O Caminho da Beleza 43
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
“Mas o Senhor Deus é meu
Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível
como pedra, porque sei que não sairei humilhado. Vejamos. Quem é meu
adversário? Aproxime-se. Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que vai me
condenar?” (Is 50, 7-9).
“Meus irmãos, que adianta alguém
dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de
salvá-lo? A fé se não se traduz em obras, por si só está morta. Em compensação,
alguém poderá dizer: ‘Tu tens a fé e eu tenho a prática! Tu, mostra-me a tua fé
sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras’” (Tg 2, 14.17-18).
“Então Pedro tomou Jesus à parte
e começou a repreendê-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e
repreendeu a Pedro, dizendo: ‘Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas
como Deus, e sim como os homens’” (Mc 8, 32-33).
MEDITAR
“A força do amor é também sua
fraqueza: o amor sempre é vulnerável. Se ele quiser parar de sê-lo, ele se
renega. O amor que quer se defender ou se justificar se transforma no seu
contrário: o ódio. Sua fraqueza é a maior força do mundo: a fraqueza do Cristo”
(Cardeal Jean Marie Lustiger).
“Morrer para uma religião é mais
simples do que vivê-la plenamente” (Jorge Luis Borges).
ORAR
Pedro nega o
Servo do Senhor e a profecia de que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser
rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei. Jesus encara
Pedro abertamente e compromete os discípulos tomando-os como testemunhas: “Vai
para longe mim, Satanás!”. Pedro não aceita participar de uma causa perdida e
nem assumir uma mentalidade de fracassado. E ao recusar a lógica da paixão se
coloca longe do Senhor. Na lógica da Cruz, a glória, a importância e o
prestígio numa dimensão terrena são precisamente o oposto de tomar a cruz e
negar-se a si mesmo. Não se pactua com Satanás e a sua derrota se dá no terreno
do Calvário. O Servo do Senhor não se rebelou e nem desviou o rosto dos bofetões
e cusparadas. Jesus testemunha que em todas as nossas obras é necessária a
negação de si mesmo, a recusa de toda vontade de poder, de êxito e de
publicidade. A fé é vida, páscoa, alegria e um abrir-se ao Deus infinito:
“Sede, portanto, perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5, 48). A fé
que não se pretenda estéril deve ser orientada para a prática do amor e da
solidariedade. Tiago nos previne que as “belas palavras” são vento e hipocrisia
se não trazem lenitivo ao sofrimento dos nossos irmãos. Cada vez que Jesus
evoca a sua Paixão é incisivo: “Quem se empenha em salvar a vida, a perderá;
quem perder a vida por mim, a encontrará” (Mt 16, 25). Os atos são a respiração
da fé, pois a fé não é uma bagagem, mas um caminho pelo qual, graças à atenção
dada aos nossos irmãos, descobrimos o próprio Deus. Meditemos as palavras de
Roger Garaudy, filósofo marxista, precursor do diálogo cristão-marxista em
tempos de Vaticano II e, posteriormente, convertido ao cristianismo e, em
seguida, ao budismo: “Vós, os detentores da grande esperança que Constantino
nos roubou, gente de Igreja, devolvei-O a nós. A sua vida e sua morte também
nos pertencem, pertencem a todos aqueles para os quais têm sentido. A nós que
aprendemos dele que o homem é criado criador”. Nestes tempos de diálogo
inter-religioso, o Cristo não deve e nem pode ser um obstáculo ou um muro que
nos separa, mas o símbolo da união, da fraternidade e do amor. Devemos aceitar,
no seu seguimento, sermos pequenos grãos de trigo que, ao cair na terra, morrem
para não ficar sós, mas para produzir muitos frutos (Jo 12, 24). Satanás anda
no meio de nós, oferecendo-nos alternativas para que não tenhamos que entregar
nossas vidas até o fim, para que desistamos do caminho um dia escolhido. Satanás
nos oferece vantagens, seduz-nos com as honrarias dos homens, facilita-nos o
ganho fácil e a ostentação do sucesso. O Cristo nos oferece o lenho da Cruz, a
abominação, a dor e, finalmente, o Reino dos Céus.
CONTEMPLAR
A Crucifixão de São Pedro, Michelangelo Merisi, Caravaggio, 1600-01,
óleo sobre tela, 230 x 175 cm, Capela Cerasi, Santa Maria del Popolo, Roma,
Itália.
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