quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Caminho da Beleza 25 - III Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 25


Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



III Domingo de Páscoa            08.05.2011
At 2, 14.22-33                   1 Pd 1, 17-21                       Lc 24, 13-35



ESCUTAR

“Deus ressuscitou esse mesmo Jesus e disso todos nós somos testemunhas. E agora, exaltado pela direita de Deus, Jesus recebeu o Espírito Santo que fora prometido pelo Pai e o derramou, como estais vendo e ouvindo” (At 2, 32-33).


“Se invocais como Pai aquele que, sem discriminação, julga a cada um de acordo com as suas obras, vivei então respeitando a Deus durante o tempo de vossa migração neste mundo. Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais não por meio de coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1 Pd 1, 17-19).


“Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’” (Lc 24, 30-32).



MEDITAR

“Deus come os corações com alegria: queres dar-lhe um banquete? Oferece-lhe o teu coração! Ele o apreciará eternamente” (Angelus Silesius, O Peregrino Querubínico).


“O Senhor Jesus Cristo esteja junto de ti para te proteger: à tua frente para te conduzir; atrás de ti para te guardar; acima de ti para te abençoar. Ele que com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos. Amém.” (Antiga benção monástica aos enfermos, séc.VI).

ORAR

            O nosso crescimento pascal passa por Emaús, lugar dificilmente identificado na geografia física, mas facilmente identificado na geografia eclesial. É no vai e vem de Jerusalém a Jerusalém que o Ressuscitado se desvela aos dois discípulos pela interpretação das Escrituras e pela fração do pão. O itinerário de Emaús é itinerário tanto da iniciação cristã como o da celebração litúrgica.
            O caminho de Emaús nos faz confrontar uma das realidades mais comuns e desvalorizadas da vida cristã: a cegueira do coração. As explicações mais convincentes não são as que sacodem nosso cérebro, mas as que levam fogo ao coração e só podemos dizer que a palavra de Deus foi escutada e que ilumina o caminho quando faz arder o nosso coração.
            Pedro nos conclama a antecipar o futuro com um estilo de vida peculiar: interpretar, cotidianamente, a própria existência como uma transformação permanente, um êxodo que nos faz superar o conformismo mimético que nos reduz a um cristianismo vulgar e repetitivo. Celebramos a Páscoa do Ressuscitado não porque fomos confessar e comungar ao menos uma vez por ano, mas porque nos encontramos impossibilitados de voltar atrás assim como aconteceu aos judeus quando o Mar Vermelho se fechou, definitivamente, às suas costas.
            Emaús somos nós a caminho: ricos em informação, mas precários para compreender e interpretar o seu significado. Cléofas e o seu amigo contam a história do Cristo exatamente como aconteceu, mas parece uma narrativa na obscuridade, uma história de uma grande ilusão, quando esta história é lida à margem da luz da Ressurreição: “Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas apesar de tudo isso, já faz três dias que essas coisas aconteceram”, ou seja, “Lástima que tudo tenha terminado assim”. Eles só falam de Sua morte e como tudo se acabou com ela e nem suspeitam de uma outra realidade possível.
            O caminho de Emaús nos revela que a eucaristia não tem um sentido individualista e muito menos pode se tornar uma evasão espiritualista para as nossas questiúnculas pessoais. Os dois que caminham em Emaús haviam se separado da comunidade, mas por sorte Jesus nos alcança quando nos afastamos e nos encontra quando fugimos. A Igreja de Jesus não é um grupo reunido para fins humanitários, não é uma entidade de serviço, nem uma ong para ideais filantrópicos ou para atrair serviços voluntários. A comunidade eclesial se reúne e se congrega em torno de uma pessoa: Jesus Cristo. Somos chamados, como comunidade celebrante, a assumir um compromisso de justiça e solidariedade na construção de uma sociedade onde o pão não seja roubado pela violência e nem sonegado pela injustiça e pela ganância.
            O caminho de Emaús nos revela que a hospitalidade é o sinal da fraternidade e ela nos impele ao exercício e à prática do amor: “Não esqueçais a hospitalidade, pela qual alguns, sem o saber, hospedaram anjos” (Hb 13, 2); “Eu era forasteiro e você me acolheu” (Mt 25, 35). Apesar de tudo, somos preguiçosos diante da graça da hospitalidade e, no entanto, o reino de Deus é uma grande festa de bodas em que todos são convidados para comer e beber gratuitamente.
            São Gregório Magno nos interpela: “Devemos acolher com hospitalidade o Cristo presente no forasteiro para que no dia do julgamento Ele não nos ignore como estrangeiros, mas nos receba como irmãos em seu Reino” (Homilia 23).

CONTEMPLAR

Emaús, Cláudio Pastro, Brasil.


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