quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O Caminho da Beleza 40 - XXI Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XXI Domingo do Tempo Comum               

Is 22, 19-23            Rm 11, 33-36                     Mt 16, 13-20

 

 ESCUTAR

“Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo” (Is 22, 19).

“Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos!” (Rm 1, 33).

“Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Mt 16, 17).

 

MEDITAR

Deus não está lá no alto como um farol celeste. Ele não é um mágico todo-poderoso que, de fora, orienta o destino dos mundos: Deus é interior como o segredo supremo de um amor silencioso e desarmado!

(Maurice Zundel)

Nós oferecemos às pessoas palavras de força espiritual que as elevem, que as valorizem e as acalentem; ou nós oferecemos palavras más que acusam e minam, que denigrem as pessoas? Nós oferecemos a Palavra de Deus, que é criadora? Ou oferecemos a palavra de Satã que é destrutiva e enganadora? [...] Assim, se somos chamados a ser a boca de Jesus hoje, então temos primeiro que falar palavras que acarinhem e reverenciem as pessoas, especialmente as pessoas que são consideradas como lixo por outras e que se sentem desprezadas e no limite, pois são estas que são as amigas de Deus.

(Timothy Radcliffe)

 

ORAR

Temos o costume de questionar Deus como se o seu ofício fosse o de responder as nossas questões pessoais. Todos nos sentimos no direito de submetê-lo a um exame e a obrigá-lo a nos dar explicações convincentes sobre o sofrimento, o mal, as guerras, etc. Pensamos que ter fé é exigir que Deus nos dê conta de si e de suas ações imprevisíveis. Tantas vezes queremos ser conselheiros de Deus e seus consultores. No entanto, o Evangelho revela que é Ele quem nos coloca perguntas que devemos responder pela prática que brota da nossa fé. Da nossa parte, basta a modéstia unida ao sentido da surpresa e da maravilha. Devemos sempre nos deixar surpreender por Deus e quando isso acontece ficamos atordoados, pois Ele nada nos deve uma vez que tudo nos deu por iniciativa própria. Nada diante de Deus é intocável e insubstituível e quem não compreende isto, tornando-se um executor da sua misericórdia, pode ser derrubado do trono mesmo que continue ocupando-o. No evangelho Jesus felicita Simão por sua resposta, mas deixa claro que a sua fala não é dele, mas de uma sugestão providencial vinda do alto. Precisamos estar atentos ao que nos sopra o Espírito para darmos respostas que não sejam arremedos. Pedro é declarado feliz não porque fala, mas porque foi capaz de escutar. Pedro é uma pedra que pode ser cortada e utilizada numa construção e não uma rocha como símbolo de uma solidez absoluta. A rocha é Cristo e Pedro é apenas um cimento brando que deve unificar a construção da comunidade eclesial e não se tornar um centralizador de tudo e de todos. A Igreja de Jesus é uma casa construída sobre uma rocha ainda que apoiada na fragilidade das pedras que são os homens. Foi conferida a Pedro a autoridade de abrir ou fechar a porta, mas antes ele teve que ouvir o juízo severo de Jesus: “Ai de vós, letrados e fariseus hipócritas, que fechais aos homens o reino de Deus! Vós não entrais nem deixais entrar os que o tentam” (Mt 23, 13-14). Pedro e todos nós devemos seguir o exemplo de Jesus que usou as chaves somente para abrir e oferecer a todos a possibilidade de encontrar a porta aberta. 

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas e Pe. Eduardo Spiller, mts)


 CONTEMPLAR

O holofote de Karnak, 2017, Templo de Karnak, Luxor, Egito, Sake Van Pelt (1991-), Holanda.




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