segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Caminho da Beleza 28 - VI Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 28
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).


Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



VI Domingo da Páscoa             29.05.2011
At 8, 5-8.14-17                  1 Pd 3, 15-18                      Jo 14, 15-21



ESCUTAR


“Naqueles dias, Filipe desceu a uma cidade da Samaria e anunciou-lhes o Cristo. As multidões seguiam com atenção as coisas que Filipe dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia” (At 8, 5-6).


“Caríssimos, santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir” (1 Pd 3, 15-18).


“Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós” (Jo 14, 15-17).



MEDITAR


“Um único olhar, um único pensamento, um único batimento do coração têm uma dimensão infinita. O Amor transfigura todos os cálculos e estatísticas. Não somos mais uma gota impessoal no oceano, mas uma vida insubstituível e um destino que tem o seu próprio valor” (André Dupleix).


“Deus habita no imprevisível. Sempre presente, Deus participa na nossa história, no nosso crescimento. Ele nunca marca um encontro prévio, pois Ele ama nos surpreender, nos manter a caminho e nos maravilhar” (François Gervais).



ORAR


Os textos de hoje revelam a universalidade da dinâmica do Espírito de Amor e de Esperança. Filipe havia sido proscrito de Jerusalém e é na Samaria, considerada pelos judeus um país herético, que será acolhido, com imensa alegria, o Evangelho que ele anuncia. Ser difamado por uns e acolhido por outros é parte constitutiva da dinâmica cristã. Uma questão é colocada sempre para nós: teremos um futuro após a Cruz? A resposta é uma promessa: o dom do Espírito que é o Defensor e o Consolador como a memória pascal e viva do Cristo. Após a ressurreição, esta presença não está mais restrita a um lugar, a nenhum tempo e nem está submetida às contingências da vinda histórica do Cristo. O Evangelho nos garante que o amor será plenificado com o Espírito da Verdade e, em hebraico, a palavra émet – verdade – significa algo em que se pode confiar e que resiste à usura do tempo. O padre Congar exortava que “Deus Pai, pelo seu Espírito, faz com que Cristo habite em nossos corações, isto é, nessa profundeza de nós mesmos onde se forma a orientação de nossa vida”. Além das Escrituras e dos Sacramentos, a presença visível do Senhor também se faz pelo compromisso e engajamento, em seu nome, a serviço da humanidade. É o seu Espírito que nos arranca do imobilismo e da fixação ao passado, seja ele o das palavras e atos de Jesus, pois o Cristo Ressuscitado está sempre presente e é o nosso futuro. Jesus, nos seus discursos de despedida, não nos deixa uma doutrina, um manual de instruções e muito menos um código. Jesus nos deixa um único desejo: que amemos! A Igreja de Jesus só é de Jesus quando é a Igreja do Amor. O papa Bento XVI é enfático: “No cristianismo não pode existir lugar para uma religião puramente pessoal, pois na medida em que a religião se torna um assunto puramente pessoal, ela perde a sua própria alma. É necessário resistir a toda tendência que considere a religião como um fato privado. Só quando a fé impregna cada aspecto da vida, os cristãos se abrem verdadeiramente à força transformadora do Evangelho” (Discurso aos bispos norte-americanos, 2008). “Se me amais”, diz o Senhor, todos os atos estão autenticados, pois estão escritos na linguagem do amor e não estaremos órfãos, uma vez que o Espírito estará sempre conosco e mais ainda: “vós em mim e eu em vós”. A comunidade eclesial é peregrina e não uma igreja que se exila ao se fechar sobre si mesma. A Igreja de Jesus, apresentada neste domingo, é uma Igreja do amor, da interioridade e da ternura feita tolerância, lealdade e generosidade, mas sobretudo uma Igreja da coerência: “Estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”. E “dar razão” não é simplesmente responder, mas apresentar fatos concretos da nossa prática de amar. A relação com o Cristo atinge a sua maturidade quando está intimamente ligada à experiência da fé e a uma mudança radical de vida. Neste domingo, oremos com as palavras de Santa Edith Stein: “Teu corpo atravessa misteriosamente o meu e tua alma une-se a minha; então eis que não sou mais o que, há pouco tempo, fui. Tu vens e tu vais, mas deixas atrás de ti a semente para a vida eterna que virá enterrada num corpo de poeira”.



CONTEMPLAR


O Consolador, C. Michael Dudash, 2002, óleo sobre linho, 24” x 16,5”, Pennsylvania, Estados-Unidos.





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