Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
Domingo da Páscoa na
Ressurreição do Senhor
At
10, 34.37-43 Cl 3, 1-4 Jo 20, 1-9
ESCUTAR
“E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e mortos” (At 10, 42).
“Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3, 3-4).
“Ele viu e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 8-9).
MEDITAR
Toda história da salvação poderia ser descrita como um drama de amor, como um imenso Cântico dos cânticos. Porém é menos a noiva que procura o noivo que o Deus fiel que procura seu povo adúltero, que procura a humanidade que se desviou dele; ele a procura para ‘lhe falar ao coração’ e reconduzi-la ao seu primeiro amor. Na Páscoa, as bodas são consumadas e no Ressuscitado é a humanidade inteira e o cosmos que se encontram secretamente recriados e transfigurados: o corpo do Ressuscitado é vida pura e não esta mistura de vida e de morte, esta ‘vida morte’ que chamamos de vida.
(Atenágoras de Constantinopla)
(Maurice Zundel)
ORAR
Celebramos hoje a alegria pascal, a aleluia de termos sido criados e renovados na inocência, na liberdade e na gratuidade. A Páscoa não trata de uma vida após a morte e nem de finais felizes. Jesus é o SIM de Deus contra os poderes que O mataram. O Ressuscitado se identifica com a totalidade e a densidade da vida verdadeiramente humana. Ao contrário, os mentirosos, os de falso testemunho, os pervertidos, os ávidos pela acumulação do poder e do dinheiro respondem pelas mortes cotidianas e imperceptíveis que corrompem o Espírito e o Sopro da Vida. São os que se contentam com a psicologia do túmulo, com uma visão de Cristo que lhes apraz e se transformam em múmias de museu. Eles se apegam a uma tristeza melosa que se apodera do coração como o mais precioso “elixir do demônio”. (cf. Evangelii Gaudium, 83). Estão arraigados numa teologia que cheira a naftalina e não a fragrância do nardo puro que enche a casa de perfume (Jo 12, 3). Suas vidas ao invés de ser aromas de Cristo (2 Cor 2, 15) são bafos de sacristia. Somos chamados a um agir cristão que coloca os sinais da Ressurreição para abrir caminhos de liberdade e expansão na história dos homens. Caminhos para a dimensão divino/humana construídos pela coragem de lutar contra todas as formas de morte. Ressuscitar é transcender... A Páscoa é o SIM de Deus a Jesus para que nos tornemos Vida no Cristo e deste SIM de Deus ninguém é excluído, pois o Cristo nos revela uma fé que não conhece fronteiras. No interior do túmulo, um Vivo; no interior da Escritura, o Verbo que se encarna, no interior do Pão partido, uma Presença Real e no interior de Deus, um amor palpitante. No interior de cada um de nós, a sabedoria de que Jesus acolhe nossos passos, nossos caminhos, nossos sonhos, nossas escolhas e nossos segredos. E a alegria do Cristo é saber falar a linguagem plural dos homens, permanecer entre nós por ser Espírito e de ser para todos concretamente, o pão de cada dia. É Páscoa todos os dias em que escolhemos viver pela graça do Cristo Vivo, pois a morte foi aniquilada e nossa vida está, para sempre, escondida, com Cristo em Deus. O Ressuscitado, o Deus que em Jesus se tornou homem, guia a nossa existência e deve nos conduzir a criar um mundo progressivamente mais humano, onde a dignidade, a liberdade e a diversidade de toda criatura são sagradas e invioláveis.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Anastasis, 2003, Arcabas (Jean-Marie Pirot) (1926-), óleo sobre tela, ouro fino 23 quilates, 1,62 m x 1,35m, Saint-Pierre-de-Chartreuse, França.
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