Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
Ramos da Paixão do Senhor
Is 50, 4-7 Fl
2, 6-11 Lc 22, 14-23, 26
ESCUTAR
O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem
voltei atrás (Is 50, 5).
Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está
acima de todo o nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre (Fl 2,
9-10).
Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso
povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei
(Lc 23, 2).
MEDITAR
Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato do
casamento importa mais que o amor, o funeral mais do que o morto, a roupa mais
do que o corpo e a missa mais do que Deus.
(Eduardo Galeano)
ORAR
Nesta entrada triunfal,
revela-se toda a ambiguidade do povo em relação a Jesus. O mesmo povo que O
aclama se aliará às autoridades romanas e judaicas exigindo a sua morte na
Cruz: “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Jesus sempre quis que os lugares santos não
fossem interditos aos pagãos, nem às mulheres e nem aos que eram considerados
indignos. Jesus pregava que o Templo fosse um espaço aberto, um espaço de
compaixão, de bondade, sem discriminação e oferecido a todos. Esta era a razão
da ferrenha oposição dos sacerdotes, dos anciãos e dos fariseus a este “filho
de carpinteiro”. Nesta narrativa da Paixão, todos os homens se comportam de uma
maneira que contradiz a sua vontade. Ninguém faz e nem diz o que realmente
pensa. Pedro não quer renegar o seu Mestre, mas o faz por medo de uma serviçal;
Pilatos lava as mãos e pressionado pelo povo acaba sendo um joguete em suas
mãos; Judas o trai por trinta dinheiros, mas pelas suas últimas palavras amaria
salvá-Lo: “Pequei, entregando à morte um inocente” (Mt 24, 4). O profeta Isaías
exclamava: “Ai dos que tomam as trevas por luz e a luz por trevas” (Is 5, 20).
O Reino de amor, de justiça e de paz continuará infinitamente frágil e ameaçado
enquanto consentirmos em nossos corações neste impulso perverso de dominação
sobre os mais fracos. Nós cristãos, mais do que os outros, devemos fazer o
máximo para aniquilar a miséria atual e futura da humanidade e nos indagarmos:
que tipo de existência individual e coletiva queremos, que não se feche na
busca vã de uma “felicidade” reduzida à maximização do prazer, do poder, do
dinheiro, do corpo ou do conforto? De onde deriva o fato de que as condições de
acesso ao bem-estar tenham se transformado em fins tirânicos? Neste domingo de
Ramos, sejamos como o jumentinho e desatados de todos os nós que nos prendem,
sobretudo, os do escrúpulo, da ignorância e da superstição, não desperdicemos
as nossas vidas, mas façamos delas marcos de fraternidade e gratuidade ainda
que, como Jesus, o padecimento nos espere a fim de “completar, a favor de seu
corpo que é a Igreja, o que falta aos sofrimentos de Cristo (Cl 1, 24)”.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe.
Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Sem Título, 1993, Chien-Chi Chang
(1961-), da coleção de fotos “A Corrente”, feitas num asilo mental, Ilha
Formosa, Taiwan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário