Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XIX Domingo do Tempo Comum
1 Rs 19, 9.11-13 Rm
9, 1-5 Mt 14, 22-33
ESCUTAR
“Ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto,
Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1 Rs 19,
12).
“Não estou mentindo, mas, em Cristo, digo a verdade,
apoiado no testemunho do Espírito Santo e da minha consciência” (Rm 9, 1).
“Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro
caminhando sobre a água. E Jesus respondeu: ‘Vem!’. Mas, quando sentiu o vento
ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’. Jesus logo
estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que
duvidaste?’” (Mt 14, 28.30-31).
MEDITAR
“Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida
cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas
na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez” (Cardeal Joseph
Ratzinger).
“Não é no voo
das ideias, mas unicamente na ação que está a liberdade. Decida-se e saia para
a tempestade de viver” (Dietrich Bonhoeffer).
ORAR
Na vida chega o momento em
que depois de ter ouvido falar tanto sobre Deus nós devemos estar atentos à sua
manifestação. O profeta Elias, fogoso e guerreiro, que degolou 450 profetas dos
ídolos e os exibiu como troféu de guerra (1 Rs 18, 40), deve descobrir e
aprender o verdadeiro rosto de Deus. Elias vê desaparecer, apesar do terremoto,
do vento impetuoso e do fogo, o seu velho e terrível deus. O silêncio lhe
entregará o verdadeiro Deus, porque Deus está no rumor de um silêncio sutil.
Deus é silêncio e presença serena. Jesus traz a paz apesar das tempestades que
devemos enfrentar. Não é sempre fácil acreditar, sobretudo quando somos
sacudidos pelas ondas, pelos ventos contrários, que são os símbolos usados pelo
evangelista para exprimir a insegurança, o medo e a incerteza. Nestas condições,
não é fácil uma adesão a Jesus, pois a sua figura desvanece no meio da crise.
Não será Jesus uma bela ilusão, mas sem consistência alguma na realidade: um
fantasma como O viam seus discípulos no meio do lago? Nestes momentos, podemos
ouvir dentro de nós a voz calada de Jesus: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”.
Pedro, o primeiro Papa, protagoniza um episódio singular. Pretendeu caminhar
sobre as águas e lhe faltou chão debaixo dos pés. Uma experiência vexatória
para um pescador profissional. Pedro falou sob o peso do medo, o peso de si
mesmo, da ambição de querer se sobressair e se distinguir dos outros. Em
qualquer momento podemos afundar quando nos fixamos somente na força do vento e
esquecemos a presença do Cristo que, com a mão estendida, sustenta a nossa fé.
É nas crises que aprendemos, de verdade, a crer em Deus e no Cristo. Jesus
revela que é a oração que nos torna livres do peso dos próprios medos que nos
afogam em nossas preocupações obsessivas conosco mesmo. A oração nos dá a
elasticidade e a espontaneidade dos movimentos, pois nos coloca perto do Pai e
de nossos irmãos e irmãs imersos no Espírito da Liberdade e sustentados pelo
Cristo, Senhor do Universo.
CONTEMPLAR
Andando sobre a água, 2010, Anne Cameron Cutri (1959-), detalhe do
painel 2, óleo sobre tela, Waterford, Pensilvania, Estados Unidos.
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