O Caminho da Beleza 42
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXIII Domingo do Tempo Comum 09.09.2012
Is 35, 4-7 Tg 2, 1-5 Mc 7, 31-37
“Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai
ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a
recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar’” (Is 35, 4).
“Meus irmãos, a fé que tendes em
nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas. Meus
queridos irmãos, escutai: não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem
ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?”(Tg 2, 1.5).
“Trouxeram então um homem surdo,
que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. Jesus
afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida colocou os dedos nos
seus ouvidos, cuspiu e, com a saliva, tocou a língua dele. Olhando para o céu,
suspirou e disse: ‘Efetá’, que quer dizer: ‘Abre-te’” (Mc 7, 32-34).
“É o orgulho que provoca as
tensões e as lutas pelo prestígio, pela predominância e egoísmo; é ele que rompe a fraternidade” (Paulo VI).
“Devemos amar todos os homens,
mas devemos nos inclinar mais para os que o mundo esquece, desdenha e rejeita:
os pobres, os pequenos e os sofredores” (Charles de Foucauld).
A imagem é de
desolação: do jardim plantado por Deus restam o deserto e um mostruário das
misérias humanas: cegos, surdos, mudos, coxos. O profeta aponta uma visão
luminosa e aparentemente utópica: “A terra árida se transformará em lago, e a
região sedenta, em fontes d’água”. E esta visão é culminada no gesto concreto
de cura realizado por Jesus. Somente quando pudermos ouvir o grito do pobre e
do desesperado é que estaremos curados da surdez e poderemos anunciar a palavra
profética. Não podemos ser uma Igreja formada por covardes de coração. Temos
que romper a crosta de desumanidade e fazer circular uma mensagem de vida, de
paz e de misericórdia. Jesus abre os ouvidos e os lábios e, tantas vezes,
queremos somente abrir as orelhas e manter, por questão de segurança pessoal e
religiosa, o silêncio da palavra. Temos que nos abrir para a compreensão
profunda das pessoas e garantir aos que estão submetidos e obrigados unicamente
à escuta o direito de falar. Tiago adverte que uma Igreja calcada nas
cerimonias das honras mundanas obscurece a glória de Deus. Somos chamados a
virar este mundo virado, um mundo que perverteu os símbolos da vida: bajulamos
os que ostentam riquezas e educamos nossos filhos para que sejam como eles, sem
nos dar conta de que as Escrituras afirmam: “Quem ama o dinheiro nunca se
fartará de dinheiro” (Ecl 5, 9) e que “na verdade, a raiz de todos os males é o
amor ao dinheiro” (1 Tm 6, 10). Meditemos as palavras do Papa Bento XVI:
“Talvez os homens possam perceber que contra a ideologia da banalidade, que
domina o mundo, é necessária uma oposição. À Igreja cabe o papel de oposição
profética e ela precisa e terá coragem de assumir este papel. ‘Adulta’ não é
uma fé que segue as ondas da moda e a última novidade. Adulta e madura é uma fé
profundamente radicada na amizade com Cristo”. Deus não faz acepção de pessoas.
Samuel jamais poderia imaginar que dos oito filhos de Jessé não seria o
primogênito, alto em estatura e garboso em porte, o escolhido para ser rei, mas
o pequeno Davi que cuidava das ovelhas, pois o Senhor lhe disse: “Não repare as
aparências nem sua grande estatura. Eu o rejeito. Porque Deus não vê como os
homens, que veem a aparência. O Senhor vê o coração” (1 Sm 16, 7ss). A escolha
de Deus pelos pobres não é uma preferência, mas a escolha de uma missão: “Deus
escolheu os pobres e desprezados do mundo, os que nada são, para anular os que
são alguma coisa. E assim ninguém poderá orgulhar-se diante de Deus”(1 Cor 1,
28-29).
Ishmael-Aga-Akbar, o menino surdo-mudo iraniano, Mariam De Giorgio,
tinta e guache preto e laranja, Malta, 2009.
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