Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XXXII Domingo do Tempo Comum
Sb 6, 12-16 Ts
4, 13-18 Mt 25, 1-13
ESCUTAR
A
Sabedoria... é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada
por aqueles que a procuram (Sb 6, 12).
Nós
que fomos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em
relação aos que morreram (Ts 4, 15).
“O
noivo está chegando. Ide ao seu encontro!” (Mt 25, 6).
MEDITAR
Senhor, dá-nos viver nossa vida, não como um jogo de xadrez; onde tudo é calculado; não como uma competição onde tudo é difícil; não como um teorema que nos quebra a cabeça, mas como uma festa sem fim onde nosso encontro se renova, como um baile, uma dança, entre os braços da tua graça, na música universal do teu amor. Senhor, vem tirar-nos para a dança.
(Madeleine
Delbrêl)
ORAR
O Evangelho nos desafia a olharmos além da ponta de nossos narizes. Nós somos
chamados ao serviço, a darmos o sustento espiritual e a solidariedade justa na
hora certa em que formos chamados a fazer isto. Muitas vezes nos acomodamos num
bem-estar e esquecemos da nossa vocação. Contentes e preguiçosos, aguardamos
tranquilos a vinda do reino de Deus acreditando que é o próximo que deve vir para
nos ajudar e não o contrário. Perdemos a sensibilidade e a compaixão, voltamos
a ter um coração de pedra e não mais de carne. Os cristãos – como as jovens
previdentes que saíram ao encontro do noivo – devem dar este mesmo testemunho
de vigilância permanente. Somos chamados a interceder pelos que, neste mundo
consumista, não encontram um tempo mínimo para a oração; um minuto sequer para
se colocar diante de Deus e pronunciar “seja feita a vossa vontade”. O
Ressuscitado nos faz, novamente, acreditar que a “porta fechada” do Paraíso não
é nunca um castigo, mas a expressão do nosso descuido de viver a vida em
plenitude com Deus. A perda do Paraíso é somente um exílio que nos impomos a
nós mesmos. Vigiar e estar atento, pois a qualquer momento pode ser a hora e o
dia, é aprender a tornar sereno o nosso espírito pela prática do amor fraterno
e a cicatrizar na nossa alma a amargura de ser só, numa solidão de amor que nos
faz experimentar um gosto de morte. Vigiar e estar atento, virtudes
imprescindíveis para os seguidores do Cristo, é não deixar escapar a vida e nem
as surpresas da intemporalidade e do infinito das nossas relações com Deus. O
modelo de vida perfeito que o Evangelho de hoje nos propõe é a kenosis: o dom amoroso de si. Nossa
individualidade, diante da imensidão de Deus, é um grão de trigo que deve
cessar de querer existir por si mesmo, deve esgotar a existência da vida não
pelo desejo de ser autônomo, mas pelo dom amoroso de si. Cada um de nós, em
comunidade fraterna, deve exercitar esta existência amorosa kenótica que se despoja de si mesma,
assim como Deus é uma pericorese kenótica de três pessoas que se dão umas às
outras, despojando-se do que são. Devemos compreender esta realidade esponsal
da vida religiosa e comunitária em que a união numa só carne significa que o
outro é a nossa carne e que não podemos cessar de ser-para este outro.
(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe.
Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Os Três
Dançarinos,
2015, coreografia de Didy Veldmann (1967-), Rambert Dance Company, foto de
Stephen Wright (1960-), Wallingford, Inglaterra.
É preciso estar atento e forte, não podemos temer senão a morte em vida!
ResponderExcluirMeus cumprimentos e gratidão
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