sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O Caminho da Beleza 51 - XXXII Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XXXII Domingo do Tempo Comum

Sb 6, 12-16              Ts 4, 13-18              Mt 25, 1-13

 

ESCUTAR

A Sabedoria... é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram (Sb 6, 12).

Nós que fomos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram (Ts 4, 15).

“O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!” (Mt 25, 6).

 

MEDITAR

Senhor, dá-nos viver nossa vida, não como um jogo de xadrez; onde tudo é calculado; não como uma competição onde tudo é difícil; não como um teorema que nos quebra a cabeça, mas como uma festa sem fim onde nosso encontro se renova, como um baile, uma dança, entre os braços da tua graça, na música universal do teu amor. Senhor, vem tirar-nos para a dança.

(Madeleine Delbrêl)

 

ORAR

O Evangelho nos desafia a olharmos além da ponta de nossos narizes. Nós somos chamados ao serviço, a darmos o sustento espiritual e a solidariedade justa na hora certa em que formos chamados a fazer isto. Muitas vezes nos acomodamos num bem-estar e esquecemos da nossa vocação. Contentes e preguiçosos, aguardamos tranquilos a vinda do reino de Deus acreditando que é o próximo que deve vir para nos ajudar e não o contrário. Perdemos a sensibilidade e a compaixão, voltamos a ter um coração de pedra e não mais de carne. Os cristãos – como as jovens previdentes que saíram ao encontro do noivo – devem dar este mesmo testemunho de vigilância permanente. Somos chamados a interceder pelos que, neste mundo consumista, não encontram um tempo mínimo para a oração; um minuto sequer para se colocar diante de Deus e pronunciar “seja feita a vossa vontade”. O Ressuscitado nos faz, novamente, acreditar que a “porta fechada” do Paraíso não é nunca um castigo, mas a expressão do nosso descuido de viver a vida em plenitude com Deus. A perda do Paraíso é somente um exílio que nos impomos a nós mesmos. Vigiar e estar atento, pois a qualquer momento pode ser a hora e o dia, é aprender a tornar sereno o nosso espírito pela prática do amor fraterno e a cicatrizar na nossa alma a amargura de ser só, numa solidão de amor que nos faz experimentar um gosto de morte. Vigiar e estar atento, virtudes imprescindíveis para os seguidores do Cristo, é não deixar escapar a vida e nem as surpresas da intemporalidade e do infinito das nossas relações com Deus. O modelo de vida perfeito que o Evangelho de hoje nos propõe é a kenosis: o dom amoroso de si. Nossa individualidade, diante da imensidão de Deus, é um grão de trigo que deve cessar de querer existir por si mesmo, deve esgotar a existência da vida não pelo desejo de ser autônomo, mas pelo dom amoroso de si. Cada um de nós, em comunidade fraterna, deve exercitar esta existência amorosa kenótica que se despoja de si mesma, assim como Deus é uma pericorese kenótica de três pessoas que se dão umas às outras, despojando-se do que são. Devemos compreender esta realidade esponsal da vida religiosa e comunitária em que a união numa só carne significa que o outro é a nossa carne e que não podemos cessar de ser-para este outro.

(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Os Três Dançarinos, 2015, coreografia de Didy Veldmann (1967-), Rambert Dance Company, foto de Stephen Wright (1960-), Wallingford, Inglaterra.




 

 

 

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