O Caminho da Beleza 45
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXVI Domingo do Tempo Comum 30.09.2012
Nm 11, 25-29 Tg 5, 1-6 Mc 9, 38-43.47-48
“Moisés respondeu: ‘Tens ciúmes
por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe
concedesse o seu espírito’” (Nm 11, 29).
“Vede: o salário dos
trabalhadores que ceifaram os vossos campos, que vós deixastes de pagar, está
gritando, e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor
todo-poderoso” (Tg 5, 4).
“Quem não é contra nós é a nosso
favor. Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque
sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa” (Mc 9, 40-41).
“A paz exige um estado de
espírito que, antes de se dirigir aos outros, se reflete sobre aquele que quer
ser um agente de paz. Antes de ser social, a paz é pessoal. É este espírito de
paz que constitui um dever para todo verdadeiro discípulo de Cristo” (Papa
Paulo VI).
“Enquanto os cristãos não
procurarem a unidade e a paz em seu próprio coração, jamais a própria Igreja
estará na unidade e na paz no mundo que os rodeia” (Cardeal Newman).
As leituras
desta liturgia falam de uma mentalidade sectária que é um pecado contra o
Espírito. Na narração evangélica, particularmente, estabelece-se um estridente
contraste entre a mesquinharia dos apóstolos, seu espírito de grupo e a
amplitude da tolerância de Jesus. A tolerância e o ecumenismo de Jesus
constituem as premissas para liberar a primeira comunidade do sectarismo
mesquinho e introvertido. Deus dá com largueza e seu Espírito atua,
imprevisivelmente, em territórios sem fronteiras. O espírito sectário,
exclusivista, que é uma degeneração, é caracterizado pela mesquinharia, pela
intolerância e pela agressividade. Jesus nos ensina a acolher o outro e a aceitá-lo
na sua diversidade com os seus valores. O Concílio Ecumênico Vaticano II
declarou: “A Igreja Católica não rejeita o que é verdadeiro e santo em todas as
religiões. Considera suas práticas, maneiras de viver, preceitos e doutrinas
como reflexo, não raramente autêntico, da verdade que ilumina todos os seres
humanos, ainda que se distanciem do que ela crê e ensina”(Nostra Aetate 2). Temos que acreditar que o Espírito semeia o bem,
a bondade, a verdade, a justiça e a fidelidade também fora do nosso campo de
ação. Há um detalhe importante: os setenta destinatários primitivos do Espírito
deixaram, imediatamente, de profetizar talvez por estarem empenhados em
disciplinar o dom, fixando regras e excomungando os diferentes. Jesus revela que
quando nos ocupamos, excessivamente, de nós mesmos, de nossas coisas, o
Espírito suscita alguns “não autorizados” a nos mostrar que a regra válida não
é a apropriação, mas a participação. Por isso, os que excluem, acumulam e
cobiçam são, cada vez mais, como o gado engordando para ser abatido e, com
certeza, terão o fim anunciado pelo profeta Isaías: “Teu esplendor foi jogado
na sepultura, teu colchão agora é de vermes; teu cobertor, lombrigas” (Is 14,
11).
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