quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O Caminho da Beleza 38 - XIX Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XIX Domingo do Tempo Comum               

1 Rs 19, 9.11-13                 Rm 9, 1-5                Mt 14, 22-33

 

ESCUTAR

“Ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1 Rs 19, 12).

“Não estou mentindo, mas, em Cristo, digo a verdade, apoiado no testemunho do Espírito Santo e da minha consciência” (Rm 9, 1).

“Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro caminhando sobre a água. E Jesus respondeu: ‘Vem!’. Mas, quando sentiu o vento ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’. Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?’” (Mt 14, 28.30-31).

 

MEDITAR

“Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez” (Cardeal Joseph Ratzinger).

 “Não é no voo das ideias, mas unicamente na ação que está a liberdade. Decida-se e saia para a tempestade de viver” (Dietrich Bonhoeffer).

 

ORAR

Na vida chega o momento em que depois de ter ouvido falar tanto sobre Deus nós devemos estar atentos à sua manifestação. O profeta Elias, fogoso e guerreiro, que degolou 450 profetas dos ídolos e os exibiu como troféu de guerra (1 Rs 18, 40), deve descobrir e aprender o verdadeiro rosto de Deus. Elias vê desaparecer, apesar do terremoto, do vento impetuoso e do fogo, o seu velho e terrível deus. O silêncio lhe entregará o verdadeiro Deus, porque Deus está no rumor de um silêncio sutil. Deus é silêncio e presença serena. Jesus traz a paz apesar das tempestades que devemos enfrentar. Não é sempre fácil acreditar, sobretudo quando somos sacudidos pelas ondas, pelos ventos contrários, que são os símbolos usados pelo evangelista para exprimir a insegurança, o medo e a incerteza. Nestas condições, não é fácil uma adesão a Jesus, pois a sua figura desvanece no meio da crise. Não será Jesus uma bela ilusão, mas sem consistência alguma na realidade: um fantasma como O viam seus discípulos no meio do lago? Nestes momentos, podemos ouvir dentro de nós a voz calada de Jesus: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”. Pedro, o primeiro Papa, protagoniza um episódio singular. Pretendeu caminhar sobre as águas e lhe faltou chão debaixo dos pés. Uma experiência vexatória para um pescador profissional. Pedro falou sob o peso do medo, o peso de si mesmo, da ambição de querer se sobressair e se distinguir dos outros. Em qualquer momento podemos afundar quando nos fixamos somente na força do vento e esquecemos a presença do Cristo que, com a mão estendida, sustenta a nossa fé. É nas crises que aprendemos, de verdade, a crer em Deus e no Cristo. Jesus revela que é a oração que nos torna livres do peso dos próprios medos que nos afogam em nossas preocupações obsessivas conosco mesmo. A oração nos dá a elasticidade e a espontaneidade dos movimentos, pois nos coloca perto do Pai e de nossos irmãos e irmãs imersos no Espírito da Liberdade e sustentados pelo Cristo, Senhor do Universo.

 

CONTEMPLAR

Andando sobre a água, 2010, Anne Cameron Cutri (1959-), detalhe do painel 2, óleo sobre tela, Waterford, Pensilvania, Estados Unidos.




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