segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Caminho da Beleza 26 - IV Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 26
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).


Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



IV Domingo da Páscoa                        15.05.2011
At 2, 14.36-41                  1 Pd 2, 20-25                     Jo 10, 1-10



ESCUTAR

“Com muitas outras palavras, Pedro lhes dava testemunho e os exortava dizendo: ‘Salvai-nos dessa gente corrompida!’” (At 2, 40).


“Também Cristo sofreu por vós, deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos” (1 Pd 2, 21).


“O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).



MEDITAR

“Minha oração tira a sua força da minha esperança e não dos meus medos. O que será me concedido depende da minha abertura, do meu abandono, da minha capacidade de me deixar surpreender. Se aceito acolher o imprevisível, obterei, talvez, mais do que teria pedido” (François Gervais).


“Sejais assíduos na oração e na meditação. Continuai, pois, a progredir neste exercício de amor para com Deus. Dêem a cada dia, um passo a mais: de noite, na fraca luz da lâmpada, entre as fraquezas e na aridez espiritual; ou de dia, na iluminação e na alegria que maravilha a alma” (Pe. Pio).



ORAR

Ao cair da tarde nas montanhas de Jerusalém, os pastores chamam, cada um, o seu rebanho. Ao ouvirem a voz, as ovelhas entram no redil de pedras baixas e o pastor deita o seu corpo fechando a entrada para que não entrem as feras e nem os ladrões. O pastor se coloca em risco de morte ao servir de porta ao redil. Esta entrega possibilita que o rebanho tenha a sua vida garantida e possa vivê-la abundantemente. Logo após a Ressurreição, as portas trancadas pelo medo se abrem e se tornam uma única porta e passagem: o Cristo Ressuscitado. Ele é o primeiro que passa para a Vida abrindo o caminho para todos. O Cristo cumpriu a promessa de Deus inscrita na palavra dos profetas e, como um pastor, fez sair o povo da sombra da morte. Ele nos salva desta “gente corrompida”, os usurpadores que deturpam a Palavra em seu proveito e em detrimento dos que lhes foram confiados. São os que jamais se convertem e após ouvirem a Palavra sabem perfeitamente o que os outros devem fazer e lhes cobram com rigor o que, eles mesmos, não fazem. Pedro nos lembra as feridas do Cristo que nos curou e que, por esta razão, não temos o direito de submeter os outros às nossas próprias feridas ao levantar a voz, mostrar as nossas unhas e dentes, franzir o cenho e nos cobrir com o ácido corrosivo do rancor. Tudo isto nos coloca fora do mistério pascal. O evangelho apresenta o Cristo como o Bom Pastor e a porta por onde passa o rebanho tem um duplo movimento: o de abrir e o de fechar. Este Jesus é uma porta de exclusão para os assaltantes e ladrões que buscam seus interesses, mas é uma porta de acesso aos verdadeiros pastores que se entregam para garantir a vida do rebanho. O Cristo é a porta que nos dá acesso a um espaço de liberdade e de intimidade, pois as ovelhas, em comum, se alimentam, antes de mais nada, da liberdade que encontram no redil. Este redil não é uma prisão em que a relação com o pastor é jurídica, ritual ou doutrinal, mas uma relação vital e livre, pois somos chamados à liberdade de amar e não a viver confinados em qualquer redil que nos proteja do risco de viver. É o ser do pastor que atrai e não a sua função ou cargo. O que mais conta é o vínculo que estabelece com as pessoas ao valorizar o espaço próprio de cada uma para que possa expandir o que é. O pastor garante o movimento das ovelhas. O primeiro pastor de Israel (Sl 80, 2.9-10) fez sair o seu povo do Egito e com ele permaneceu neste êxodo. O Cristo-Pastor precede o rebanho e caminha diante dele num caminho de libertação contínuo e o ensina a se fazer surdo às vozes dos estranhos que sempre tentarão oprimir, angustiar e culpabilizar suas ovelhas ao submetê-las a um redil rigidamente fechado, dogmático e ilusório para que o rebanho, acreditando estar seguro, tenha a sua vida em liberdade comprometida. É necessário afinar os ouvidos para escutar a Sua voz como Madalena na manhã de Páscoa. A silhueta do jardineiro não lhe dizia nada até que escutou a voz do Amado a chamar o seu nome: “Maria!” (Jo 20, 16). O Ressuscitado chama os seus pelo nome, pois eles lhe pertencem e para estes partilha o seu corpo como pão e se torna um bálsamo derramado sobre as chagas da humanidade. Jesus nos chama a sermos sinais sacramentais desta salvação: pão e bálsamo, amor e consolação, mistérios insondáveis do dom da vida. A Eucaristia condensa e consagra, no sinal mais pobre e simples do pão partido, todo o drama da história humana, pois o desprendimento da nossa própria vida aos outros é o que nos salva. A voz do Bom Pastor não faz barulho, não grita e nem alardeia pelas ruas (cf. Is 42,2), pois a voz do Ressuscitado fala nos campos e nos jardins.



CONTEMPLAR

O Bom Pastor, Daniel Bonnell, óleo sobre tela, 24” x 48”, Carolina do Sul, Estados-Unidos.







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