O Caminho da Beleza 52
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXXIII Domingo do Tempo Comum 18.11.2012
Dn 12, 1-3 Hb 10, 11-14.18 Mc 13, 24-32
ESCUTAR
“Naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, defensor dos
filhos de teu povo” (Dn 12, 1).
“Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos
debaixo de seus pés” (Hb 10, 13).
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc
13, 31).
MEDITAR
“Todos os pequenos atos vividos de amizade são pequenas joias. Como o
diamante, são forjados no fogo das provas e do despojamento. Como o diamante,
são indestrutíveis. Quando o sopro do Espírito habita um homem, ele nada teme,
nem mesmo a morte”(Soeur Emmanuelle).
“Hoje não existem deuses que possam ser explicitamente definidos como
tais. Porém existem forças diante das quais o homem se dobra. O capital, a
propriedade em geral, bem como a ambição, são algumas delas. O bezerro de ouro é,
sob diversos aspectos, de grande atualidade no mundo ocidental. O risco existe
de nos reduzirmos a uma tecnocracia cujo único critério seria o aumento do
consumo”(Bento XVI).
ORAR
Os textos “apocalípticos” podem nos conduzir a dois
tipos de leitura: à dos anunciadores de desventuras e experts em catástrofes ou à dos semeadores da esperança e
construtores do futuro. O papa João XXIII discursava na abertura solene do
Concílio Ecumênico Vaticano II, em 11 de outubro de 1962: “As pessoas só veem
desastres e calamidades nas condições em que atualmente vive a humanidade.
Temos o dever de discordar desses profetas da miséria, que só anunciam
infortúnios, como se estivéssemos no fim do mundo”. Há sempre sinais de alegria
nestes tempos “apocalípticos”. No profeta, os que dormem no pó da terra
despertarão e os sábios brilharão como o firmamento. No evangelho, entre os
escombros e as cinzas brotará uma figueira com seus ramos verdes como um
presságio de primavera e dos frutos de verão. Deus tem a última palavra e é uma
palavra que não passa e julgará a História. Estamos sempre diante da
alternativa de escolher entre perspectivas contrastantes: boas ou más notícias;
o fruto seco ou folhas verdes; o relâmpago que cega ou a luz delicada de algo
que começa. O mais importante é saber que o Senhor está “próximo, às portas”;
que o mundo novo já está presente dentro de nós e que na fragilidade do coração
está o futuro e o eterno. A “palavra que não passa” nos garante que Deus nos
chama à vida e que a chamada se coloca tanto no princípio como no final e se
dispõe para a gente no meio da travessia. Devemos alimentar a certeza de que um
dia chegará a Vida definitiva, sem espaço nem tempo, e viveremos no Mistério de
Deus. O sol, a lua e os astros se apagarão, mas o mundo não restará sem luz.
Será o Cristo quem o iluminará para sempre pondo a verdade, a justiça e a paz
na história humana tão escrava dos abusos, das injustiças e das mentiras. Jesus
adverte que o fruto de uma doutrina petrificada, de uma ideologia sustentada
pelo terror, de uma religião fundamentalista sempre nos conduz à guerra e que
diante da ruína só dispomos de um lugar de esperança: o coração. Para os
cristãos, a Cruz que devem abraçar todos os dias não é derrota nem malogro, mas
o advento do Humano que nos conduzirá à Vida Eterna ao destruir os poderes da
Morte: “No mundo passareis por sofrimento e tribulações, mas tende ânimo e
coragem, pois Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33). E o Filho do Homem transformará
“o deserto num Éden, o ermo em paraíso do Senhor; aí haverá prazer e alegria, com
ação de graças ao som de instrumentos” (Is 51, 3) e, para sempre, a profecia se
cumprirá: “O lobo e o cordeiro andarão juntos, a pantera se deitará com o
cabrito, o bezerro e o leão engordarão juntos; um menino os pastoreia” (Is 11,
6).
CONTEMPLAR
Reino Pacífico, Edward Hicks,
1834, óleo sobre tela, National Gallery of Art, Washington, Estados-Unidos.
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