas é a
pedra áspera com que devemos bater no peito até que nossa boca possa dizer, com
convicção, diante do Traspassado: “Sim, amém!”.
CONTEMPLAR
Cristo destacado da cruz,
século XII, madeira com traços policromados, 155 x 168 x 30 cm, Museu do
Louvre, Paris, França.
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